Capítulo 5

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Não chovia com frequência no Rio de Janeiro, mas quando chovia caia um aguaceiro. O aguaceiro em questão acabava com o humor da população em um trânsito infernal e as poças de água formadas no chão molhando os pedestres, entretanto quando o sol abria o carioca não poderia reclamar mas isso não melhorava o humor de Hector Mather quando saiu com o carro em direção ao edifício Mora.
Com passos largos, ele se dirigiu ao saguão de mármore, mal notando seu teto abobado ou seus refinados exemplos de espelhos e desenhos que conferiam ao local sua aparência elegante.  Diversas revistas elogiaram seu resplendor arquitetônico, mas nesta triste manhã de quinta feira o humor de Hector não estava propenso a apreciar o ambiente.
Armando Mora foi um amigo de seu pai, e quando ele convidou Hector -muito mais jovem- para trabalhar, foi uma oportunidade maravilhosa. Hector estava na faculdade de direito, e mantendo dois empregos de meio período só para arcar com as despesas de mensalidade. Os pais estavam mortos, vítimas de um deslizamento de terra enquanto visitavam os avós em uma cidadezinha do interior, e até Armando entrar em cena, Hector nunca havia pensado em contatar esse amigo distante. Armando, porém, acabara de saber que seu amigo havia falecido. Ele se ofereceu para pagar as mensalidades da faculdade de Hector. Queria fazer alguma coisa em tributo a memória de seu amigo. Apesar do fato de que Armando visitará seu amigo em raras ocasiões, aparentemente tinha ficado impressionado com a inteligência de Hector.
Armando precisava de alguém em quem pudesse confiar, alguém com quem pudesse contar, até que seu pequeno Thiago se tornasse um adulto. Queria alguém com seu próprio sangue nos olhos para a vice presidência.
Talvez o pequeno Thiago depois de crescido não seria como ele, também como poderia sendo filho de uma qualquer, sua encantadora Beatrice nunca teria fibra para negócios, sempre havia olhado Hector com um certo desprezo ao seu ver, como se pensasse que ele tinha aceitado a proposta de Armando em busca de poder e dinheiro.
Mas ele estava enganado, sua filha sempre foi apaixonada por Hector, surgiu com uma admiração inocente sobre aqueles olhos azuis e aos 15 anos percebeu que ele era seu primeiro amor, tentará esconder de todas as formas se distanciando e demonstrando um certo desprezo para com Hector.
A mudança repentina de Beatrice fez com que Hector ficasse com suas dúvidas, será que ela achava que ele estava se aproveitando da generosidade de seu pai? A menina agora com 19 anos era uma incógnita para ele.
Mas não havia nada que pudesse fazer para fazê-la mudar de idéia sobre si.
Hector ficou sabendo que embora Armando não respeitasse a família, mataria qualquer um que chegasse perto de sua filha e Hector tinha juízo para não ficar olhando a bela menina. Além do que, apesar da beleza, o que ele com 40 anos iria querer com uma criança.
Hector entrou em um dos seis elevadores que davam acesso aos andares superiores do edifício e pressionou o botão 42° andar com uma força desnecessária. Ela deveria saber que ele iria tentar entrar em contato com ela se não estivesse a bordo do helicóptero.
A secretária dele, Amanda Oliveira, o encontrou no salão de entrada de seu conjunto de escritórios, e ele presumiu que sua presença no edifício havia sido anunciada. Pequena, morena e impetuosa. Amanda demonstrava seu bom serviço em cada movimento agitado que fazia.
_Ela não estava a bordo senhor.
_Como sabe disso?
_Mike Delano ligou do hospital, a senhorita Mora chegou lá poucos minutos depois que o senhor saiu para o aeroporto.
_Então por que você não me ligou? Teria me poupado de vir até aqui.
_Ela pediu ao Mike para não contar a você.
_E desde quando Mike Delano recebe ordens de uma adolescente? E porque ele não ligou para mim ao invés de ligar para você?
_Acho que ele sabia que você voltaria e iria direto pro hospital, e ela é irmã do Thiago, parece que não queria que você interferisse.
_Ela só é 3 anos mais velha do que ele.
_Isso importa? É a irmã e filha do senhor Armando apesar de ser só uma garotinha mimada.
Hector não sabia  por que se sentia tão enfurecido com sua alegação.
_Beatrice não é uma garotinha Amanda, ela tem 19 anos.
_Para mim ela é -retrucou a garota. _E para você também. -ela fez uma pausa, observando-o com curiosidade. _Não me diga que está interessado na pirralha.
