O gato-doméstico Felix Peterson caminhava em uma rua movimentada, acompanhado do seu mais novo interesse, outro gato-doméstico que atendia pelo nome de Mikhail Accioli. O dono de olhos amarelos intensos ria de algum comentário que sua companhia fez quando certo cachorro o viu. O latido de Nicholas Onassis foi tão alto que antes mesmo de chegar até eles, ambos os gatos já estavam com os cabelos em pé.
— Aquele cachorro horroroso está latindo para nós? – indagou Mikhail.
— Ah, que droga. – Felix suspirou – Vamos apressar o passo.
— Não tão rápido, Felix! – o cachorro já estava agarrando o braço do gato.
A diferença de altura entre eles era tão grande que Felix se sentia mais como um rato encurralado em vez de um gato.
— Você não! Solte-me, pulguento obsessivo! – miou.
— Você disse que ia me ligar. – choramingou sem soltar o outro.
— Se eu não liguei foi porque eu não quis. Você precisa aceitar que não tenho interesse. – finalmente conseguiu se soltar.
— Mas você me roubou um beijo! Na boca!
Ah, que porcaria, pensou Felix. Aquilo. Bom, o que aconteceu foi que depois que Arius deixou o seu amigo a sós com o cão enquanto ia beber no balcão do bar, Felix decidiu provocar o canídeo por birra. Eles estavam sentados muito próximos, o cachorro tinha um cheiro bom e seus olhos azuis brilhavam de um jeito sedutor. Felix o beijou.
— Pare de se comportar como um garotinho. Aquele foi o seu primeiro beijo por algum acaso? – perguntou com deboche.
No entanto, a expressão de Nicholas o fez se arrepender de ter brincando com aquilo. Teria sido ele o seu primeiro beijo? Felix até mesmo colocou a língua dentro da boca do garoto, como se fosse um amante apaixonado! Não podia acreditar.
— Felix, você beijou essa criança? – Mikhail estava chocado – Pensei que gostasse de homens mais velhos e independentes como eu.
O gato-doméstico encarou o outro se sentindo vitorioso, pois as palavras de Mikhail tinham lhe soado como uma confissão de ciúme. Então desviou o olhar para o cachorro, prestes a dizer que gostava de homens mais velhos, quando reparou o fardamento de Nicholas. Ele conhecia aquele uniforme. Estudou na mesma escola secundária mais de cinco anos atrás.
— Você é um estudante do ensino médio? – era a vez de Felix estar chocado – Tem quantos anos, garoto? Por favor, não diga que é menos que dezesseis.
— Eu vou completar dezoito daqui a alguns meses.
— Ah, menos mal. – suspirou aliviado. Quer dizer, não tão aliviado assim. Nicholas era mesmo um adolescente! Enquanto isso, Felix já tinha vinte e cinco anos. O beijo que lhe deu foi criminoso. Poderia ser preso por aliciar menores, pedofilia, abuso sexual! – Como você entrou naquele bar? Usou identidade falsa?
— Sim. – ele assumiu.
— Oh, céus! Além de adolescente, um delinquente. Não sei por que estou espantado, já que você tem essa cara de marginal.
— Felix, saia comigo, por favor. – sorriu empolgado.
O gato-doméstico já conseguia imaginar aquele husky transformado: as orelhas em pé, a língua de fora e o rabo abanando sem parar. Tão fofo. Quer dizer, tão repulsivo! Cães eram grudentos e medonhos.
— Já estou em um encontro, garoto. – ele gesticulou para Mikhail, que exibiu um sorriso convencido – É melhor desistir de mim e procurar alguém da sua idade. Eu realmente prefiro homens mais velhos. Estudantes inexperientes só dão dor de cabeça.
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Amante Animal [ROMANCE GAY]
Romance"Amante Animal" reúne quatro romances sobre homens que são diferentes entre si, mas igualmente intensos em suas paixões. Os personagens se conhecem e se relacionam sob o céu de Caffidea, um centro urbano populoso e com preconceitos semelhantes a nos...