Contra quem lutamos? - Parte 2

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Era o segundo dia de Charlotte e Hannah no orfanato, e enquanto era de se esperar que a supervisora seria a pessoa que mais causasse problemas... A realidade era outra.

— Peguei suas roupas na lavanderia, Izora. — disse Charlotte, em tom amigável, entregando o cesto para ela, soltando um suspiro de alívio por conta do peso —Agora a gente pode conversar sobre as pessoas que dormiam aqui antes?

— Quem sabe, se a sobremesa for boa. — disse Izora, parecendo se divertir de ter sua escrava particular, enquanto estaria deitada na cama, sorrindo de modo travesso.

—Escuta, é importante. Talvez essas pessoas podem estar em risco e...

— Não estão, elas foram adotadas fazem alguns dias, o pessoal é bem de vida...— interrompia Dolly, de modo tímido e com um pouco de medo.

— Dolly! Eu não te dei permissão de falar! — Izora esbravejava, parecendo até vermelha de raiva, se aproximando de forma hostil, fazendo a outra se encolher e se preparar para uma bofetada.

— Ei, se acalma, ela não disse por mal. Vamos fazer o seguinte, eu te trago duas sobremesas daquelas e você perdoa ela, tá bom? — disse Charlotte sorrindo, com um dos olhos fechados e fazendo as mãos em súplica.

O bom carisma foi contra a raiva, e ganhou. A braveza só foi para o canto emburrada, saindo do ambiente, como se isso fosse resolver o problema.

— Obrigada Charlotte. — disse Dolly em alívio, em tom calmo — Ela não é uma má pessoa, é só que... Os pais dela não eram tão legais...

—Ah, de nadinha, fofa. — dizia de volta Charlotte, acariciando o cabelo dela gentilmente, a tratando como uma criança, — Poderia me falar mais sobre isto?

— Bom, na verdade eu e ela morávamos na mesma rua, e os pais dela, o senhor e a senhora Clifford estavam atolados de dívidas, parece que era um problema relacionado com bebidas e jogos de azar... Aí eles foram para agiotas. E aí que as coisas realmente não acabou bem... — disse Dolly em tom de desabafo, como se isto estivesse entalado em seu peito a muito tempo, — Aí... Como posso dizer... O Agiota não foi muito gentil quando a dívida não foi paga e quis dar o exemplo... E ela acabou parando aqui.

A jornalista ficou pensativa, já que provavelmente foi isto que a fez ficar amarga. Geralmente essas pessoas são assim quando criam uma casca para se defender do mundo externo devido a experiências anteriores ruins.

— Uma dúvida... Esse comportamento da Izora, ela não tem medo de ser castigada? Vi alguns guardas aqui que parecem bem parrudos

— Não acho que faz diferença. A gente já foi punida sem ter feito nada. — Dizia a adolescente, dando de ombros.

— Como assim sem ter feito nada? Nem uma bagunça pequena? Alfinete na cadeira e essas coisas? — Perguntava Charlotte de modo surpresa, desconfiando um pouco.

— A gente... Pode mudar de assunto? — Dizia de forma desconfortável, se evadindo. Charlotte assentiu após alguns segundos e trocou de prosa.

— E... Você? Como veio parar aqui? — perguntou Charly, em tom amigável e compreensivo.

— Também é algo que não quero falar... — replicou em tristeza e hesitação, mas em seguida deu uma pequena risada travessa, com um sorriso envergonhado, — Mas aceito mais carinho.

— Ai meu Deus! — disse a jovem de cabelos semi longos, em empolgação, achando aquilo a coisa mais fofa do mundo, apertando suas bochecha, resultando em uma Dolly corada e feliz.

Depois de um tempo, mais tarde naquele mesmo dia, tendo cumprido o acordo de levar as sobremesas, Cam verificou se seu esconderijo ainda estava seguro, que era uma tábua solta do chão onde conseguiu colocar seu revólver e seu bastão, e em seguida, se encontrava com Hannah no banheiro feminino, em um horário que dificilmente alguém entraria ali, de acordo com a investigação da aprendiz de médica.

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⏰ Última atualização: Feb 09 ⏰

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