Fool In The Rain

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Meus olhos ardem e fico sem rumo por alguns segundos sem saber o que aconteceu.
- Que porra é essa, Dean? - Solto ainda cega, puxo o tecido da minha camiseta e levo em direção aos olhos que queimavam.
- É ela. - Sam fala.
Não consigo enxergar.
- Claro que sou eu! - Falo ríspida.
- Foi mal, Mel. - A voz de Dean soa próxima.
Alguém toca meu ombro e sou puxada levemente para a frente.
- Deixa eu ver. - Dean fala segurando minhas mãos tirando do meu rosto.
Ele começa secar-lo com cuidado.
- O que é isso? - pergunto curiosa.
- Água benta. - Sam responde suave. - Demônios queimam quando são atingidos por ela. Ainda está ardendo?
Assinto.
- O Dean sempre faz isso, ele é preciptado demais.
- Cala a boca, Sammy. Antes preciptado do que um demônio grudado no meu pescoço.
Abro os olhos com dificuldade, mas já consigo enxergar entre os borrões.
- Por que disso? Eu estava bem aqui o tempo todo.
Sam fita Dean estranho.
- Você está sumida a manhã toda.
Franzo o cenho confusa.
- Que horas são? - pergunto.
-10h30am. - disse Dean.
Uau eu realmente perdi a noção do tempo lendo aquele diário.
- Foi mal, eu acabei ficando por aqui e não percebi o tempo passar. - Omito parte da verdade.
- O que você tava fazendo aqui? - Sam fala como uma ruga entre as sobrancelhas.
Olho pra ele.
- Nada.
Solto sem pensar, eu não sei o porque mas sinto necessidade de não contar sobre o diário e as armas escondidas.
- Nada? - Dean me olha estranho.
Suspiro, sei que aquilo soa estranho para eles e que suspeitam que eu estou escondendo algo, mas assumo uma postura frágil e convicente para afastar aquelas suspeitas.
- É... - faço uma breve pausa e uma voz melancólica. - Sei lá, toda vez que eu penso que nunca mais vou ve-los... eu me perco e é como se tudo parasse e perdesse o real motivo.
Solto, e percebo que falei a verdade e me sinto triste.
- Esquece. - falo pondo fim no assunto.
Os rostos dos irmãos se franzem e vejo desconforto e um pouco de pesar neles. Solto o ar pela boca querendo ignorar aqueles olhares.
Os segundos se arrastam inconvenientes.
- Tem um cara lá na sala, Robert Lawrence, ele quer falar com você. - Sam nos resgata do desconforto.
Um pouco de alívio ultrapassa meu rosto.
- Ele finalmente apareceu. - Digo alíviada.
- Quem é ele? -Dean pergunta taciturno.
- Ele é sócio do meu pai... era, é...sei lá.
Sam pigarreia e me fita ansioso.
- Ele está te esperando um bom tempo já, acho melhor você se apressar e descer.
Assinto e rapidamente desvio de Dean e sigo ruma a sala, passo pelo corredor e desço as escadas com rápidez e vejo lá parado em frente a lareira de costas para mim, vestindo uma calça jeans e camiseta brança o melhor amigo de papai, ele observa as fotos e segura um quadro nas mãos.
- Tio Rob... - O chamo e ele se vira surpreso, quando me ve coloca o quadro no lugar e abre um meio sorriso timido.
- Mel.
Vamos de encontro um com o outro e nos abraçamos, fecho os olhos sentindo a emoção do momento.
- Sinto muito, querida. - murmura entre meus cabelos.
- É tudo tão triste... - Falo com a voz embargando.
Robert me segura pelo queixo o erguendo delicado, encaro seus olhos azuis abatidos, analisando seu semblante.
- Eu sempre vou estar por perto, Mel, vou cuidar de você e de Sarah sempre, é isso o que eu quero e acho que seus pais também prefeririam assim. - um sorriso timido molda seus lábios. - No final das contas, ainda há luz no fim do túnel, Melanie ainda tem a Sarah e ela precisa de você mais do que você precisa dela.
