Capítulo 9- Maldito Acidente

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"Esse capítulo será narrado pelo Nic"

-Flashback on

Era uma tardezinha de uma quinta. Eu e a minha mãe estávamos discutindo na sala de casa. Motivo? Eu tinha sido pego com drogas na escola e levei uma semana de suspensão. Minha mãe ficou puta da vida quando foi chamada. Ela odeia qualquer coisa que envolva droga ou algo do tipo. Eu até entendo ela, meu tio foi morto por causa de drogas. Estava devendo pra um chefe de um morro. Como não pode pagar a dívida com dinheiro, pagou com a própria vida. Aquela tinha sido a segunda vez que tinha usado droga mas eu ia parar. Minha irmã só assistia a cena sentada no sofá. Enquanto isso a Rosa, a governanta da casa tentava acalmar minha mãe

- Você sabe muito bem o que aconteceu com seu tio por causa dessa porcaria. Quer terminar como ele? Ou preso? - Falou com raiva e com os olhos marejados

- Mãe eu já disse que a droga não era minha. É de um amigo, eu só estava guardando pra ele - Menti para amenizar sua preocupação, mas não adiantou muito

- Eu não quero saber se é sua ou de um amigo seu Nicolás. Você está con ela do mesmo jeito. E você deu muita sorte do diretor da sua escola ser um grande amigo do seu pai, porquê ele poderia ter chamado a polícia - Falou ainda mais nervosa

Nesse momento meu pai abriu a porta da frente, chegando da empresa onde trabalhava e era dono. Meu pai sempre foi meu porto seguro. Ele era mais que um pai, era um amigo. Desde pequeno éramos muito grudados. Quando viu a cena fez uma cara de espanto. Nós não  éramos de brigar, sempre formos muito unidos e meu pai era a parte mais importante da nossa família. Ele mantia todo mundo unido e sempre tinha alguma coisa boa pra dizer, mas no momento em que minha mãe lhe falou o motivo da briga ele não falou nada, ficou um bom tempo calado e sua expressão era indecifrável

- Pai por favor eu....

- Não, não fala nada Nicolás, só....fica quieto e vem comigo - Falou me interrompendo, antes que eu me explicasse

- Pra onde você vai meu amor? - Perguntou minha mãe preocupada

- Tá tudo bem meu amor, eu só vou dar uma volta com ele e conversar tá bom. A gente volta logo - disse acalmando minha mãe e lhe dando um beijo. Foi até a minha irmã e lhe deu um beijo em sua testa

- Eu volto logo tá minha pequena. Cuida da sua mãe enquanto eu e o seu irmão não chegamos - falou pegando em seu rosto

- Tá bom papai

- Eu amo vocês duas tá. Amor prepara aquela comida que eu adoro tá

- Tá bem meu amor, cuidado os dois

Meu pai sorriu e passou pela porta, eu apenas o segui até o carro. Entre do lado do passageiro e logo em seguida ele também entrou. Começou a dirigir sem dizer uma palavra, e assim foi por alguns minutos. Até que ele quebrou o silêncio

- Vai me contar o que aconteu? - perguntou sem tirar os olhos da estrada

- Pai a droga não era minha, eu só....

- Não mente pra mim Nic - falou me interrompendo - Eu sei que você está usando drogas Nicolás. Eu achei maconha na gaveta do seu criado-mudo, e já vi você saindo escondido á noite. Eu não falei nada apenas para não preocupar sua mãe, cê sabe que ela é sensível com esses assuntos - Completou, e eu não falei nada. Só continuei olhando pra frente

- Poxa Nic, você nunca mentiu pra mim, sempre falamos a verdade um pro outro, mas ultimamente você não conversa mais comigo, está distante. Filho me conta o que tá acontecendo

Suspirei fundo antes de falar

- Você quer mesmo saber o que tá acontecendo pai? O senhor se afastou e não eu. Você se afastou de todo mundo em casa. Agora só liga pro seu trabalho, nunca tem tempo pra sua família. Se a gente não conversa mais e estamos afastados, a culpa é sua e não minha - termino de falar e solto o ar que estava segurando, finalmente tendo coragem de falar tudo que eu estava sentindo naquele momento.

