A casa parece maior do que antes.
Estamos paradas no meio da sala em completo silêncio, Sarah segura meu braço como forma de segurança como se pudesse ampara-la se caso alguma coisa acontecesse. Não consigo apagar as imagens que presenciei no andar de cima e não sei o que fazer para esquecê-las, desde que coloquei o pé ali dentro me sinto desconfortável com um frio persistente em minha barriga; quero sair correndo e esquecer o significado que minha casa passou a ter a partir da noite passada.
Observo minha irmã pelo canto de olho, ainda pálida e abalada com tudo que aconteceu, não consegue esconder o nervosismo e o sofrimento de estar no lugar que por anos foi considerado nosso lar feliz e agora, mais se parece um mausoléu decadente. As lembranças boas sendo sufocadas pelos últimos acontecimentos.
- O que vai ser da gente, Mel? - sua voz é arrastada e logo depois um soluço quebra o silêncio inoportuno e foi como se meu coração fosse feito em pedacinhos diante daquilo.
A envolvo em um abraço; pressiono os lábios com força e não me permito chorar. Não temos família, éramos apenas nós duas a partir de agora e isso meio que me apavorava secretamente.
Me afasto colocando as mãos em cada lado de seu rosto e esboço o sorriso mais confiante que consigo demonstrar nesse momento, não sei se ela seria tola em acreditar nele, mas me esforcei para parecer esperançosa para que Sarah se sentisse um pouco melhor.
- Vamos dar um jeito, ok? - estico os lábios em um sorriso falso. - Ainda resta duas Collins e isso já é suficiente para saber por onde começar. Você já é maior de idade e já está prestes a concluir sua faculdade de administração o que serve de muita coisa, substituir o papai é impossível, mas aposto que podemos contar com Robert que é a segunda melhor pessoa para cuidar da empresa. - acaricio seu rosto enxugando suas lágrimas e contemplo o vislumbre de seu sorriso. - Vamos conversar com ele e ver no que isso pode dar, só precisamos agir, Sah não podemos parar no tempo e esquecer o que se passa no mundo.
Ela me abraça forte e entre suas lágrimas escuto o som de um sorrisinho. Meu peito doí, é horrível essa sensação de não acreditar nas próprias palavras, não digo da parte financeira, falo do vazio que se instalou no meu peito e que nunca seria preenchido e que nada que eu faça vai mudar o fato de meus pais terem morrido por minha causa.
- Tem certeza que você não é a irmã mais velha? - me fita com os lábios cerrados, colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha. - nossos pais ficariam orgulhosos de você.
Reviro os olhos e sorri triste pelo "ficariam"
Afastamos-nos e eu caminho até a janela com o frio amenizando em minha barriga.
- Pode até ser, mas eles não ficarão nem um pouco orgulhosos quando eu encher a cara para compensar tudo isso. - Arregalo os olhos fingindo loucura e depois lhe lanço uma piscadela.
Seu olhar se torna severo e sua boca se franze antes de falar.
- Não comigo do seu lado.
E por um momento, eu juro, Sarah tinha ficado idêntica a minha mãe.
******
Mamãe está parada próxima à parede e de repente não está mais, ela é lançada para o outro lado do quarto por alguma força invisível acertando em cheio a prateleira de livros e cai enfraquecida no chão. Não sou mais eu ali, apenas olho para aquilo perplexa sem reação para o corpo grudado na parede do quarto, presenciando aquilo sem acreditar de verdade. Meu pai grita desesperado alguma coisa que se embola em meus ouvidos e não compreendo suas palavras. Prendo a respiração querendo acordar desse pesadelo.
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Supernatural
FanfictionO mundo não é mais um lugar seguro. Depois de presenciar os pais sendo mortos; Melanie Collins terá que lidar com as novas descobertas que envolve seu passado e seu futuro ainda incerto. O que fazer quando nenhum lugar é seguro? como agir quando pe...