Franzo o cenho sem entender o porque Sarah precisava de mim, porque chegaria o dia em que superaria tudo isso e continuaria sua vida. Mas eu era um perigo para Sarah, - e até para Robert e para todas as pessoas que me rodeavam - alguma coisa estava vindo atrás de mim e eu sabia que minha irmã estava na mira de tiro por minha causa, acho que ela não precisa de alguém ferrada ao lado.
- Não. - me afasto dele ficando de costas passando as mãos no rosto. - Eu não posso ficar mais aqui, preciso me afastar de Sarah por que ela está correndo perigo.
- O que?! - a voz de Robert sai alarmada.
Me viro e o encaro cerrando os punhos.
- Eles morreram porque estavam tentando me salvar e a minha irmã será a próxima se eu não fugir.
Seu rosto assume uma expressão centrada e ao mesmo tempo raivosa, ele se aproxima e toca meu rosto confuso.
- O que você está sabendo, Melanie? O que está acontecendo? - pergunta com a voz afiada.
Mordo o lábio inferior aflita, queria tanto contar a ele, desabafar tudo o que estava me sufocando contar todos os medos e perigos... Robert era o melhor amigo dos meus pais e realmente se importava com o que eu sentia, mas eu não podia o expor a todo aquele lixo tóxico que envolvia meu passado.
- Eu não posso falar, Rob... me desculpa, mas eu não posso envolver o senhor e até mesmo sua familia nisso - peço com a voz rouca - Mas, eu preciso ir embora dessa cidade, desse país... eu só preciso me manter viva e Sarah segura, bem longe de mim.
Trocamos um olhar doloroso, seu corpo que antes estava tenso, relaxa parecendo despencar.
- Eu queria tanto poder te ajudar... -sussurra triste. - Thiago teve uma conversa estranha algumas semanas atrás sobre você, parece que ele sabia o que ia acontecer... Não era pra ser desse jeito! Eu não sei no que o Thiago se meteu já que ele era um cara rodeado de segredos. - seus olhos centilham e vislumbro sua vontade de chorar. - Aah, Mel - suspira frustrado -pelo visto você se tornou mais um deles.
Não pude evitar um esticar de lábios triste, eu fui colocada em posição de xeque e eu
não sabia como contra-atacar.
- É complicado...
E sou recebida por um abraço forte acolhedor, encosto a cabeça em seu peito e fica ali arrasada repassando toda aquela história maluca na minha cabeça.
E pelo primeira vez até agora me sinto calma suficiente para aceitar o que vier pela frente.
- Pra onde você quer ir? - diz delicado.
Dou de ombros.
- A principio acho melhor ir para um dos imóveis dos meus pais em outra cidade, e depois para outro país.
Ele assente franzindo os lábios.
- Quando?
- O mais rápido possivel, se desse para amanhã eu agradeceria.
Ele suspira baixinho enquanto analisa a situação, sei que é pedir demais e que ele pode se queimar por conta disso mas não posso voltar atrás.
- Certo, vou ajeitar tudo e te falo quando pode embarcar. - fala suavemente.
Respiro aliviada.
- Obrigada. - solto.
Rob toca meu ombro suavemente.
- Queria poder ficar aqui com você, mas vou me encontrar com Sarah... e ver se ela precisa de alguma coisa.
Mordo o lábio sabendo do que ele estava falando falando.
- Ela está na funerária... - falo com afinco.
- uhum.
Solto o ar pela boca como se assim fosse possivel colocar para fora o peso que sentia.
- Eu posso ir com o senhor? - pergunto desviando o olhar para a janela.
- Tem certeza? - murmura distante.
Balanço a cabeça afirmando.
- Certo, coloca um casaco que o tempo esfriou. - fala com firmeza como se fosse meu pai. - vou te esperar aqui.
- Já volto. - falo me mandando para o meu quarto.

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