43.

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MARGOT

— Tem certeza? — perguntou pela terceira vez, hesitei com os olhos fixos na vista da grande janela da sala.

Respirei fundo repensando mais uma vez sobre minha decisão, só de imaginar aquilo um calafrio percorria por meu corpo e retirava todo meu ar. Eu estava em euforia e tensão com aquela idéia, sabia que iria reabrir minha feridas, mas eu precisava enfrentar meus demônios, era o que eu já devia ter feito a bastante tempo.

— Sim. — me virei para encarar a expressão preocupada no rosto do Boss, não havia me olhado de outra forma desde que dei minha sugestão.

— Tudo bem — suspirou. — Mas você não poderá ir sozinha, vou verificar quem eu posso solicitar para ir com voc...

— Camilla e Madelyn. Elas vão comigo. — cortei sua fala antes mesmo de terminar, era nítido que eu já estava decidida, então ele assentiu.

— Ok. Apenas tome cuidado, e não estou falando apenas fisicamente... — me lançou um olhar de conforto, desviei o olhar tentando manter firme minha estabilidade emocional enquanto caminhava em direção a porta.

— Preciso levar uma arma, por precaução. — parei no lugar me virando para ele novamente quando me lembrei.

— Tem minha permissão. — assentiu.

— Obrigada. — quase sussurrei abrindo um pequeno sorriso nem um pouco humorado e finalmente saí da sala.

Levei um susto com o vulto no canto de meus olhos e rapidamente olhei para a ruiva que pareceu rapidamente ajeitar sua postura e encarar uma folha em suas mãos de um modo meio... Suspeito.
Semicerrei os olhos e arquei a sobrancelha, então ela olhou para mim e forçou um leve espasmo fingindo surpresa com a minha presença.
Ela achou mesmo que eu não notaria?

Margot! — abriu um enorme sorriso que pude até sentir minhas bochechas doerem por ela, a voz entusiasmada e irritante quase sangrou meus ouvidos.

— Jane. — retribui o sorriso de uma forma cínica e com um pouquinho de insatisfação no tom. Confesso que as vezes eu não era boa em disfarçar coisas.

— Quanto tempo, não? Fiquei sabendo das novidades, missões... — arqueou a sobrancelha me lançando uma duradoura analisada de cima a baixo ainda com o sorriso nitidamente forçado, mas parecia realmente esforçado para parecer simpática. Bom... Uma tentativa falha.

— Ora, só tem no máximo um mês — Poderia realmente ser mais tempo. — E que bom que se recuperou. — forçei um sorriso olhando para sua perna.

É, e você está... Ótima! — aumentou o sorriso que me fez por um segundo confundi-la com o coringa colocando a mão sobre meu ombro de um jeito amigável. Franzi o cenho em repudia, o que deu nela para resolver bancar a amiga do nada?

— Obrigada. Agora se me der licença... — arqueei a sobrancelha segurando a ponta de seu dedo sobre meu ombro como se estivesse tomando cuidado para não me contaminar com alguma bactéria e o joguei para o lado. — Tenho compromissos. Até mais! — abri um sorrisinho que ela retribuiu da forma mais forçada possível e me virei indo em direção ao elevador no fim do corredor.

Imediatamente retirei o sorriso do rosto.
A cobrinha pensa que me engana com essa síndrome de "sumi e voltei uma nova pessoa".

(...)

Vestida com uma calça jeans branca que marcou bem suas pernas definidas, uma camisa social vermelho tinto com poucos botões abertos e mangas até os cotovelos, colar e brincos simples porém brilhantes, saltos finos e curtos de cor bege em seus pés e um óculos escuros escondendo seus olhos azuis por conta da luz ofuscante do sol de uma hora da tarde, e para completar: um cigarro entre seus dedos de unhas muito bem feitas com um vermelho que era a combinação perfeita para o relógio dourado em seu pulso, ocasionalmente levava o maço até seus lábios pintados por um batom nude e optava por deixar a fumaça consumir seus pulmões lentamente como uma forma de se livrar da ansiedade em seu coração... Certamente uma mulher elegante, uma moça que qualquer um que olhasse sentiria sua confiança e coragem, e até temeria erguer sua cabeça para confronta-la, especialmente pela arma posta no cós de sua calça, e porque não poderia saber que toda aquela elegância que as vezes optava por usar, servia para esconder a insegurança, medo, angústia e todos os sentimentos negativos que a consumiam no momento. Beleza intimidadora era a válvula de escape para manter as aparências de uma mulher forte que não havia nada a temer, mesmo que seu interior estivesse totalmente o oposto.

MISSÃO IMPOSSÍVELOnde histórias criam vida. Descubra agora