Capitulo 8

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Nenhuma cirurgia?
Ela o estava fitando com olhos arregalados e Héctor se arrependeu de mencionar esta possibilidade.
_Pode haver ferimentos internos, depois de uma batida de carro __ ele disse com relutância. __ Mas Thiago não tem absolutamente nenhum sangramento interno.
_Graças a Deus.
_Realmente. Depois de algumas semanas de descanso e ele estará bom de novo, novinho em folha.
_Você acha?
_Acho.
Ela balançou a cabeça.
_Meu Deus, e se...?
_Beatrice, podemos ficar nos torturando com inúmeros "e se"—disse ele categoricamente. _E se ele não estivesse dirigindo numa velocidade tão alta? E se não estivesse naquele trecho da estrada? Ele estava, é isso aconteceu.
Ela fez silêncio.
_Escute, por que nós não nos sentamos novamente?
_Lá não.—sua resposta foi premente, e ela virou o rosto para longe da lanchonete._Eu... Talvez devêssemos subir novamente. Thiago pode ter voltado do exame.
_E pode não ter.—retrucou Héctor brevemente._Vamos, Beatrice. Temos que conversar sobre isso e tem que ser agora.—ele mordeu o lábio por um momento, e acrescentou._Por que não procuramos uma sala de espera? Deve haver salas de espera para visitas em algum lugar.
_Esta bem.—concordou ela por fim._Você pode me contar como o acidente aconteceu, e como é que você foi a pessoa com quem eles entraram em contato.

Tomaram a escada em vez de utilizar o elevador.
Evidentemente, Beatrice não desejava ficar confinada em um cubículo sem ar, sentindo o cheiro de anti-cépticos e medicamentos, misturados com o perfume do homem que tira a sua sanidade . Em seu estado atual, teria preferidos andar ao ar livre, mas isso não era possível. Mesmo sem chover as ruas não ofereciam a eles a privacidade que buscavam.
Encontraram uma sala de espera no segundo andar, descendo o corredor do quarto de Thiago. Havia uma máquina de café em um canto e Héctor pegou para eles copos de plástico da bebida fervente antes de se sentar.
Beatrice escolhera uma poltrona e ele sentou-se no sofá oposto. Colocou as xícaras sobre a mesa próxima antes de esticar suas pernas e deixar as mãos penderem soltas entre as coxas.
_Certo.—disse, forçando-a a escutá-lo._A primeira coisa que temos que decidir é aonde Thiago irá se recuperar quando sair do hospital.
_O que?-ela repetiu._Isso não é um pouco prematuro? Ainda não sabemos quanto tempo ele vai ficar no hospital.
_Não por muito tempo.-respondeu Héctor tomando um gole de café._Minha experiência diz que pacientes que não necessitam de cirurgia recebem alta rapidamente. São incentivados a continuar sua recuperação em casa.
_Experiência? O senhor é enfermeiro ou médico e nesses anos não fui informada?
_Beatrice não aja como uma criança.-suspirou.
_Okay, em casa?-ela repetiu suas palavras novamente._Irei dar um jeito a casa de Thiago é na zona sul do Rio e não teria ninguém para tomar conta dele lá.
_Sei disso.-Héctor pousou sua xícara e a observou atentamente._Como você se sentiria indo para a antiga casa do seu pai e ficar com ele lá?

Os lábios de Beatrice expressaram consternação. Ela desconfiava do que estava por vir, porém ainda não estava preparada para ouvir a proposta . Héctor esperava que ela voltasse para terras cariocas para cuidar de Thiago. Mas ela não podia. Não podia voltar a viver no Rio de Janeiro.

_Não posso-disse, e colocou a xícara de café sobre a mesa antes que a deixasse cair. _Eu vou ajudar meu irmão Héctor, eu o amo e é a única pessoa que me restou. Mas bem, voltar para o Rio não faz parte dos meus planos.

O rosto de Héctor revelou sua reação raivosa. Seus belos traços fortes ressaltaram em seu momento de raiva, sua mandíbula travada tinha um apelo sensual. Neste momento, porém, qualquer sensualidade estava ausente.

