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ALERTA: ESSE CAPÍTULO PODE CONTER GATILHOS

───※ ·CATARINA· ※───

Aquilo estava errado, tudo aquilo, a carta... Eu fui obrigada a enviar aquela coisa e agora estou aqui me lamentando, trancada nesse quarto pela pessoa mais filha da puta que eu já conheci. 

Me sento na cama encarando a janela, uma tristeza começa a crescer em mim, ponho a mão no peito para tentar apaziguar a dor, mas não consigo e abaixo a cabeça me pondo a chorar. As lágrimas quentes caem sobre minha bochecha e desabam em meu vestido de dormir, algo morre dentro de mim e não foi só por causa das chicotadas que recebi e nem das feridas abertas nas minhas costas, mas sim por ter que deixar minha tão sonhada vida para trás

Tento segurar o choro e coloco meus pés no chão frio, um arrepio gélido percorre minha espinha e eu caminho até a grande janela trancada, o tempo nublado tinha um filtro frio e triste, a neblina, por conta da altitude, cobria boa parte da paisagem, alguém bate á porta e eu não respondo, não consigo abrir a boca para nada, alguém entra e deixa sobre uma escrivaninha perto de mim uma bandeja com suco e algumas comidas, olho para aquele prato e volto minha visão para a paisagem 

- senhora - disse uma moça - trouxe seu desjejum

- não estou com fome - digo baixo

- mas a senhora precisa comer - ela insistiu

Eu olhei para o prato novamente e peguei o copo de suco, olho por um momento aquele suco em minha mão, não sinto vontade de tomá-lo, mas faço um esforço e começo a engolir tudo de vez, sem experimentar, assim que acabo o coloco o copo de volta na bandeja

- pronto - falei seca

- por favor - ela puxou um banquinho - se sente para que eu possa cuidar de suas feridas

Dou um suspiro cansado e me sento do banquinho de veludo vermelho, a curandeira abre os botões da minha camisola e começa a limpar tirando as ervas antigas e colocando um novo mix, as ervas novas ardiam muito mais em contato com a ferida do que as antigas

- já está bem melhor - ela falou feliz - irá demorar apenas duas semanas para se curar

Fico encarando a vista enquanto ela faz todo o trabalho e começo a pensar em Billie, ela deve achar que eu sou uma tremenda filha da puta, a larguei sozinha em casa e fugi com quem ela acha que eu amo

- por que você está aqui? - pergunto sem tirar os olhos da janela - ao menos sabe quem eu sou?

- sei quem você é minha senhora - ela começa a fechar meu vestido - quanto ao resto, eu não quero saber, só estou aqui porque o príncipe me assegurou muito dinheiro para minha família

- entendi

Alguém bate na porta e logo ouço a voz do príncipe, ele entra no quarto sem se preocupar e todo animado 

- minha princesa - ele chega perto de mim - hoje faremos nossa próxima aparição pública desde que o jornal publicou nosso noivado

- como assim? - me levanto e o encaro confusa - o que você fez?

- o que eu fiz? Não, o que você fez - ele ri - você deixou sua noiva plantada no altar e veio correndo para os meus braços

- foi?

Começo a encarar o chão, sinto que quero chorar novamente mas não o faço, coloco meu robe com a ajuda de Agatha e me sento na beirada da cama, o príncipe começa a falar e falar sem parar mas eu não escuto muito, fico aérea. Me deito na cama e me viro para o lado oposto ao dele, encaro a parede e começo a chorar, não sei se ele saiu, mas não escuto mais nada, nem uma voz longe

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