Capitulo 17

31 6 1
                                    

FLASHBACK DE COMO TUDO COMEÇOU A ACONTECER PARA ESSES DOIS

Uma hora depois, ele estava na sala de estar espaçosa na mansão de Armando, na Barra da Tijuca. Só que na verdade, já não era mais a mansão de Armando, a incredibilidade desse fato ainda era chocante. Porra, ele teria que ser forte seu melhor amigo esperaria isso dele, mas a ideia de encarar a filha de seu melhor amigo que nunca fez segredo de que não simpatizava com ele com notícias desta natureza, era o suficiente para congelar seu sangue.
Através das janelas da sala iluminada, ele podia ver o átrio e a escuridão do mar para além dele. A dona Ruth governanta da casa, que o deixará entrar momentos antes, tinha ligado as luzes antes de ir chamar Beatrice. Era um oásis de calma num mundo enlouquecido, pensou Héctor mal podendo acreditar que apenas duas horas antes ele estava desejando cair na cama com algum entusiasmo.
Héctor enfiou as mãos bem no fundo dos bolsos de seu paletó. Dona Ruth deve ter se perguntado o que ele estava fazendo ali quando abriu a porta, não era comum receber visitas a uma hora da manhã. Havia vasos de fúcsia e hibiscos no átrio, derramando seu esplendor pela varanda. Então ouvindo um som, virou-se e encontrou Beatrice de pé na entrada da porta atrás dele, observando-o. O rosto dela estava pálido e tinha um olhar de tal expectativa temerosa que ele quase suspeitou de que ela sabia o motivo que o tinha levado até ali. Mas ela não sabia. Não podia. Estava apenas ansiosa, como estaria qualquer pessoa naquela situação. Era uma pena que Thiago não estivesse em casa.
_Hector.-Pela primeira vez ela usou seu nome próprio. Normalmente, evitava dirigir-se a ele. Uma língua rosada rodeou o seu lábio superior. _Algo errado?
Héctor não sabia por onde começar. Beatrice sabia sobre as mulheres do pai, sabia que o pai era um canalha nesse quesito. Mas ela se importava? Claro que se importava. Era sua filha. Oh Deus, ele desejava poder salvá-la de tudo isso.
_É... é sobre o Thiago ? É sobre o meu irmão Héctor?-Mal se ouvia sua voz, e ele balançou a cabeça. Fazia sentido que ela perguntasse do irmão, eles eram muito unidos. Ela hesitou. _Então deve ser sobre Armando.-disse ela, e ele se amaldiçoou outra vez por sua inadequação. _ O que aconteceu? Um acidente? Meu pai está ferido?
_Lamento.-As palavras ficaram presas na garganta de Héctor, mas ele tinha que dizer. Ele a observava enquanto ela assimilava suas palavras, alisando seu roupão de seda verde freneticamente, ele suspeitou que o roupão era a única coisa que ela estava usando. Ele se recompôs com severidade. _Lamento, Beatrice. Armando está morto.
Ele a viu estremecer, viu o jeito que ela pareceu diminuir de tamanho, teve pena da incredulidade nua espelhada em seu olhar. Ela estava tentando desesperadamente não chorar, o que o surpreendeu. Seu rosto pálido e suas mãos se retorcendo. Então ela engoliu o choro, levantando automaticamente uma mão até a garganta, nua acima do decote do seu roupão, ela não estava usando qualquer joia, seus dedos estavam nus nem mesmo o anel de sua mãe que a garota não tirava do dedo estava lá , suas unhas curtas e polidas com um brilho pérola.
Sua pele estava sem qualquer maquiagem, cílios espessos sombreando olhos de um tom azul como o oceano. Seu cabelo ruivo que ele estava acostumado a ver preso, balançava em seus ombros. Madeixas ruivas emolduravam um rosto inocente.
O olhar dele passou de leve pelo resto de seu corpo, mas ficou bem consciente de sua própria reação a ela, não havia percebido antes o quão baixa ela era na frente dele, deveria ter uns 1,59 de altura enquanto ele tinha 1,85, não havia percebido como eram empinados e cheios os seus seios mesmo que pequenos. Os pés dela, descalços abaixo da bainha do roupão o fascinou sem querer.
Ele sabia que aqueles pensamentos e constatações sobre a pequena Bea eram errados, era uma loucura. Armando estava morto, pelo amor de Deus. Isto não era hora de ter pensamentos íntimos com a filha dele de 19 anos que o próprio compartilhou um pouco do crescimento, contudo, a pequena Bea era tão diferente das mulheres que ele namorava habitualmente. Nenhuma delas era uma uma mulher verdadeira assim, quente e feminina e incrivelmente sensual. Héctor se forçou a passar, chocado e com nojo da direção que seus pensamentos haviam tomado.