Hector percebeu que isso estava se tornando pessoal demais. Amanda já havia tentando envolve-lo em conversas como anteriormente. Era curiosa  demais, provocadora demais. E desde que o caso que tinha com Armando terminará, olhava seu atual chefe com uma intenção cada vez mais evidente.
_Eu não acho que a senhorita Mora iria gostar de seu julgamento e muito menos é do meu agrado que uma simples funcionária saia falando asneiras no ambiente de trabalho, não é "você" e sim "senhor", queira atribuir está palavra ao seu vocabulário quando for se direcionar a mim, minha vida pessoal não diz respeito a você, Beatrice é apenas uma jovem filha de um amigo querido, sugiro que você se restrinja aos assuntos profissionais.
Num gesto de frustração, ele pegou seu celular e ordenou ao seu motorista que retirasse o carro da garagem no subsolo, em seguida, ele se dirigiu rapidamente ao elevador.
O Hospital estava situado no centro e talvez ele devesse tomar logo as providências de Thiago ser transferido, era início de tarde quando ele entrou no estacionamento do hospital. Estava cheio, mas depois de uma breve discussão com o segurança, foi autorizado a estacionar em uma vaga designada apenas para funcionários.
Beatrice estava sentada ao lado da cama de seu irmão, a mão levemente sobre a dele. Ela estava inclinada na direção dele, falando suavemente, quando Hector abriu a porta, e a intimidade da cena que estava interrompendo não surtiu nenhum efeito sobre ele.
_Oi----disse ele num tom energético, seus olhos desviando se dela para o jovem na cama. -Thiago.-seus finos lábios sorriram. _Como você está se sentindo?
_Estou bem. ----Thiago tentou retribuir ao cumprimento, mas seu rosto ainda se contorcida de dor. Estava bastante pálido, a pele bronzeada quase da cor do lençol atrás de sua cabeça. _Obrigado.
_Que bom. ----Hector ficou de pé ao lado da cama, oposto a Beatrice, forçando se a se concentrar em seu ocupante. _Nenhum efeito pós vôo?
_Só uma sensação de cansaço ----respondeu Thiago corajosamente. _Gostei de você ter vindo aqui Hector. É bom ver um rosto conhecido entre todos esses jalecos brancos.
_Você não me contou que Hector estava te acompanhando no hospital Thiago --disse Beatrice com a voz exasperada em confusão. _Você sabe que eu mesma teria lhe acompanhado se soubesse o que tinha acontecido.
_Ah, Hector foi lá no dia seguinte ao acidente----Thiago explicou. _Ele ficou comigo até que os médicos disseram que poderiam tomar as providências para a transferência. Foi assim que voltamos juntos.
_Bem graças a Deus Hector estava lá para cuidar de você. Suponho que ele tenha imaginado que eu teria ficado muito preocupada com você.
_É. ----Thiago lançou novamente um olhar de agradecimento ao homem. _Hector foi ótimo. Ele nem reclamou por eu ter destruído o Porsche.
_Isso não significa que não vou reclamar ---complementou Hector. _Principalmente se ficar comprovado que você estava dirigindo totalmente embriagado sem nem ao menos ter idade para dirigir sóbrio. Acho que você precisa de um automóvel mais seguro, vou comprar uma charrete da próxima vez.
_Se é que vou dirigir novamente---murmurou Thiago.
_É claro que vai dirigir novamente, você irá ficar bem. -----Disse ela, usando seu polegar para esfregar as lágrimas. E impôs a Hector outro julgamento de valor. _Você não concorda?
_É claro. ----Hector concordou. Tão logo você faça o que lhe pedirem e não de nenhum desgosto aos médicos. Sei que se sente desesperado agora, garoto, mas é impressionante o que um repouso de algumas semanas de cama pode fazer. Aí só mais 3 anos de espera até completar a maioridade e você volta a dirigir.
_Você acha?
Thiago fungou e Hector ficou um tanto aliviado quando ouviu a porta abrir atrás dele e uma enfermeira vestida de branco entrou no quarto.
_Vocês tem que ir agora ---disse ela, suavizando suas palavras com um sorriso terno para seu paciente.
_É hora do exame. O doutor Hoffman está esperando por ele. Vou levá-lo para a sala de exames.
Beatrice levantou-se e Hector se deu conta de como ela era bonita, seus cabelos em um tom cobre, caiam como uma cascata por suas costas

Grávida em segredo || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora