Classified

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Em meio às ruas asfaltadas de Paradise, a enorme lua estava em seu auge, tão cheia e brilhante quanto uma moeda de prata. Um pouco de luz para os becos que não são tão sortudos de terem iluminação pública. As noites geralmente eram calmas, não porque era uma cidade pacífica como o nome dizia, mas porque o perigo ficava nas sombras, e ele só aparecia em um grande estopim.

Bang!

As pessoas surgiam de suas janelas, enquanto outras preferiam colocar suas cobertas sob suas cabeças para não terem nada haver com isto. Homens em roupas elegantes, ternos, corriam em alta velocidade, com seus sapatos desconfortáveis, carregando em suas mãos revólveres, que soltavam estrondos ensurdecedores a cada movimento da falange. O vapor, que saía do equipamento quase que queimava seus próprios atiradores, se espalhava e bailava pelo ar. 

Cápsulas de projéteis caiam no chão, e cada vez mais, suas armas ficariam sobrecarregadas. A figura que corria pela sua vida, estaria com um sobretudo rasgado devido aos tiros que erraram seu alvo, com sua quepe ameaçando sair de sua cabeça. Segurando uma pasta rente ao corpo, encostado em suas costelas, enquanto a câmera presa por um cordão em seu pescoço ameaçava cair no chão.

"Quando eu te alcançar, eu juro, você vai sofrer muito antes de morrer!", gritou um dos perseguidores, enquanto esperava o tempo de resfriamento, a perseguindo.

"Quando eu fugir de vocês, e isto daqui for de conhecimento de todos, vocês é que vão sofrer bastante!", disse a garota de sobretudo, de forma provocativa.

O sujeito, tão arrogante como impulso, tentou atirar o revólver mesmo antes dele esfriar. O metal não aguentou a pressão do tiro, o vapor saiu tão quente que o mecanismo derreteu, e ela explodiu. Um único som alto, em seguida de gritos do homem, que estaria segurando o que antes era sua mão, agora em um profundo vermelho, ajoelhado, sem condições de continuar. Ele ignorou completamente o pequeno medidor de pressão embutido, mesmo quando estava no "100".

Pensando que faltava somente um, ela entrou em uma rua mais estreita, seguido de um complexo de becos. Úmidos, escuros, mal-cheirosos, porém, nada fedia mais do que o segredo que ela tinha em mãos, do qual muitas verdades seriam reveladas. O último sujeito — do qual ignorou completamente o parceiro com seu novo cotoco — esperou a pressão do vapor chegar a 20 antes de recomeçar os tiros. A precisão não era das melhores, ainda mais pela distância e por atirar em movimento.

A garota teve de enfrentar varais de roupas, pular por cima de baldes e se esquivar de vários destroços que estariam no chão, com medo de tropeçar em algum deles e isto ser seu fim.

"Isso lá é hora de pendurar roupa?!", pensava indignada.

A fadiga começaria a pesar, o suor quase caindo em seus olhos, e o peso do sobretudo parecia só aumentar a cada passo. Mesmo que estivesse muito frio, era como se fosse o inferno atualmente. Vendo que sua fadiga iria a vencer eventualmente, se posicionou atrás de uma caixa de madeira, sacando sua própria arma, atirando contra o sujeito, que pegou cobertura assim que ela havia se escondido. Esperto, pensou. Sacando um revólver — de modelo mais rústico —, ela checou o equipamento. 6 projéteis no tambor. A pequena válvula de pressão de gás estava em "0", mostrando que estaria pronta para atirar. Ranhuras e gravuras rodeavam a arma, como se fossem peças de um relógio, com engrenagens que faziam o sistema de vapor funcionar. A checagem durou 1,2 segundos, e logo no primeiro disparo, a câmara se inundou de fumaça branca, quente ao ponto de aquecer a mão da atiradora, junto de suas luvas.

Uma troca de tiros se iniciou, a cada gatilho apertado o medidor iria subindo, até o ponto em que a empunhadura se tornava desagradável de segurar. O medo de ser atingida era grande, seu coração palpitava tanto quanto um terremoto, suas pernas tremiam pela adrenalina, e seu corpo parecia ficar completamente gelado quando o metal aquecido passava rente a seus ouvidos em um zoom. Então aconteceu. Um dos tiros da garota atingiria a costela de seu inimigo, enquanto o dele, quase que ao mesmo tempo, atingiria seu ombro. O grito de ambos foram altos, pelo reflexo do próprio corpo, com ambos caindo ao mesmo tempo. Atravessou a pele como manteiga. A dor era tão grande que seu cérebro se recusava a se levantar, o céu tinha mudado de cor.

Gunspaper - Uma Aventura SteampunkOnde histórias criam vida. Descubra agora