- Então é por isso que você está se drogando? Porquê está com raiva de mim? É isso Nicolás? - perguntou e eu não respondi - RESPONDE PORRA

- É SIM - Respondi no mesmo tom de voz que ele

- Porra Nicolás, isso não é papel de um homem. Você já é muito grandinho pra ficar dando showzinho. É assim que você quer comandar a Empresa Bennett?. Você é o meu único filho homem e será o dono da E.B. um dia - Sim meu pai é machista, e mesmo minha irmã sendo a mais velha, ele não quer que ela comande a Empresa da família -

- Lá vem o senhor de novo com essa história de empresa. Eu já disse que não é isso que eu quero pra minha vida pai. Não é o meu sonho pai - Falei com os olhos marejados

- FODA-SE O SEU SONHO. EU NÃO QUERO SABER SE NÃO É O QUE VOCÊ QUER, se acha que era isso que eu queria também? Mas o meu pai, seu avô não me deu escolhas - Falou também com os olhos marejados

- MAS VOCÊ NÃO É ELE PAI - falei

- Talvez eu seja sim como ele Nicolás - falou sorrindo e olhando pra mim

- EU TE ODEIO - soltei e ele olhou pra mim com um olhar reprovador. Foi a única coisa que falei antes do acidente. Eu não lembro muito do que aconteceu, só lembro do meu pai gritando pra que eu pulasse de dentro do carro. Sua expressão era de medo, mas não por ele, era por mim. Não consegui então ele me empurrou pra fora e a última coisa que me lembro e de ver o seu sorriso quando eu cai do carro. E então eu apaguei

Abri os olhos com dificuldade, estava em um quarto de hospital, com a minha mãe e minha irmã chorando ao lado da cama onde eu estava. Tentei falar, mas minha cabeça doía muito, estava enfaixada, assim como minha perna esquerda e meu braço direito. Assim que perceberam que eu havia acordado se levantaram e vieram até mim

- O..o que... tá acontec... - tentei falar com muita dificuldade

- Por favor meu amor não se esforce muito. Tenta se acalmar tá bom, você ainda está muito machucado - falou minha mãe quase chorando, mas com um sorriso no rosto por eu ter acordado

- A quanto tempo....eu estou aqui?

- Há quase uma semanda Nic - falou a minha irmã cabisbaixa

- E o papai? Onde ele está? O acidente. Eu tô me lembrando do acidente mãe. Me diz que o papai tá bem por favor - falei tentando me levantar, assim que lembrei das cenas do acidente, que viam em minha cabeça como pequenos flashes

- Nic... o papai, ele... - A Bia tentava falar, mas não conseguiu terminar e começou a chorar

- Filho.... o seu pai, ele não resistiu. Seu pai morreu Nic - Falou e não conseguiu segurar o choro também.

Ouvir aquelas palavras foram como se varias facas atravessassem meu corpo. Eu não consegui falar nada, apenas não acreditava o que estava acontecendo. E o pior de tudo era que a culpa era minha. A culpa do acidente foi minha, a culpa do meu pai ter morrido nesse maldito acidente foi minha.

A culpa foi toda minha.......

- Flashback off

- desde então eu tenho pesadelos com o dia do acidente. A última coisa que falei pro meu pai foi que eu o odiava. Eu queria tanto dizer pra ele que não é verdade, dizer que eu o amo - Falei limpando a lágrima do rosto.

- Antes de mais nada Nicolás, a culpa não foi sua, tá bom. O seu pai tet morrido não foi culpa sua - Falou a minha psicóloga, sentada em sua cadeira como de costume, escrevendo alguma coisa em seu caderno. Eu estava deitado em uma poltrona em sua sala. Eu venho aqui duas vezes por semana

- Eu queria acreditar que isso é verdade. Queria acreditar que não sou culpado.........








Contínua.........

Meu Hetero Favorito (Romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora