União e Devastação

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“Charly!!”

A garota gritou, muito alto, só não tanto quanto o som que ecoou do revólver. Regan estava segurando a arma de pé, de frente para Charlotte, de modo que a garota do colegial só estava conseguindo ver suas costas. A jornalista havia se colocado na frente da jovem, e ela foi caindo aos poucos, enquanto revelava uma expressão de choque do atirador, por ter atirado contra quem supostamente amava, com seu braço direito acompanhando-a. Ela caiu ao chão de uma só vez, de bruços.

“O que...”, disse a mais jovem, com a boca tremendo, imóvel, “O que foi que você fez...?”

“Charlotte...? Ei.... Charlotte...”, ele olharia para o corpo dela, apontando a arma para o chão, “Charlotte...!”

Sirenes estavam se aproximando, e isto era um sinal para Regan correr. Gritando em angústia, cada vez mais sua silhueta se tornava um nada, como se fosse engolido pela noite. Segundos depois, a viatura chega, derrapando no asfalto, com o motor saindo fumaça e um pequeno amassado no parachoque. De dentro dela, Taylor havia sairia, indo direto ao encontro das duas. Segurando seu revólver na direita, ele aponta para a jovem.

“Espera! Não foi eu, o cara fugiu!”, disse ela, apontando na direção em que Regan havia fugido, “Por favor, me ajuda aqui! Ela foi baleada!”

Taylor, sem dizer uma palavra, olhou todos os arredores, e em seguida, entregaria a arma municiada para a colegial.

“Se o tal de cara voltar aqui de novo você atira.”, disse, não se importando sobre dever e responsabilidade neste momento, “Tá pronta para o disparo, só pressionar o gatilho na direção dele.”

A garota ficou assustada ao manusear pela primeira vez uma arma de fogo, e pensou o quanto responsável era aquele policial, mas voltou seus pensamentos para Charlotte. Taylor de modo rápido e ao mesmo tempo gentil, girou ela de frente. Seus olhos estavam fechados, saia um fio de sangue de seus lábios semi abertos, e uma mancha de sangue perto da região do umbigo. Sem se importar com ética e moral, levantou sua roupa até no estômago, para observar os danos. Havia bastante sangue.

“Ei, ela vai ficar bem?? Vou chamar a ambulância!”, disse a garota, já se levantando, procurando uma cabine telefônica.

“Nessa região não estão funcionando, tem que ir para outro bairro para funcionar. Até lá ela já morreu. Deixa eu ver o que posso fazer...”, disse Taylor de maneira calma e controlada, ao mesmo tempo em que suas mãos tremiam levemente.

“Rasgue um pedaço de sua farda, use ela para pressionar a região, amarre-a para que se crie uma estabilidade ali. A gente se preocupa com a remoção do projétil depois.”, disse Hannah, de modo sério e controlado, “Isso vai criar uma barreira para o sangue não deixar o local e dar tempo de ocorrer a coagulação para parar o sangramento.”

“Onde aprendeu esse tipo de coisa?”, pergunto Taylor enquanto já a executava.

“Primeiros-socorros. É uma técnica de um suíço chamado Jean Henry Dunant, ele mostrou umas coisas em relação do que fazer em casos como este.”, disse, vendo se o policial estaria fazendo corretamente a técnica.

“Vou estancar aqui então, você pode... Hein?”.

Estranhou ao se deparar com alguma coisa um tanto dura. Normalmente órgãos são macios. Tentou pressionar mais, e a sensação de se ter esbarrado em algo que não deveria estar ali continuou, junto de uma proeminência, que sentiu se mexer junto ao pano. Incomodado, ele puxou devagar, e logo aquilo começou a sair, e se espantou ao ver um projétil inteiro que não desfragmentou, amassado, caindo ao frio solo. A parede dura continuava naquela região, e ele decidiu parar de comprimir. Fazia muitos anos que não se surpreendia com algo.

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