Futuro

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  Kaoru se olhou no espelho mais uma vez, recebendo um comentário da penteadista, que falou, pela quarta vez, para que não se mexesse.
  A mulher logo acabou, tendo deixado seu cabelo preso num coque baixo e solto, com tranças volumosas na lateral presas ao penteado. 
  A mãe de Kaoru se aproximou, colocando um grampo de cerejeira na parte de trás, e disse: — Algo novo…

  Em seguida, ela colocou um colar de corrente dourada e com um pingente azul brilhante, explicando: — Algo velho e algo azul… usei esse colar no dia do meu casamento, e passei ele para sua irmã no dia do casamento dela. Agora, é seu, meu filho.

  Kaoru sentiu as lágrimas invadirem seus olhos, mas fungou, segurando-as e cobriu a mão de sua mãe com a dele.

  — Obrigado, mamãe — disse, com a voz embargada.

  — Para finalizar a tradição — anunciou seu pai, entrando no quarto com um par de sapatos sociais pretos — Algo emprestado. Também usei esse par no dia do meu casamento, cuido deles muito bem desde então, sem nunca ter colocado os pés neles de novo. Agora, estou te emprestando. Mandei polir bem para hoje.

  — Obrigado, pai — Kaoru se levantou, pegando os sapatos muito emocionado. 

  — Agora vamos te deixar sozinho para acabar de se arrumar, querido. 

  — Tudo bem, obrigado por tudo.

  Seus pais saíram da sala, deixando-o sozinho no local bem iluminado pelo sol. 
  Kaoru calçou os sapatos, que ficaram um pouco folgados, mas eram confortáveis e muito bem conservados.  
  Ele foi até o espelho de corpo inteiro, analisando-se. 
  Usava uma camisa branca de renda, com mangas longas estilo bishop e gola alta, junto de uma calça de alfaiataria também branca. 
  Uma batida na porta tirou sua atenção.

  — Entra.

  Miya abriu a porta, entrando no cômodo.

  — Pimpolho… — Kaoru sorriu.

  Miya usava um smoking branco e bermuda de mesma cor, com gravata borboleta e sapatos sociais pretos.

  — Você está muito bem, eu diria — o mais velho comentou.

  — Pai… — Miya murmurou, repentinamente ficando com os olhos marejados. 

  — Filho, oque foi? 

  O garoto correu em direção a Kaoru, abraçando suas pernas com força e enterrando a cabeça ali. 

  — Que foi, filho?! Fala com o papai.

  — Não é nada… — Miya fungou, olhando para o pai — É que você tá muito bonito e eu… não sei, só me deu vontade de chorar.

  — Ah, pimpolho — Kaoru disse, se abaixando para abraçar o filho sem conseguir conter as lágrimas — Tá tudo bem, isso é normal. Você só está emocionado.

  — É… — Miya limpou o próprio rosto e, em seguida, o de Kaoru — Acho que estou, sim.

  Kaoru gargalhou.

  Kaoru gargalhou

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Eu, Você e os Nossos FilhosOnde histórias criam vida. Descubra agora