Cap. 06

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*Aviso de gatilho: relacionamento abusivo, se isso lhe traz desconforto, por favor, pular esse cap.*

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Helena tremeu em seu quarto, enquanto olhava para aquela coruja mais uma vez.

- Não é possível. - Ela diz baixo, para si mesma.

A coruja negra, abriu as asas, como em um aviso, em cima da escrivaninha do quarto de Helena. Pérola estava escondida sob os lençóis da cama, assim que a coruja entrou pela janela.

Alguém bateu na porta, mas Helena não se mexeu, as pernas dela estavam estática, sem forças. Pérola saiu do meio dos lençóis e pulou alto, em uma cadeira perto da porta e pulou outra vez para alcançar a maçaneta, ela girou o corpinho pra frente e a porta se abriu.

Carlinhos ia falar algo, quando viu que era a Pérola que abriu a porta e Helena estava de costas, encarando uma grande coruja negra.
Carlinhos pegou Pérola que estava pendurada e arrumou ela em seu ombro.

- Helena? - Carlinhos chama.

A coruja olhou para Carlinhos e depois para Helena, e ela podia jurar, que se fosse possível, aquela coruja bem ali, tinha sorrido para ela.
A Coruja que segurava um envelope o soltou, e saiu voando pela janela.

Helena continuou ali, sem conseguir se mexer, ela reconheceria aquela coruja em qualquer lugar.

- Helena? - Carlinhos chama de novo e anda rápido até chegar em sua frente.

Doeu em sua alma, quando ele olhou para ela, ela parecia um fantasma, pálida e os olhos fixo para onde a coruja estava.

O estômago de Helena estava revirado, a vontade de chorar veio, mas Helena segurou.
Ela passou por Carlinhos e chegou perto da escrivaninha e olhou para o envelope, era uma carta, e aquele carimbo de cera ela reconheceria em qualquer lugar, era dele, era o carimbo da família Dele.

Helena pegou a carta e o abriu, o coração começou a disparar com a primeira linha, reconhecendo sua letra.

"Doce Helena, quanto tempo faz que não o vejo, morro de saudade todos os dias meu amor.
Depois de muito tempo, finalmente lhe achei, e agora que todo o plano já está quase certo, está na hora de lhe buscar.

Com amor,
Matthew Riddle."

Carlinhos leu por cima do ombro de Helena, e quando terminou de ler, sem entender o que aquilo significava, ele olhou para ela.

Helena não era forte o suficiente para segurar o choro que veio depois da carta.
O desespero bateu forte, o ar sumiu do seu pulmão e ela levou as mãos para o peito, que batia tão forte, que Helena suspeitava que todos na escola podia ouvir.
Ela foi ao chão, a carta em mãos e as lágrimas que desciam sem parar.

- Ele me achou.. - Helena fala num sussurro.

Carlinhos foi ao chão ao lado dela, preocupado e sem entender o que estava acontecendo, quando a memória da conversa da Iara lhe invadiu, ele sabia de quem era a carta, somente uma pessoa poderia causar tão mal a Helena.

Pérola pulou para o colo de Helena, as pequenas mãozinhas esticadas para tocar Helena.

Helena olhou para Pérola, que sempre esteve ali para ela.

Ela se levantou, e começou a andar pelo quarto, colocando um baú grande em cima da cama.

- O que está fazendo? - Carlinhos perguntou.

Helena o olhou, sorrindo para ele.

- Tenho que ir, - Helena responde. - Foi um prazer lhe conhecer Senhor Weasley, creio que terá que dar suas aulas sem suporte.

Helena apontou a varinha para seu armário, suas roupas flutuaram, para dentro do baú.

Demorou dois segundos para Carlinhos finalmente assimilar o que ouviu.

- De jeito nenhum. - Carlinhos diz, se aproximando e tirando as roupas dela de dentro do baú.

- O que está fazendo? - foi a vez de Helena perguntar.

- Você não vai a lugar nenhum. - Carlinhos fala firme.

- Você não entende. - Helena fala para ele. - Preciso ir.

- Ótimo, então, eu vou junto. - Carlinhos fala, cruzando os braços.

- Por que está agindo feito criança? - Helena pergunta.

- Helena, você não vai ficar sozinha. - Carlinhos diz decidido. - Será que pode me explicar o que está acontecendo?

Helena suspirou, olhando para os olhos de Carlinhos, sabendo que não adiantaria discutir com ele.

- Muitos anos atrás, - Helena começa. - Eu me apaixonei por um homem, - Helena fechou os olhos, lembrando. - Eu não sabia sobre a família dele, nem mesmo perguntei seu sobrenome, pois só de ouvir sua voz, eu ja me sentia feliz. Vivemos felizes nos primeiros anos, era um conto de fadas para mim, ele era atencioso, cuidadoso, um cavalheiro, e eu o amava com todo o meu coração. - Helena abriu os olhos e olhou para Carlinhos. - Um dia, chegou umas pessoas em minha casa, onde ele estava, os reconheci na mesma hora, os estúpidos dos Malfoy, eles o cumprimentou de uma maneira estranha, e então, quando o patriarca da família puxou a manga da sua blusa e mostrou o símbolo, o homem que eu amava sorriu e fez o mesmo, apontou sua varinha para o braço e então, apareceu. - Helena falava baixo, quase num sussurro. - Aquela marca horrível dos ajudantes do você-sabe-quem. Foi horrível pra mim, e quando os Malfoy foram embora e eu o confrontei, ele somente sorriu, e disse, "O que acha que aconteceria, se você namora um Riddle?". - Helena desviou o olhar e fitou Pérola. - Foi ai que tudo começou a dar realmente errado. Ele passou a gritar comigo, a me xingar, o que era terrível, os insultos, as palavras horríveis que ele usava comigo, me machucava indiretamente e depois, me fazia pensar que aquilo era minha culpa. Por muito tempo, eu achei que ele poderia mudar, achei que o meu amor por ele, poderia o fazer ser outra pessoa. Eu tentei de tudo para que ele entendesse, mas nada vinha dele. Quando eu dei por mim, eu estava tão emocionalmente ligada, que não conseguia fugir, que não conseguia lhe dizer um "não".

- Mas você conseguiu. - Carlinhos diz para ela.

- Mas me perdi muito antes disso. - Helena o responde. - Eu não sabia mais o que eu era, não sabia mais da minha própria essência, ele sabia que eu ficaria ali, por ele, e me usou sabendo que eu sempre, sempre estaria ao seu lado.

———————

Muito longe dali, Matthew estava na janela do grande salão na mansão dos Malfoy, quando sua coruja aparece.

- Ocorreu tudo bem? - Ele pergunta para ela.

Foi então que a coruja, chegou perto de Matthew.

Draco estava ali, observando tudo, quando finalmente Matthew jogou o copo que segurava na parede, e os olhou, estava irritado ao ponto de fazer Draco estremecer.

- O que foi? - Bellatrix pergunta.

- Apenas uma traidora. - Matthew responde, sabendo sobre como Carlinhos estava no mesmo quarto que sua doce Helena. - Mas eu mesmo cuidarei disso.

A MagizoologistaOnde histórias criam vida. Descubra agora