Bônus 2 - Flutuando

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Alec olhava tudo ao redor com desconfiança, o nariz um pouco encolhido, como se sentisse nojo do ambiente. Eu me segurava para não rir dele, porque se o fizesse seria a deixa perfeita para ele dar meia volta e escapar dali.

Ir aquele local não havia sido ideia dele, claro. Mas, como sempre, ele se deixou convencer por mim, que sugeri que fizéssemos uma visita e, quem sabe, encontrássemos o que estávamos procurando.

Os planos começaram alguns anos antes e não foi uma imposição, aconteceu naturalmente.

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_ Vocês também podem ver alguns apartamentos. Tenho um duplex incrível para duas pessoas, com área de jogos, e quatro ambientes que podem receber até 200 pessoas em uma festa _ a corretora falava enquanto eu observava, com atenção, os detalhes da quarta e última mansão

que visitávamos naquele dia.

Alec parecia desinteressado, as mãos nos bolsos, quando ficou parado diante da grande porta de vidro blindado, olhando para a área dos fundos, onde havia o deck com piscina, quadra de tênis, um pomar e um vasto gramado.

_ Não queremos apartamento... Nossos filhos vão crescer trepados? Claro que não. Eles vão correr e rolar na grama... _ falei.

_ Mas isso quem faz não são os cachorros? _ Alec ergueu uma sobrancelha, virando o rosto na minha direção.

Eu dei uma gargalhada. Esse meu noivo é um palhaço sério! _ Também! Mas as crianças fazem isso junto com eles...

_ Não lembro de termos planejado cachorros... _ ele mantinha um tom calmo na voz, mas a sobrancelha permanecia erguida. A corretora preferiu se afastar, nos dando privacidade para conversar, e foi para o lado de fora, com seu tablet e sua paciência.

_ Não falamos em animais domésticos mesmo _ brinquei com os dedos nos lábios, imitando a mania que Alec tinha quando ficava pensativo, e eu adorava ver. _ Um item para pensarmos mais tarde... Agora, olhe este espaço... Parece amplo o suficiente para crianças se divertirem? _ apontei o vasto gramado, me aproximando do meu noivo e enlaçando sua cintura.

Alec passou o braço por cima dos meus ombros e me trouxe mais para si, parecendo relaxar um pouco, e roçou o nariz em minha testa, antes de beijá-la com a delicadeza que guardava apenas para mim.

_ Crianças, no plural? _ a sobrancelha subiu novamente. _ Você imagina um monte de pequenos seres gritando, correndo e rolando na grama desta casa? _ ele franziu o cenho.

O abracei de lado e ri. _ Não um monte, mas uns dois ou três...o que acha? De verdade! Sei que já falamos uma ou duas vezes sobre termos filhos e você não disse não, mas ainda não deixou claro se está confortável com isso...

_ Eu sugeri que escolhêssemos uma casa em vez de um apartamento... Acho que isso mostra que estou confortável com seus planos... você tinha dito que elas são melhores para crianças... _ Alec me puxou para sua frente, me segurando pela cintura.

Eu sei que ele faria qualquer coisa que eu quisesse, mas ali não era sobre mim. _ Não seriam meus planos. Nós vamos nos casar em breve e se vamos ter filhos um dia, acho que os planos devem ser nossos. Você quer? Quer ter filhos comigo? Quer contratar uma barriga de aluguel e doar sêmen para ter um pequeno Alexander correndo aqui? Quer adotar uma criança e criar como nossa? _ o pressionei, porque Alec não podia ser passivo nessa decisão. _ Quero que saiba que vou entender qualquer resposta sua e isso não vai mudar o que sinto por você. Se ter filhos não for algo que queira, eu não vou forçá-lo a isso e vou amá-lo do mesmo jeito. Viver com você, só você, me satisfaz... eu posso ser feliz assim _ meu sorriso foi doce e compreensivo, passando sinceridade a ele.

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