Capítulo 17

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IZUNA 

Cubro a boca com a mão quando bocejo pela quarta vez desde que me levantei, estou sentado na cozinha, tomando meu café da manhã, uma caneca de leite quente e pão fresco com manteiga e geleia, e vendo mamãe e os meninos tingirem algumas fitas brancas de rosa com a água do cozimento das beterrabas, o que sai muito mais barato do que comprar novas fitas rosas.

Não costumo comer na cozinha, muito menos tomar meu desjejum às oito horas da manhã, já que aqui em casa todos temos o hábito de acordar cedo e o café da manhã é servido às seis e meia todos os dias. Além disso, costumo caminhar pelo bosque nas primeiras horas do dia, quando posso ver o mundo despertando ao meu redor, com os raios do sol penetrando as copas das árvores e os pequenos roedores caçando alimento; e ali, com toda aquela tranquilidade e silêncio, parece só existe eu lá fora, a contemplar toda aquela maravilha.

Sempre volto mais leve destes passeios, como se tirasse um peso dos meus ombros que nem sabia que carregava, acho que as caminhadas são para mim o que o piano é para Indra-san, é terapêutico. Mas, infelizmente, hoje perdi a hora e todos os meus planos foram arruinados, tudo isso porque passei a noite rolando na cama preocupado com nii-chan, mas em algum momento o cansaço falou mais alto e eu caí num sono profundo, do qual só despertei horas mais tarde com Indra me chacoalhando pelos ombros ao perguntar se eu não iria acordar hoje.

E falando do Madara-kun, ainda não recebemos notícias dele, nenhuma carta dizendo se ele tinha chegado em segurança, nem um mísero bilhete foi nos enviado, nada! Sei disso porque foi a primeira coisa que perguntei a mamãe quando desci, a negativa para minha pergunta não parece inspirar grandes preocupações nos demais, que estão certos que eles ainda estão dormindo, mas eu estou aqui, aparentando uma falsa calma enquanto passo geleia no meu pão e penso se não é demasiado cedo para ir até a casa dos Uzumaki e confirmar se Madara realmente se encontra bem.

Meus planos mirabolantes são interrompidos pela chegada da governanta, que traz consigo uma carta do nii-chan endereçada à mim, quebro o selo dos Uzumaki com impaciência e me ponho a ler em voz alta:

 Meu querido irmão Izuna 

Estou escrevendo essa carta para avisá-los que não retornarei para casa hoje e que, infelizmente, não tenho uma data certa para retornar, pois peguei um resfriado pela chuva de ontem e meus queridos amigos não querem ouvir sobre a minha partida enquanto eu não estiver melhor.

Mas não se preocupe, só estou com um pouco de dor de cabeça e com o nariz escorrendo, o senhor Wilson já foi chamado para me atender então não se surpreendam se ouvirem algo sobre isto.

Só peço que mandem algumas peças de roupa por um criado, porque não posso aproveitar mais da boa vontade da senhorita Uzumaki ao me emprestar suas roupas.

Do seu irmão que te ama demais,

Madara Uchiha

Termino de ler completamente desacreditado com o conteúdo da carta, meu irmão, a pessoa que esteve ao meu lado desde que eu me entendo por gente, estava doente, longe de casa e eu só fui informado disso agora?

-Bem, se Madara terminar jogado numa cama terrivelmente doente ou, que Deus o livre, morto, vai ser um grande consolo saber que tudo isso foi em prol de conquistar o senhor Uzumaki, nessa louca perseguição que você, minha querida, o lançou - papai disse atrás de mim, assustando-me, porque eu estava de costas para entrada da cozinha, onde ele está apoiado, e não consegui sentir ele se aproximando por se tratar de um beta. Fator que sempre lhe deu uma vantagem considerável no pique-esconde, pois não tínhamos como saber de onde ele estava vindo ou onde estava escondido, nem preciso dizer que esse era o jogo favorito dele, certo?  

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