7 - AMANTES FLAGRADOS

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A campainha do apartamento tocou logo cedo na terça-feira pela manhã. Arius ficou surpreso, afinal o interfone da portaria não anunciou nenhuma visita. Seria um de seus vizinhos? Mas por quê? Ele sequer tinha contato com os mesmos. Em todo caso, estava de saída para o trabalho. Pegou sua mochila, dobrou os punhos da camisa de mangas compridas, transformando-a em três quarto, e abriu a porta sem questionar quem estava do outro lado. O gato-selvagem arqueou uma sobrancelha ao se deparar com um rosto conhecido.

— Bom dia, policial Arius Bentley. – o coiote, que era mais alto que ele, lhe analisou de cima a baixo como se não tivesse sido dominado há alguns dias. Seu sorriso era malicioso e seus olhos castanhos esverdeados brilhavam. Arius reparou que ele segurava um envelope.

— Bom dia. – respondeu sem saber exatamente o que dizer – Posso lhe ajudar?

— É descortês não convidar uma visita para entrar.

— Não me lembro de ter lhe convidado até aqui.

— Pensei que tivéssemos deixado essa hostilidade de lado.

O gato-selvagem sentia-se desconfiado em relação àquele sujeito, ainda mais após descobrir que ele era irmão de um mafioso. O coiote com certeza era traiçoeiro.

— Arius, eu não vim até aqui como um inimigo. Pelo menos não dessa vez.

— Isso me soou como uma ameaça. Está me ameaçando? – Arius arqueou uma sobrancelha.

— Dê uma boa olhada nessas fotos. – ele entregou o envelope a Arius.

As fotos revelavam Arius e Calvin conversando no estacionamento do bar gay na noite em que transaram. Apesar de distantes fisicamente na ocasião, em um dos registros o coiote estava com a mão no peito do gato-selvagem. Arius recordou que nesse momento Calvin indagava se ele tinha certeza sobre irem a um motel. As fotos seguintes revelavam os carros de ambos entrando no motel. E na manhã seguinte, saindo do motel. Eles foram espionados secretamente? O que aquilo significava? Alguém suspeitava da relação entre ambos e conseguiu comprovar que estava acontecendo algo? Arius rasgou as fotos por impulso.

— Pode rasgar à vontade. Tenho diversas cópias delas.

— Você está por trás disso? Como? Ou melhor, o que você quer?

— Não interessa como tive acesso a essas fotos. O que importa é que você é um perito forense na Agência Federal de Investigação de Caffidea. O que seu superior vai pensar ao ver essas imagens? Você tem titulação de policial e o outro homem é investigado em um caso de homicídio. Hoje irei comparecer no seu departamento para um novo interrogatório, provavelmente para falar sobre a minha relação com o grupo Felnor. Bom, ainda não sei. O que eu quero é que você descubra o que eles sabem e me conte tudo. Se não fizer isso, essas fotos serão entregues a Richard Cercion.

— Ora, ora, Calvin Ferrer. Então você é mesmo o criminoso que suspeitam.

— O que quer dizer com isso? E o quanto suspeitam sobre mim?

— Sabia que vir até o meu apartamento e me ameaçar dessa forma, com essas fotos, só prova que você está escondendo alguma coisa? Não sou investigador, mas eu quero descobrir a verdade tanto quanto eles. Você trabalha para a máfia? É um mafioso?

— Quanta petulância! Você vai ser meu espião e me reportar tudo.

— Entregue as fotos ao Richard. Trepar com você não teve nenhum significado. No entanto, vir até a minha porta para me chantagear por causa disso, com certeza tem significado. Isso vai interessar muito mais ao meu superior e aos detetives.

Os olhos do coiote brilharam com ódio.

— Você não tem ideia de com quem está se metendo.

— Digo o mesmo sobre você.

Amante Animal [ROMANCE GAY]Onde histórias criam vida. Descubra agora