_O que faz parte dos seus planos?-inquiriu ele.
_Tenho planos.-Beatrice respondeu, vagamente.
_Que planos?

Uma leve pontada de culpa percorreu o corpo dela. Quem era ela para falar de obrigações familiares se não tinha a intenção de contar a Héctor que estava esperando um filho? Não queria que ele se sentisse obrigado a casar ou ter algum sentimento de raiva e ódio por ela. A última coisa que ela queria era um casamento por obrigação, ainda mais com um homem que provavelmente tinha o mesmo caráter que seu pai para relacionamento, não suportaria um casamento sem amor onde Héctor teria outras para esquentar sua cama. Não era ingênua ao ponto de pensar que ele a amaria.
E Héctor era como seu pai. Sem dúvida, ele esperava uma mulher belíssima e forte, enquanto ele dormiria com quem escolhesse. Beatrice já tinha perdido a conta do número de namoradas que ele tivera desde que iniciou na empresa de seu pai, perdeu a conta de quantas vezes chorou ao vê-lo acompanhado de uma bela mulher.
E ela era 21 anos mais nova que ele, e esse era mais um motivo que a impediria de se unir a Héctor.
Percebendo que ele estava esperando uma resposta, ela decidiu contar parte da verdade e arriscar receber seu escárnio.

_Eu... eu quero escrever e ilustrar livros infantis.-disse rapidamente._É o que eu sempre quis fazer é meu sonho, mas... bem, nunca tive tempo antes.
_Não?-as sobrancelhas escuras de Héctor se curvaram ironicamente, e ele lhe lançou um olhar incrédulo.
_Não, nunca tive.
_Entendo. E você esteve ocupada fazendo... o que exatamente fora a escola? Fazendo compras fúteis com amigas?
_Não creio que isso seja da sua conta.-ela retrucou recusando-se a explicar suas razões._De qualquer maneira, esses são os meus planos.
_Uma jovem de 19 anos nunca encontrou tempo de começar a escrever?
_Não, não era algo que meu pai me permitia ousar sonhar Héctor.

Enquanto Armando estava vivo tal atividade seria impensável. Apesar de seus próprios defeitos, seu pai nunca fora agressivo e nunca a permitia esquecer que era de fato sua filha. Ele lhe dava certas liberdades de escolhas, porém, em relação a todos os outros aspectos, era esperado que ela agisse de acordo com os desejos de seu pai e seguir seus sonhos não era um deles.

Héctor colocou sua xícara sobre a mesa e Beatrice enrijeceu instintivamente. E agora?, pensou, observando-o enquanto ele passava os longos dedos pelo tecido de lã pura que que envolvia sua coxa. Ele estava vestindo um dos seus ternos de estilo italiano de que tanto gostava. O tecido cor de carvão complementando e realçando seu porte viril.
Não teve como deixar de se lembrar da noite que fizeram amor. Mas Héctor não fizera amor com ela, Beatrice se corrigiu rapidamente. O que eles haviam partilhado fora sexual e carnal, mas não tinha tido nada haver com amor. Fizeram sexo, pura e simplesmente. Bom sexo, talvez ótimo sexo, admitiu. Não que ela fosse alguma especialista. Héctor foi seu primeiro e único homem.

_Então, você vai contar a Thiago ou quer que eu faça isso?-perguntou Héctor abruptamente, despertando-a subitamente de seu devaneio._Ele ficará desapontado não? Por não ficar na casa de seu pai e pelo o que estou vendo você não cuidaria dele lá ! Mas se não fizer objeções quanto a ele ficar na casa, tomarei as providências para que uma equipe de enfermeiros tome conta dele o tempo inteiro.

Beatrice o encarou. Canalha, pensou ela indignada. Mas o que poderia fazer? Ela não poderia voltar para Minas. Tinha que haver uma maneira de satisfazer as necessidades de Thiago sem perder o respeito por si mesma.
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Grávida em segredo || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora