Epílogo.

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Algo o pertubava mais que o normal nesses últimos dias.
Sentado naquele mesa, esperando seu café da manhã, Dean se mantém inquieto por algo motivo, dispensou a companhia de Sam inventando uma desculpa qualque por que estava afim de ficar sozinho para por seus pensamentos no lugar.
Já fazia mais de um mês que Melanie Collins havia acordado do coma e mesmo com novos casos em mente, Dean só conseguia pensar na garota que salvou sua vida.
Dean e Sam teve que fugir porque as coisas podiam se complicar, mesmo com Sammy alterando as filmagens policiais podiam ser sacanas suficiente para encrenca-los, afinal, os irmãos Winchester não tinham uma boa relação com a policia e tiveram que se manter distantes.
A única vez que entraram no hospital, Mel ainda estava em coma e não puderam falar com ela.
Dean puxou seu diário, e o abriu em um artigo recente de jornal e leu pela centésima vez a noticia que Melanie Collins estava bem e se recuperando milagrosamente.
Dean sabia que estava em divida com a menina, e se sentia culpado pela morte de Sarah e pelo estado critico de Melanie naquele galpão, ele bateu nela sem pena mesmo ela ainda sendo uma menina e ainda assim ela foi forte suficiente para parar o demônio dentro dela arriscando sua vida por ele.
Dean pensou que Melanie estava morta, ela estava banhada em sangue, suas costelas estavam quebradas, sua boca destruida lembrava das noticias em que os médicos falavam que só o fato dela está respirando era impossivel, porque ela estava morta, seu coração funciova mas seus orgãos deveriam está esmagados porque externamente ela estava destruida.
A garçonete coloca a xicara de café acompanhada de ovos e bacon, ele sorri educado agradecendo a moça de cabelos ruivos.
Colocando açucar no café ele pega a colher e começa a mexer pensando o que deveria fazer.
De onde ele estava até Bostan era mais de três horas de viagem.
Ele toma um gole do café, que desce amargo por sua garganta e observa um casal conversar na outra mesa.
O Winchester mais velho se manteve afastado de tudo desde o galpão, ele e Sam não tocaram no assunto Melanie Collins apesar dos dois ficarem atentos a cada notícia de seu estado de saúde; Sam conhecia bem o irmão para saber como ele se sentia culpado quando as coisas davam errado e mesmo dizendo ao irmão diversas vezes que ele não podia controlar tudo, Dean não conseguia afastar o sentimento de fracasso.
Dean fecha os olhos passando a mão pelos lábios, e morde sensualmente o lábio inferior pensativo, quando abre os olhos decidido.
Ele fecha o diário, e abandona seu café da manhã puxando vinte pratas do seu bolso colocando em cima da mesa para pagar suas despesas.
Ele corre na direção do Impala puxando a chave, e abrindo a porta com agilidade se afunda no banco de couro encaixando a chave na ingnição.
O ronco potento do Impala atravessa a cidade indo em direção da garota que salvou Dean Winchester.

