Esquecido

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Minha cabeça está doendo... O que diabos aconteceu...? Meu corpo está extremamente dolorido... Alguma coisa me atropelou...? Nem estou conseguindo abrir os olhos direito... Minha cabeça está ecoando... O ouvido não para de zumbir... ... Este som no fundo... Estou em algum tipo de hospital...? Quando finalmente consegui enxergar, vi tudo no mais profundo branco... Até que notei o som de passos. Tentei me colocar sentada, mesmo que a dor insistisse em me empurrar para baixo. Minha visão estava enegrecida nas laterais... O que aconteceu com minha visão periférica?

“Vejo que acordou... Isto é muito bom. Consegue se lembrar do seu nome?”, disse uma moça ruiva, com seu jaleco surrado de tanto uso, com olheiras tão fundas que me perguntei até se ela dorme.

Meu nome é.... ... Meu... Nome? Qual... Que? Por que... Por que não consigo me lembrar? ... Onde... Onde eu estou? O que está acontecendo? Não, não, não, o que aconteceu? Por que eu estou aqui? Quem é ela...? Quem... Quem sou eu??

“A-Ah.... ... B-B-Bah....... E-Eh....”, tentei dizer... Mas saia apenas... Ruídos...?

O que...? O que aconteceu comigo...? Minha mente... Está confusa... Eu... O-O que eu sou...? A médica me olhou com um olhar preocupado. Minha cabeça latejava mais do que tudo... Sentia meu corpo bem quente por algum motivo... Não conseguia me mexer, não conseguia falar...

“Normalmente tem todo um protocolo para eu dizer para você o que te aconteceu e tudo, mas não gosto muito de seguir as regras. Está entendendo o que estou dizendo? Apenas mexa a cabeça como normalmente alguém faria.”, disse ela, tentando se comunicar comigo, e claro, entendia exatamente o que ela estava dizendo... Em parte. Ao menos o que eu sabia, “Certo... Vamos testar agora sua habilidade de fazer cálculos e...”

“Ela tem que descansar, doutora Carmesim, não responder a questionários.”, disse outra pessoa que nem sabia que estava ali antes... E nem sequer consegui virar a cabeça para vê-la.

“Ah, me desculpe.... Espera...”, ela colocou a mão em seu jaleco e retirou um cartão lá de dentro, fingindo ter dificuldade de ler ou entender o que ele representava, “Poderia dar uma olhada neste cartão? É que minha visão não anda muito bem estes dias.”

“... Neurocirurgiã, responsável pela equipe médica referente ao projeto Steam.”, disse ele, tendo má vontade ao falar, entregando de volta o cartão.

“Ótimo, ótimo...”, disse ela, em um curto e sarcástico comentário, fazendo um rosto que combinava com sua atitude, “Agora, continuando... Vamos... 2+2. Mostre em dedos o resultado.”

Sobre levantar os dedos não foi o problema... O que realmente me incomodou, foi o fato é que tive de pensar brevemente para dar a resposta. Cerca de 2 segundos de processamento... E ela notou isso, deu para ver pelo olhar. O que aconteceu comigo...?

“O que você faz da vida? Estuda? Trabalha em algum lugar?”, disse, depois de anotar algumas coisas em sua prancheta, e ma dando uma folha de papel e um lápis...

Levantei meus braços para pegá-los, mas não consegui firmeza alguma. Não conseguia fechar a mão direito. Sempre caia o lápis, por mais que ela instisse em pegar. No entanto, de qualquer forma... Mal sei o que realmente fazia antes de estar aqui... Após tomar nota novamente dos resultados, pegou um mapa mundial.

“Sabe onde está? Em que lugar? Vou apontar para alguns lugares, e você responde com a cabeça, tudo bem?”, concordei com a cabeça... Ela parecia bem feliz por eu conseguir a entender.

Infelizmente, mesmo após várias perguntas, como quem é nosso Presidente, onde eu moro, quem são meus pais... Não consegui lembrar de nada. E agora... Estou começando a surtar. Comecei a chorar descontroladamente, e por mais baixo que eu queria que fosse, parece que meu corpo queria o oposto. Sinto que perdi alguma coisa muito importante. Coisas importantes. Esqueci quem são as pessoas que estão a minha volta, quem foram aqueles que me criaram... Que seria de mim agora?

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