Scarlatti (BTS - Jungkook x O.C)

Capítulo 8 - Precisamos Conversar

Samira

A primeira coisa que pensei ao sair de casa era que Gui não poderia saber, ou iria me matar. Ele não dissera apenas para eu ficar em casa, como também para ficar na cama. Eu estava bem longe de lá, mas era por uma boa causa: Mark Tuan.

Mais do que nunca, precisávamos conversar, e esse fora o momento no qual ele dissera que teria um tempo. Já era noite e o tempo estava congelante. Felizmente, o aquecedor do carro me salvava e deixava tudo um mais gostoso. Só que eu tremia ainda assim. Não sabia exatamente como começar aquela conversa. Era a conversa, do mesmo tipo que ele tivera comigo anos atrás, com a diferença de que eu pretendia ser sincera. Mas não sabia exatamente como fazer isso. Tudo parecia muito confuso e incerto, porém, sabia que não deixaria Mark como uma espécie de estepe. Sentia-me mal por tudo, por ter sido tão impulsiva, por sequer ter pensado nele quando me entreguei a Jungkook.

Depois de tudo, ele ainda mexia comigo. Mark fora minha primeira paixão, afinal, mas... Eu era nova demais, e ele tinha medo. Compreensível. Talvez, se tivesse sido honesto comigo, as coisas teriam sido diferentes. Talvez quando eu tivesse visto Jungkook nos corredores do colégio, não teria me focado tanto nele, apoiado-me na chance de gostar de alguém e esquecer outro, mergulhado em um sentimento na época tão platônico. Talvez eu tivesse esperado por Mark. Então, talvez, eu não tivesse me deixado levar na festa de Yugyeom, e não estivesse aqui, grávida.

Eram muitos os "talvez", e frequentemente eu sentia vontade de voltar no tempo. Porém, tudo sempre incluindo Jungkook automaticamente. Eu queria ter ficado com ele, queria estar conhecendo-o como estava, mas... queria ter negado naquele momento, ouvido a leve preocupação dele, e esperado pra quando pudéssemos aproveitar de maneira segura. Trouxa. Idiota. Todos esses nomes se encaixavam. E Mark estava esperando essa trouxa.

Nosso ponto de encontro era basicamente o estúdio de dança. Hoje ele não funcionava, pois era o dia da apresentação, e eu sequer queria me lembrar disso, mas meu cérebro continuava o fazendo. Se eu soubesse como assassiná-lo sem matar a mim mesma... Era ruim. Não, era péssimo. Eu tinha ensaiado por meses e meses, montado mais de 90% da coreografia, e agora não podia participar. Simples assim. Muito trouxa, Samira, muito, muito trouxa. Tanto que logo depois de nosso encontro, ele iria para o lugar. Tinha que ser rápido. E não é que eu estivesse dizendo que tinha combinado exatamente naquele dia de propósito... Mas era exatamente o que eu estava dizendo.

Queria ser rápida, porém não era minha especialidade. Uma baita de uma enrolada, eu mesma, Samira Oliveira Scarlatti. Então estava literalmente colocando pressão em mim mesma. Ou era hoje ou era hoje. Não podia continuar. Qualquer esperança deveria morrer. Afinal, ali não seria sobre a gravidez, seria sobre meus sentimentos. E a verdade era que... Eu gostava de Jungkook. Gostava muito. Sim, estava esperando um filho dele. Sim, estava morrendo de medo de ele ter uma reação horrível. Sim, sim, sim. Mas o que realmente importava para aquela conversa era que... Não era mais Mark que fazia com que eu me sentisse feliz e boba com as coisas mais simples que fizesse ou falasse, não era mais Mark que invadia com frequência meus pensamentos nos momentos mais inoportunos sem que eu sequer percebesse, não era mais Mark que me deixava ansiosa por qualquer mensagem sua. Era Jungkook. E eu não podia continuar o segurando mesmo que minimamente.

Ele era o tipo de pessoa que precisava de palavras. Ações não o faziam entender as coisas, simplesmente porque Mark era ótimo em não se deixar tomar conclusões precipitadas. O que ele via podia sempre ser algo de sua cabeça, afinal, não dá para adivinhar o que o outro está sentindo; era assim que pensava. Eu queria ser assim, porém ficava matutando por séculos o que tinha acontecido até descobrir... Ou ficar até o fim da vida por não ter tido nenhuma resposta. Só que ele não fora sempre assim... Era fruto da forma como amadureceu. Mark tinha 26 anos. Eu não esperava nenhum show, mas não sabia o que esperava.