Scarlatti (BTS - Jungkook x O.C)

Capítulo 15 - O mínimo

Samira

Eu não podia ir para a sala, então fui para outro quarto. Sentia-me tão exausta que só queria apagar. Como não estaria assim? Além de ter tirado qualquer coisa que estava em meu estômago e a fadiga costumeira, estava completamente esgotada emocionalmente.

No fim, o que fiz foi realmente deitar. Foi chato para achar uma posição que não fizesse meu braço doer, mas no fim deu certo. Eu devia voltar para perto dos outros, pois seria a melhor forma de meu pai ficar menos bravo comigo. Mas... não queria olhar para ele. Não queria olhar para Jungkook. Eu estava realmente estressando todo mundo... Pelo menos para quem sabia que era gravidez era até okay, mas papai estava certo sobre preocupar Jaebum-oppa. Ele não merecia aquilo... Tinha sido tão cuidadoso... Estava preocupado naquele nível.

Jaebum-oppa também tinha me visto ruim no passado. Ainda era uma criança, claro, e talvez tenha sido um pouco pior. Quando somos crianças, nem sempre entendemos completamente o que está acontecendo, mesmo que nos expliquem.

A questão era que agora eu estava com ainda mais medo do que antes. E se ele me odiasse também? A gente podia não se falar todo dia... A gente podia brigar às vezes... Não importava. Era prejudicial me sentir tão mal só de pensar em mais rejeição? Eu já tinha gente comigo, gente me apoiando, mas eu queria que fosse todo mundo, todo mundo perto de mim, todo mundo que eu amava.

Acho que seria assim de qualquer forma, mas pensar no futuro... Me assustava. Pensar que era uma figura pública, no que falariam... Assustava. Não era mais só eu. Eu era acostumada com comentários sobre meu corpo, minha personalidade, minha dança, nepotismo, essas coisas. Não sabia bem o que esperar agora. Era diferente.

Só de pensar sentia falta de ar.

Eu tinha feito besteira ao correr de Jungkook, não tinha? Ele finalmente estava indo falar comigo, mas... Eu senti como se fosse tarde demais. Não era. Claro que não era. Só que fiquei com tanta raiva.

Aquele idiota. Aquele grande idiota! Parecia que ele nem tinha pensado que poderia me deixar nervosa. Como era possível? Como podia achar que mudar daquele jeito me deixaria tranquila? Senti vontade de voar no pescoço dele. Mas também estava com medo de ouvir o que ele falaria. Ele ficou tão quieto quando falei sobre outra pessoa assumir... Só chocado. Não conseguia saber se ele consideraria. Faria sentido, não era? Se estava tão apavorado...

E não tinha como eu ficar sem um pai se era para pensar em imagem. Talvez ficando no Twitter desse para achar que as pessoas eram menos conservadoras do que realmente eram. Mesmo os brasileiros eu sei que me julgariam, ao menos boa parte que é público do grupo. Se eu pensasse na Coreia, então... Não era à toa que a taxa de aborto entre mães solo era tão alta, assim como de "colocar para adoção". Meu pai sabia disso... Ele sabia de tudo. Mas não era uma situação normal. Não era a mesma coisa que para uma pessoa anônima.

Eu não queria prejudicar ninguém, mas se prejudicasse a empresa era exatamente o que aconteceria. Jesus, se isso acontecesse não teria que me preocupar só com meu pai e sim com mais gente da família. Se dele eu esperava uma reação bem menos pior, e de quem eu já esperava uma terrível?

Só que... me casar? Um casamento com alguém que eu nem conhecia ainda... Parecia muito bizarro. A ideia sozinha era absurda. Ela tendo vindo do meu pai era ainda mais. Ele realmente sempre me ensinou como me proteger, sim, e também sempre me incentivou a casar com um homem que eu amasse e que me amasse, como era com ele e mamãe. Céus... Era mais uma evidência do quanto ele estava afetado. Que se danasse o amor agora, não era? Tinha algo claramente mais importante para ele.

Será que era por ser eu? Comecei a me perguntar se ele me acolheria se eu não fosse hétero, como ele acolheu Gui. Meu pai não parecia tão diferente do tio Rodrigo agora. Não era o mesmo, mas não parecia tão distante quanto antes. O que... O que ele faria se eu me negasse a me casar? O que ele faria se eu fosse mãe solo?