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Cerca de uma semana depois, o sol brilhava tanto que eu e Helena, com saudade dos passeios frequentes pela cidade, decidimos passar a manhã explorando o Rio de Janeiro. Por insistência de Helena, começamos pelo distrito de compras

– não preciso de mais vestidos – declarei enquanto descíamos a rua, com as aias seguindo a uma distância respeitosa

– Nem eu, mas é sempre divertido ver as modas. Além disso, talvez a gente encontre uma besteirinha qualquer para comprar com a nossa mesada. Quando menos esperarmos, já será o seu
aniversário. Acho que você deveria comprar um agrado para si mesma.

– Talvez

Eu tinha atualizado Helena de tudo que tinha acontecido no castelo, ela dava pulinhos de felicidade por saber que haverá mais gente atrás de mim, principalmente a Billie

– mal posso esperar para o casamento de vocês duas – Helena disse toda feliz

– Helena, ela só está me cortejando, nada demais – sorri. Obviamente não contei sobre o sexo oral, nem sobre o beijo, nem como foi maravilhoso – provavelmente eu ainda vá casar com príncipe Domus

– o que? – ela disse assustada – não mesmo, Catarina, tem uma duquesa gostosa, rica e fofoqueira atrás de você, babando por você. Você vai se casar com o engomadinho?

– você também não – pendi a cabeça para trás

– o que foi?

– todos resolveram se virar contra mim e começar a chamar o príncipe de engomadinho

– amiga, ele é um bom partido, mas ao mesmo tempo não – ela agarrou meu braço – haja santa paciência, você tem uma duquesa aos seus pés, o príncipe que se ferre

Passeamos por lojas de vestido, joalherias, chapeleiros e confeitarias, até que encontrei algo que não sabia que estava procurando

– Helena, olha só! – exclamei agitada – Não é magnífico?

– O que é magnífico? – perguntou Helena, olhando para a elegante vitrine da livraria

– Aquilo!

Apontei para a edição de luxo de A morte de Arthur, de sir Thomas Malory. Era
um lindo exemplar e eu só queria me debruçar sobre a vitrine, atravessar o vidro e cheirar as páginas

Pela primeira vez na vida, vi algo que tinha que possuir. Soltei um suspiro, longo e profundo

– Acho que finalmente entendo como você se sente em relação às jóias

– as joias? – repetiu Helena pegando no colar de diamantes – joias?

Nem tentei me dar ao trabalho de explicar. Estava ocupada tentando ver as laterais do livro e as gravações na lombar

- Catarina, já lemos esse livro – Helena disse balançando os braços – Há alguns anos, eu acho... quando seu pai contratou a senhorita Lauren como tutora de verão. Ela achou uma afronta à corte austríaca não ter mandado você ler antes.

– Não é esse o ponto – falei encarando a vitrine – Não é a coisa mais linda que você já viu?

Olivia olhou para a amiga com uma expressão incrédula

– Hã… as jóias que eu estou usando são mais bonitas

Balancei a cabeça de leve

– Acho que a arte é assim. Algo que leva uma pessoa ao delírio pode significar
absolutamente nada para outra pessoa

– por favor Catarina, é só um livro

– não é só um livro – afirmei – é uma obra-prima

– Parece meio gasto – Helena franziu o cenho

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