Todos esses pensamentos atravessaram sua mente enquanto ele permanecia de pé ali, sentindo-se inútil pela primeira vez em sua vida. Ele sempre teve orgulho por conseguir manter a cabeça fria, por sua capacidade de lidar com qualquer situação em quaisquer circunstâncias. Neste momento, porém, ele se sentia desamparado, até mesmo impotente e não era uma sensação boa.
_Como... Como isso aconteceu?
A pergunta que ele estava receando interrompeu sua divagação e ele lutou para formular uma resposta, era natural que ela quisesse respostas e ficar com pena de si próprio não iria ajudar nenhum dos dois, se não contasse a verdade a ela a polícia contaria e sem há poupar dos fatos.
_Ele... a polícia acredita que ele possa ter sofrido um ataque cardíaco.-respondeu ele, introduzindo deliberadamente o envolvimento das autoridades. _Se serve de consolo, ele provavelmente nem se deu conta.
_A polícia?-como ele esperava ela se concentrou nesse fato. Ela abanou a cabeça um tanto confusa. _Então foi um acidente?
_Não.-Héctor desejou que houvesse um jeito de tornar isso mais fácil pra ela. _Não foi um acidente. Seu pai estava... no apartamento dele.
Um raio de alguma emoção que ele não podia reconhecer atravessou o rosto dela enquanto ele falava. Então a expressão dela se enrijeceu e seus lábios se nivelaram demonstrando tensão.
_Ele não estava sozinho estava?-murmurou. _Ele estava com outra mulher, oq aconteceu com a do mês passado Héctor? Foi trocada pela nova? Acho que você esteja falando do apartamento no Leblon, não é mesmo? Lá é onde ele costuma levar suas mulheres, como estou certa que você sabe. Como também estou certa que você sabe que foi lá que minha mãe o pegou com a mãe do Thiago e logo após se suicidou. E a mãe do Thiago? Morreu no parto sem ter o mínimo apoio dele na gravidez.
_Beatrice eu não sabia nada sobre a morte de sua mãe e como o Thiago foi concebido, Armando nunca quis entrar em detalhes comigo sobre estes assuntos e sim eu sabia do apartamento ele me confiscou em segredo.
Héctor ficou espantado com tudo que ouviu da menina. Embora adivinhasse que ela sabia que o pai era infiel as infinitas namoradas, saber que ela tinha conhecimento do apartamento no Leblon o atingiu como um murro. Armando havia contado a própria filha suas coisas promíscuas? Certamente ele não conhecia bem o seu melhor amigo de anos, depois de ouvir o relato da garota sobre a sua mãe e sobre o desamparo de Thiago até o nascimento, Armando tinha sido um homem egoista a vida toda, mas nunca pensou que pudesse ser cruel assim.
Decidindo que não adiantava mentir, pois ela descobriria a verdade em breve, ele acenou.
_Como adivinhou?
_Eu não podia imaginar outro motivo por que você sentiria a mínima necessidade de interceder por ele.-respondeu ela simplesmente. _Como representante do meu pai, você provavelmente queria assegurar-se de que eu não faria uma cena que poderia embaraçar os acionistas.
Héctor suspendeu a respiração.
_Você pensa que eu só me preocupo com isso?-ele protestou. _Eu gostava muito do seu pai Beatrice. Ele... era como um segundo pai pra mim.
_Eu sei.-ela levantou os ombros, um pouco cansada. _ Bem, não se preocupe. Eu não farei nada que incomode alguém.
_Acredite você ou não, eu não vim aqui por causa da empresa.-exclamou Héctor asperamente. _Eu me ofereci para lhe dar a notícia no intuito de poupar você e seu irmão de um pouco de desgosto. Mas devia ter desconfiado de que você suspeitaria dos meus motivos, você é apenas uma garotinha mimada que não sabe nada sobre a vida, a garota que provavelmente vive por fazer compras e gastar o dinheiro do pai que diz ter tanto desgosto... Fria pra mostrar sentimentos normais.
Ele lamentou ter proferido as palavras logo que elas saíram de sua boca, o rosto dela que estava pálido, perdeu a cor que pouco tinha. As unhas dela cravando-se no pescoço, deixando pequenas meias luas claramente visíveis. Ele havia magoado os sentimentos de Bea, sem dúvida nenhuma. Porra, depois de tudo que Armando há fez passar ele não tinha o mínimo direito de criticá-la.
