O Mundo Em Que Vivemos

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Charlotte, ao dar os primeiros passos para fora do hospital, conseguiu ver com clareza os seus arredores. Estava no final da manhã, por volta de 11h40. As ruas eram pavimentadas de forma artística, sem buracos em seu asfalto, com casas eram uma mistura de pedras lapidadas com metais em sua composição, dando um aspecto um tanto brilhante e belo. Em meio as casas, existiam grandes prédios, alguns maiores, outros menores, que compartilhavam das mesmas cores. Todos tinham pequenas chaminés, do qual vapores saiam praticamente o tempo todo. Não eram construções quaisquer, de forma nenhuma. Pareciam todas feitas por artistas renomados, verdadeiras obras de arte, criando uma espécie de harmonia com o ambiente.

A garota até correu para uma delas, mancando levemente, olhando seu reflexo em uma das residências, fazendo pequenas caretas.

"Nossa, eu sou bonita, mesmo nesse estado. Cuido bem de mim pelo visto.", disse ela, admirando seu rosto — que estavam com pequenas cicatrizes do acidente, nada muito revelador — com pequenas sardinhas que iam da sua bochecha esquerda para a direita, passando por cima do nariz, junto de seus cabelos negros semilongos que iam até o final da nuca, "Sinto falta de algumas coisas. Creio que são de minhas memórias. Lápis de olho, talvez? Aliás... Me diga... O que está saindo dessa chaminé? Sei que são vapores mas... Mas não me lembro do que são."

"Você vai para a biblioteca, não é? Lá responderão todas as suas dúvidas.", respondeu ele, com má vontade de falar qualquer coisa, como se estivesse ali por obrigação. Charlotte fez uma cara de irritada, mas não deixou ele estragar sua alegria.

Acima deles, bem lá nos céus, haviam várias aves de metal e madeira, que logo depois se revelaram grandes barcos, com balões enormes em cima deles. Alguns eram gigantescos, enquanto haviam outros menores, que passavam de forma mais rápida. Charlotte olhou para cima boquiaberta, vendo aquele espetáculo que parecia ter saído de uma pintura, em constrate com o sol. Ela ainda não sabia como funcionavam, mas isto nem era tão importante naquele momento.

"Wowwww! Olha só isso! Estão voando!", disse ela em meio a algumas risadas que deixaram Regan desconfortável, "Que incrível! Tem certeza que sempre vivi neste mundo?! Como eles voam?!", terminou ela em uma pergunta retórica.

Depois disto, observando as pessoas ao seu redor, notou a forma que se vestiam. Os homens estariam com roupas elegantes, ternos, bem limpos e sem nenhuma dobra. Seus sapatos eram brilhantes pela graxa e por bons cuidados, alguns até vestiam luvas brancas. As mulheres então, foi o que encantou verdadeiramente a jovem, pois eram vestidos longos, outros mais curtos, de cores fortes e vibrantes, como um vermelho vivo ou um preto bem chamativo, junto de certo decote em algumas mulheres, que eram bem discretos. Algumas até mesmo caminhavam junto com uma sombrinha para proteger sua delicada pele do sol. Admirando de longe, Charlotte sentiu um grau de inveja.

"Enquanto elas, tão bem vestidas, estou aqui com estes farrapos. Me diga, como eu me vestia antes? Como elas?", perguntou Charlotte, esperando que ele não fosse ser chato novamente.

"Ah, sim, finalmente uma boa pergunta. Gostava de roupas como essas, geralmente como... Aquelas.", disse ele apontando para uma garota sentada em um dos bancos, que estavam com roupas relativamente... Reveladoras. Charlotte se senti um tanto desconfortável, torceu o nariz e fez um "não" com a cabeça.

"Então meu eu de antes era bem diferente do que planejava. Hora de pensar em alguns novos estilos depois.", disse decepcionada, logo recuperando seu entusiasmo, pois ainda havia bem mais à ver.

Quando chegou ao nível da rua, descendo uma grande escadaria que levava ao hospital, viu os veículos que trafegavam pelo local, em modelos vitorianos, clássicos, esbeltos e artísticos, com encrustados de rosas, heráldicas e outros símbolos. Vapor saia freneticamente de seu escapamento. Em cores extravagantes, de diversos tipos, sintonizavam totalmente com a imagem que estava a observar. Ela realmente vivia em um país como esse? Cheio de maravilhas, colorido e espalhafatoso?

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