Kana acordou naquela manhã lembrando da sua infância, quando viajava junto com seus pais por diversos sistemas solares da periferia da galáxia, ela se levantou acabrunhada de sua cama, eram cinco da manhã e não podia falar que o sol ainda não havia surgido, porque estava na estação orbital que, igual a um anel, circundava o planeta Ômega, nos confins do espaço conhecido, e o sol era quase sempre bem visível, a não ser quando o próprio planeta o eclipsava durante algumas horas da rotação da gigantesca estação.
X-42 estava apenas esperando ela se mover, para também se levantar da escrivaninha e flutuar ao seu redor, o robô era uma simples esfera de 20 cm de diâmetro, mas era sua companhia constante em todos os momentos:
- Bom dia! Mestra Kana! Começou ele.
- Ah! Bom dia X, deixa eu acordar direito primeiro... disse ela ainda vendo bolinhas em sua visão ainda turva, ela deu duas piscadas fortes com o olho direito, o que foi suficiente para a luz ambiente acender; ela ainda estava de camisola, e vestindo seu curto shorts verde, e foi em direção ao banheiro anexo ao quarto para lavar o rosto.
- Mestra! Disse a roboesfera atrás de sua dona – hoje você precisa recrutar os novos integrantes da STARLIGHT 2! Estava analisado a lista de candidatos.
- Fique quieto, sua matraca! Disse ela desviando dele e retornando ao quarto, retirando sua camisola e jogando na matraqueira voz flutuante, que ficou por um tempo às escuras tentando se desvencilhar do objeto.
- Mestra... não faça isso... disse ele conseguindo se libertar de sua prisão.
Kana já havia pego seu cubo holográfico, uma tecnológica multi-uso altamente performática, inventada fazia poucas décadas e se espalhava pela Galáxia como última necessidade consumista entre todas as idades e raças.
- Kendra! Ela disse apenas uma palavra. E do Cubo surgiu a imagem holográfica de um jovem, alto e de pele escura, olhos de fundo negros e pupilas vermelhas, com labaredas de fogo azul saindo espontaneamente de sua pele: era seu amigo de infância, que conhecera ao visitar a antiga colônia do planeta gelado chamado Plutão. Ele vai ser o piloto, seus olhos e reflexos são os melhores da Galáxia.
- Mestra, mas ele nem está na lista!
- XX, quantas vezes eu tenho que dizer, o líder de Ômega me deu carta branca para montar minha própria tripulação! Nossa missão de pegar as partes perdidas da sonda extra-galáctica é de vital importância, e eu não vou seguir uma lista baseada apenas em currículo da patrulha estelar, preciso de pessoas que tenham experiência de campo, e que conheçam as áreas mais desconhecidas e misteriosas da periferia galáctica.
X-42 ficou quieto, enquanto Kana Starlight, a jovem tenente de apenas 15 anos se vestia, logo ela saiu de seu quarto, acompanhada pelo seu insistente e irritante roboesfera pessoal, atravessou os diversos corredores do setor aonde era seu dormitório da gigantesca estação orbital. Ali viviam 50 milhões dos 350 milhões de habitantes de Ômega; último reduto da raça humana, colonizado fazia apenas 400 anos, era um planeta estéril, mas o conhecimento científico e as habilidades manuais e comerciais fizeram ele progredir até se tornar uma potencia capitalista e militar da periferia galáctica, aonde as forças imperiais não mais surgiam há séculos.
Kendra! Como ele estaria agora? O que estaria fazendo!? Pensou Kana, enquanto chegava ao hangar, a nave estava a sua espera, pronta, superveloz, e ela a observou, o simbionte que se alimentava das radiações hiperespaciais, em filamentos dentro das paredes, os protegeriam dentro das curvaturas do espaço-tempo. E enquanto ela cumprimentava os seus superiores, que a desejavam boa sorte, ela pode contemplar uma última vez o seu planeta natal.
O planeta de origem da humanidade havia sido destruído, era o que diziam, mas ela faria de tudo para salvar, agora, a Galáxia.
A nave passou pela porta aberta do hangar, se afastando do planeta esverdeado e se preparando para saltar no hiperespaço.
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STAR SAGA
Science FictionKana é a mais jovem patrulheira da galáxia, ela nasceu no planeta Ômega, responsável pela construção das fibras quânticas que mantêm os motores de dobra funcionando, o que permite os saltos no hiperespaço pelos labirínticos buracos de minhoca do Uni...