Apesar da sua calma pouco normal, ela estava tão chocada quanto ele.
_Acho que é melhor você ir.
_Beatrice...Bea.-apesar de si próprio, Héctor deu uma passo involuntário em direção a ela. _Me desculpa.
_Não faz mal. Hmmm... obrigada por ter vindo.-acrescentou educadamente. _Você dará a notícia ao Thiago ou faço eu?
_Beatrice, pelo amor de Deus.-Héctor olhava pra ela fixamente. Ele sabia que não podia ir embora assim, mas não era tolo o suficiente pra pensar que ela apreciaria sua preocupação. _Deixe-me pegar uma água com açúcar pra você. Você precisa se acalmar.
_Eu não preciso de nada-ela falou firmemente, e ele escutou as palavras não ditas "de você", embora ela não as tenha dito. _Há um mini bar por ali se você quiser uma bebida sirva-se. Mas se não se importa eu gostaria de voltar para o meu quarto.
_Ainda não.-Por razões que Héctor não sabia explicar, ele avançou mais um passo até ela. Agora ele podia sentir o perfume dela uma fragrância doce sútil, feminina que foi direto pra sua cabeça. Ou mais corretamente, para seus genitais, ele admitiu.
Tentando ser gentil ele disse:
_Beatrice, você não gostaria de falar? Pode se abrir comigo eu sei que não somos os mesmos Bea e Héctor de antes, você se afastou completamente e me ignorou quando completou seus 15 anos mas eu ainda estou aqui. Eu sei que isso deve ter sido um choque terrível para você.
_Eu não acho que falar isso mudar alguma coisa Héctor, você acha?-perguntou, mas apesar de sua voz estar fria, ele podia escutar o tremor que ela estava tentando esconder com dificuldade. _Você fez o seu dever Héctor, e eu estou muito grata. Você me avisou sobre o que devo esperar. Não há mais nada a dizer.
_Beatrice!-ele estava frustrado por sua própria incompetência. _Eu não posso deixar você desse jeito. Eu falei... sem pensar. Minha única desculpa é que a morte do seu pai também me afetou muito. Eu preciso saber que você me perdoa.
_Não há nada a perdoar.-disse ela cansada. _É o que você pensou, o que você sempre pensou de mim. Eu sei disso.
_Mas não é verdade!-hector falou asperamente, consciente de que estava se movendo em águas perigosas mas incapaz de se deter. _Eu não sei nada sobre você Bea, não sei nada sobre você desde os seus 15 anos, eu não conheço a nova Beatrice. Você se afastou de mim e eu nunca soube o porquê talvez a adolescência e seu caminho para se tornar a jovem que é agora. Sou apenas um ignorante.
_Eu não acho isso, você é o homem mais inteligente que já conheci.-ela respirou fundo. _Ambos sabemos que meu pai não teria uma opinião tão boa de você, se fosse o caso.-ela fez uma pausa. _Não se culpe com isso. Este é um momento difícil para nós dois.
Héctor não estava convencido.
_Escute.-disse ele. _Seja o que for que pense de mim, eu não gosto disso. Ambos sabemos que você não vai conseguir dormir...
_Porque estou sozinha nessa casa apenas com a Ruth?-os olhos dela brilharam por um instante e ele ficou surpreendido pela súbita candura em seu olhar. _Estou acostumada a ficar sozinha Héctor, apenas eu e a Ruth quando ela está por aqui, o Thiago quase não para em casa.
Héctor foi atingido de novo pela vulnerabilidade dela. Ela parecia tão sozinha, subitamente tão delicada e frágil, tão inesperadamente desejável que ele ficou horrorizado pela agudez de seu desejo. Ele a queria, era errado por diversos motivos mas ele a queria e tomou consciência disso. Ele desejava a filha do seu melhor amigo.
Sabia que deveria sair dali antes que fizesse algo desprezível, Bea era apenas uma menina e ele um homem de quarenta anos e com essa constatação veio a consciência de que seu corpo estava duro e pronto, a surpresa era ela não ter notado sua excitação, mas era óbvio Beatrice era inocente demais pra isso.
E como para fortalecer tudo que havia relatado a ele, ela fechou o espaço entre eles e tocou a mão dele.
_Eu ficarei bem.-disse ela._Dirija com cuidado ao voltar. Nós... todos precisamos de você agora.

Grávida em segredo || Henry CavillOnde histórias criam vida. Descubra agora