****

Para a garota parecia desconhecida a sensação de caminhar, os músculos respondia aos seus estimúlos mesmo depois de várias semanas apenas deitada com a constante sensação de que andar novamente seria utópico.
O sol acariciava sua pele que já estava recuperada dos ferimentos sofridos, o que era surpreendente já que demorariam meses para cicatrizar, mas em Melanie Collins em pouco mais de um mês já estavam curados.
Ela sente os olhares em cima dela, pessoas curiosas que leram sobre seu estado grave no hospital e que se perguntavam como aquilo era possivel, a pouco estava quase morta e agora estava ali passeando pelo parque central de Bostan.
Ela não havia avisado a ninguém da casa que sairia, já estava cansada de tantos cuidados e preocupações e simplesmente resolveu abrir a porta e sair caminhando para algum lugar para pensar melhor.
Pensar no que faria daqui pra frente era como um pesadelo contínuo que arrastava a garota para um buraco negro de incertezas e medos.
Melanie avista um banco perto do lago onde crianças brincam jogando pedras na água para ver quem atira mais longe e quem consegue fazer a pedra ricochetear mais vezes sobre a água.
Um pouco distante, Dean observa a garota com curiosidade e resolve se aproximar caminhando a passos lentos, ensaia o que vai dizer, e se sente patético por está inseguro em relação a ela. Por um breve segundo pensou em ir embora e esquecer Mel, afinal, era isso que ele fazia há anos e era só mais um caso dentre vários outros que também deu errado, mas algo o prende a ela de forma fraterna o que não o deixa ir e resiste ao sentimento do medo de rejeição que ele acha que ela possa ter. Firmando seus passos decidido Dean caminha depressa e se senta ao lado dela sem dizer uma palavra.
Ela pressentiu que Dean estava próximo, e mesmo com alguém sentando ao seu lado não se atreve a olhar para a pessoa ao seu lado.
Dean observa as crianças e de vez enquando olha de esguela para Melanie em um silêncio quase mortal.
- Olá, Dean...
Havia algo estranho na garota, ela nem olhou para o lado e já reconheceu o rapaz de imediato, Dean a encara perplexo, ele sendo sempre tão cauteloso e a menina o reconhece sem sequer lhe olhar.
- Oi, Mel.
Diz com curiosidade.
Os dois observam as crianças brincarem na beira do lago, e de repente uma delas parte descontrolada em direção de um casal que estavam sentados a espreita, os dois abrem os braços e o menino se lança em seus braços agarrando os pescoços de ambos e os três caem sobre o gramado gargalhando.
Dean e Melanie soltam uma risadinha discreta.
- Como você está, Mel? - deixa escapar o motivo pelo qual estava ali.
Seu peito infla em uma respiração profunda, a garota franze os lábios pensando no que falar.
- Eu estou bem. - diz depois de uma longa pausa. - Bem melhor do que esperava, pra ser sincera.
Dean a analisa por alguns instantes vendo seu rosto de perfil com o sol lhe dando um leve tom laranjado em sua pele delicada e a constante pergunta sobre os machucados não saem da sua cabeça.
Era uma cena deslumbrante, corpo esguiu, nariz arrebitado, olhar vivaz e os lábios cerrados curvados levemente nos cantos... seus cabelos castanhos caiam como ondas em seus ombros e os raios de sol refletindo toda aquela beleza, a garota estática parecia o ápice de um pintor apaixonado, um grande paradigma para ser explicado e aquele momento poderia ser anexado para sempre nas lembranças do rapaz que a vislumbrou como se a visse pela primeira vez.
- Pensei que nunca mais o veria. - diz a moça se lembrando de uma conversa que teve com ele dentro do Impala.
- Geralmente é o que faço. - suspira fitando a garota intenso. - mas eu precisava te ver... afinal, nós nem nos despedimos.
Ela retribui o olhar com um sorrisinho de canto e de repente se aproxima de Dean encostando a cabeça em seu ombro, Mel fecha os olhos pegando Dean de surpresa diante daquele gesto, mas sem hesitar o rapaz a envolve em seus braços a trazendo para mais perto dele, os dois suspiram lembrando do que aconteceu no galpão e permanecem em silêncio por um breve tempo.
- Você diz que está bem, mas não parece bem.
Dean quebra o silêncio com aquilo que lhe pertubava, ele olha de esguela para Mel, que por sua vez engole em seco diante daquilo.
- Já acabou, Dean a única coisa que eu preciso me preocupar é o que vai acontecer daqui pra frente. - respira profundamente querendo mudar de assunto. - E o Sammy?
Dean percebe o desconforto dela e decide não seguir com o assunto.
- Está afundado nos livros. Caso novo. - diz rápido.
- Demônios ou fantasmas? - fala arqueando uma sobrancelha.
O cenho do rapaz se contorce parecendo confuso, mas pensa na resposta e ignora o interesse da garota naquele assunto.
- Sucubo. - responde lento. - não sabemos muito, mas está tudo sob controle.
A garota engole em seco ao ouvir falar aquilo, ela se lembra que ele falou a mesma coisa para ela e a que tudo terminou "bem"... Dean percebe isso quando ver Melanie tensa.
- Boa sorte. - responde apática.
Dean não suporta ver Melanie daquele jeito, principalmente porque se sente culpado pelo o que aconteceu com Sarah, ele desvia o olhar quando Mel o encara de volta e percebe o quanto ela se sente vazia e de como seus olhos parecem tristes ao sorrir para ele.
Aquilo o despedaça, sabia que é única obrigação dele era manter ela é Sarah vivas e agora Melanie estava sozinha e com a irmã e os pais mortos.
- Me perdoa. - pede com os olhos marejados se afastando um pouco para poder olhar diretamente nos olhos dela. - Eu sei que falhei com você...
A garota se afasta e toca seu rosto delicadamente vendo o rapaz fechar os olhos para não se entregar a vontade de chorar.
Ela o abraça forte colando seus corpos, Dean retribui acariciando seus cabelos sedosos, se controlando ao máximo para não se entregar a angústia que lhe partia o peito, a garota era responsabilidade dele e não foi capaz de cuidar dela e nem de salvar sua irmã.
- Eu nunca te culpei de nada, Dean... sei que aconteceria mais cedo ou mais tarde não importa quem fosse me ajudar. Supondo que eu e Sarah conseguisse escapar... - ela franze o cenho ao falar o nome da irmã, mas prossegue tranquila. - O pesadelo nunca ia terminar porque íamos viver na constante ameaça de Azoel voltar... mas, pra ser sincera eu preferia que fosse eu que estivesse morta e não ela.
Ela se agarra a Dean aspirando seu perfume - sabonete e suor - e fecha os olhos com força.
- Por onde eu recomeço, Dean? - sussurra aflita.
Sempre quando Dean se via em situações complicadas, o seu ponto de fuga sempre foi cair na estrada caçando como se não houvesse amanhã, mas o que dizer para uma garota que perdeu toda sua família de forma sobrenatural? Falar que ia ficar tudo bem ele sabia que não ia funcionar, porque ele se lembrava de como era perder pessoas, e sabia principalmente que algumas perdas são irreparáveis.
- Só tente ficar bem, certo? - pede em um sussurro.
Ela assente tentando convencer a si mesma.
Ele mexe nos bolsos a procura de algo.
- Aqui - diz para ela enquanto puxa um cartão laminado. - Quando precisar de ajuda é só me ligar.
Ela pega o cartão e da uma olhada e depois enfia no bolso da blusa.
- Você tem o meu número, quando estiver de passagem por aqui me liga. Sempre terá um quarto em minha casa quando precisar. - ela sorri arqueando uma sobrancelha.
Melanie se afasta fitando Dean tranquila, ele retribui o olhar e toca delicado a mandíbula da garota com um sorriso tímido.
- vamos dar uma volta? - pergunta lhe dando uma piscadela.
Ela sorri de volta com um rubor lhe tingindo as bochechas, e fica em pé rapidamente.
- Claro. - diz olhando afável para ele.
*****

