Born On A Different Cloud

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Passamos o trajeto até a minha casa em silêncio, simplesmente ignoro Dean figindo não notar minha presença. Meu corpo ainda sente o peso da falta de ar e o que aconteceu naquele parque não sai da minha cabeça, Ellen veio atrás de mim a mando de sei lá o que e isso era assustador.
Demônios existiam, em toda a minha vida nunca acreditei nessas coisas, achava que o mal era consequência das nossas escolhas mas vejo que estava errada; meus pais não eram religiosos nunca fomos a uma igreja e eu nunca rezei antes de ir dormir, mas eu acreditava numa força superior, acreditava no Deus unipresente que cuidava de nós se fossemos bonzinhos. Mas não acreditava em fumaças negras que possuiam pessoas discerminando o mal. Não acreditava, mas agora era diferente eu vi com os meus olhos e o pior: Eu estava no centro do furacão.

- Me desculpa. - a voz monótona de Dean surge quebrando o silêncio.
Finjo indiferença, encaro o lado de fora do carro observando as sombras das arvores.
- Pelo o quê? - não contenho o fingimento.
Ele pigarreia e sinto o desconforto por ter que falar sobre aquilo.
- Eu não devia ter falado com você daquele jeito - disse tranquilo - Eu vi o demônio quase matando você... eu nunca iria me perdoar se algo acontecesse com você.
Viro o rosto e fito Dean de perfil, aquelas palavras me surpreende e eu penso no que vou dizer sobre isso. Seu rosto está sério e por alguns instantes ele me encara sereno e depois volta a atenção para a estrada.
- Eu só não entendo porque você fez isso. - insiste no assunto. - Não entendo porque você saiu de lá sabendo que está em perigo.
Nosso olhar volta a se encontrar por segundos.
- Vi aquele site, vi o que estava escrito. - falo esganiçado. - Eu posso ser um demônio, Dean e eu estou com medo. Medo no que eu posso me transformar.
- Não temos certeza se aquilo é realmente verdade. Vamos cuidar de você e nada de mal vai te acontecer, eu estou aqui só confie em mim.
Mordo o lábio aflita, tenho que falar sobre o que vi porque parece que estou prestes a entrar em combustão.
- Eu vi uma coisa, Dean - começo temerosa. - parecia um sonho, mas eu sei que aquilo foi real, muito real.. Eu só ouvia o que dizia, mas foi suficiente para eu saber que eu estou muito ferrada. A voz disse que tinha algo pra mim, e que ela era eu, disse que eu era a escolhida para algo grande e que se eu tentasse empedir...bom... - minha voz embarga ao me lembrar da ameaça. - aquilo mataria minha irmã.
- Eu e o Sammy daremos um jeito. Vamos cuidar de você.
Aquilo não me conforta, sei que ele só quer me ajudar e sei dos riscos que eles estão correndo por estarem aqui.
- Obrigada.
Percebo o olhar preocupado de Dean e em como sua mandibula parece travada, isso não era bom sinal.
-Sei que você está preocupada e com medo do que possa acontecer mas isso é desnecessário. Vai dar tudo certo
- Para com isso, ok? - respiro profundamente assumindo uma postura cansada. - Eu preciso me preocupar, e você também está preocupado eu vejo isso estampado na sua cara. Sei dos riscos que estou correndo e sei que por minha causa vocês também estão, não vai ficar tudo bem e nós sabemos disso.
Dean coloca sua mão em meu ombro por alguns instantes e pressiona seus dedos em minha pele, sinto um arrepio estranho e me encolho mentalmente.
- Não importa como, mas tudo vai terminar da melhor maneira possível.
Fecho olhos intristecida e não trocamos nenhuma palavra depois disso.
Ainda é madrugada quando Dean estaciona em frente de casa, fomos recepcionados por Sam na soleira da porta que vem apressado até nós e me encara ansioso.
Ele abre a porta antes que eu possa agir e saio com Sam pegando no meu braço me dando apoio, minha pernas estão doloridas ainda mais agora que eu havia corrido abrindo os pontos dos ferimentos dos estilhaços da noite passada.
- O que aconteceu? - pergunta demonstrando preocupação.
Olho para Sam franzindo os lábios.
- Nada de mais. - respondo querendo demonstrar indiferença.
- Ela foi atacada por um demônio.
Dean me interrompe me lançando um olhar penetrante, fico perplexa por ver aquele tipo de invasiva eu não queria que Sam ficasse sabendo do que aconteceu.
- Mais como... - sussurra surpreso.
Reviro os olhos enraivecida.
- Ok, ok eu tenho culpa tá! Eu entrei em desespero e acabei agindo por impulso. - meu tom é exaltado, mas de repente me sinto frágil e acabo soltando aos sussurros.
- Eu... eu estou com medo, nesses dois dias eu vi e ouvi coisas que para mim era impossivel e que agora está me sugando para o centros delas. Eu sou um perigo para todos vocês, eu sei disso.
Luto contra as lágrimas o que me deixa sem reação, apenas respiro profundamente e fico encarando o vazio.
- Calma, Mel - Sam murmura - não estamos cobrando nada de você, certo? Só não pira. Nós vamos dar um jeito.
Assinto apenas pra não ser grossa, sei que aquilo é só papo e que estou atolada em um monte de problemas.
Sam entra e quando estou prestes a fazer o mesmo Dean me segura pelo braço e me encara.
Tenho quartoze anos, mas sou alta e desenvolvida demais pra minha idade. Sou apenas alguns centimetros mais baixa que Dean, minha boca bate na altura do seu peito e tenho curvas de uma garota de dezoito anos o que me incomoda por ser assim.
Tenhos traços firmes ao contrário de Sarah que é totalmente delicada, Sah puxou a mamãe desde os cabelos louros mediantes até o sorriso encantador, eu sou o contrário, meus cabelos castanhos escuros já foram louros na infância, minha pele branca queimada do sol não era nenhum encanto e meu sorriso era tão sem graça que me envergonhava.
Sou fuzilada pelos olhos verdes claros de Dean, e fico sem graça sem nenhum motivo, desvio o olhar para o seu peito forte.
- Melanie.. - sussurra com seu hálito roçando minha pele. - eu te prometo que tudo vai terminar da melhor maneira possivel.
Fecho os olhos com força e não consigo conter mais o choro, eu estava cansada de toda aquela onda de palavras que só aumentava minha angústia.
Sinto os braços de Dean me envolver e sou amparada por seu peito que me acolhe fraterno, queria acabar com o que sinto e com toda a incerteza que me corrompe que me faz agir como uma doente. Choro por saber que meu fim está mais perto do que eu imaginava, choro por ter sido tão covarde e desprezivel a ponto de ter as vidas das pessoas que eu amava nas mãos e não ter reagido as salvando, e choro por viver estragando tudo ao meu redor, por saber que minha irmã ficou orfã por minha culpa e que eu sou responsável por seu sofrimento atemporal.
Não evito os soluços que rompem minha garganta reverberando por meu corpo tremúlo. Os braços que me acolhem acariciam minhas costas incessante.
Ficamos em silêncio durante um bom tempo, as lágrimas já haviam se esgotados mas mesmo assim continuamos lá abraçados comigo ouvindo o ritmo do seu coração.
Exausta ergo o queixo e encontro os olhos de Dean me fitando passiveis.
Ele toca meu rosto limpando as marcas das lágrimas parecendo mergulhados em pensamentos profundos.
- Vamos acabar com aqueles filhos da puta.

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