Eu amo você

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_ Alec não vem para a apresentação? _ perguntei, quando todos já estavam na sala, menos ele, o dono da ideia.

Isabelle se levantou. _ Eu vou fazer a apresentação dele.

Todos se entreolharam, mas eu sou o atrevido, então, perguntei._ Por que?

_ Ele não acordou bem. Está com enxaqueca... Nem saiu da cama _ ela contou e meu coração se apertou. Eu mal prestei atenção na sua preleção, preocupado com ele se sentindo mal.

Para mim, Alec era como um homem de aço, indestrutível. Não conseguia imaginá-lo doente, frágil, mal. Alec era forte e poderoso. Como assim "nem saiu da cama?"

_ Aconteceu mais alguma coisa que você não contou?_ perguntei a Isabelle, mais tarde, quando entrei na sala e me sentei diante dela.

_ Não sei ao certo... Mas Tessa esteve lá em casa ontem a noite... _ confidenciou. _ Foi levar o convite de casamento, pessoalmente... _ revirou os olhos. _ Eles discutiram... Eu só soube que ela estava lá quando o ouvi a expulsando, aos gritos.

Eu fui ao quarto dele depois, mas não abriu a porta e não saiu de lá esta manhã. A única coisa que disse foi "me deixe em paz". Eu ligo e ele não atende, mando mensagem e ele não responde.

Remoí o que Isabelle disse o dia inteiro. Nunca tive tanto ódio de um desconhecido como tenho dessa tal Tessa. Ela roubou o namorado de Alec e o matou, depois voltou para o antigo namorado e vai ser feliz para sempre. Deve ter ido tripudiar sobre o coitado...

Pensei em ir à mansão no final do expediente, mas desisti, porque chamaria a atenção de Isabelle e Alec não ia gostar. O que tínhamos, seja lá o que fosse, não era de domínio público, mas, eu tinha Alec na hora que eu queria... então, não tinha do que reclamar.

Mas agora, eu sentia que ele precisava saber que tudo ia ficar bem, e eu não podia fazer nada...

Já passava das 23h30 quando mandei uma mensagem, rezando que ele respondesse qualquer coisa, nem que fosse um xingamento.

_

"Vem!"

_

Fiquei sentado no sofá, com as pernas encolhidas contra o peito, os olhos grudados na porta e o celular jogado ao meu lado, sem nenhuma resposta.

Meia hora depois da mensagem, a campainha tocou e meu coração disparou. Pulei do sofá e abri a porta.

Foi a primeira vez que vi Alec vestindo algo que não fosse um terno. Ele usava um agasalho de moletom preto, com o capuz cobrindo a cabeça e as mãos escondidas nos bolsos. Seu rosto estava abatido, como se não tivesse dormido, e não havia empáfia em seu olhar, só tristeza. Enlacei seu braço e o puxei para dentro, o levando para o quarto.

Tirei seus tênis e apaguei a luz. Dormimos abraçados.

.

Talvez Tessa tenha razão e eu não seja alguém para se amar, que Will está melhor morto do que comigo, porque eu não o fazia feliz. Talvez eu me sinta triste, porque ela tem razão e eu nunca vou fazer ninguém feliz, porque eu sou a porra de um miserável, um desgraçado, um escroto. Não tem como me amar. As pessoas mal me suportam...

Eu devia superar tudo isso e mandar todos se foderem. Eu sou rico, inteligente, criativo e posso tudo. Eu não preciso de amor, não há espaço para ele dentro de mim. Já há ódio demais aqui.

Eu odeio Tessa, odeio Will, odeio Jem, porque eles me enganaram. Eu me odeio, porque me deixei enganar por eles. Odeio todo mundo.

Fazia quase 24 horas que eu repetia esse mantra na minha cabeça, quando o Bane mandou aquela mensagem. Era só uma palavra. Eu devia responder alguma coisa, para ele não ficar puto como da outra vez.

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