Melanie.

Estou me sentindo um pouco melhor.
Depois de passar o dia com Dean Winchester e conversar aquilo que guardei por um bom tempo me sinto mais leve.
Encaro o teto repensando todos aqueles dias sombrios e suspiro cansada afastando-os mais uma vez.
Uma coisa assombra meus pensamentos e penso seriamente em faze-la.
Um barulho ecoa baixinho, que me faz rapidamente ajeitar minha postura e olhar em direção da porta.
- Olá, Mel. - diz Rob entrando com hesitação.
Confesso que ultimamente eu não venho sendo muito agradável, motivo pela qual todos se tratando de mim é como se estivessem pisando em ovos.
- Olá, tio Rob. - tento parecer mais afável possível e me sento cruzando as pernas.
Ele se aproxima sentando na beirada da cama.
- Como está se sentindo?
Seus olhos se estreitam me analisando.
- Estou melhor... na medida do possível.
Ele assente compreendedo o que quero dizer.
- Seu rosto está... perfeito. - fala com admiração. - nem parece com uma garota que acabou de sair do hospital.
Moldo um sorriso falso e encaro minhas mãos já curadas e tento entender o que estava errado comigo.
- Fiquei sabendo que você ficou sumida a tarde toda, Elena já estava chamando a policia. - diz em um tom humorado para tentar disfarçar o interrogatório. - Como já disse, eu estou bem. - tento manter a voz suave, mas as constantes perguntas sobre mim estavam me tirando do sério. - Eu estou cansada de ficar sempre por aqui, Rob precisava ficar um pouco sozinha e andar um pouco.
Ele franze o cenho como quem não engolia minha história.
- Eu me preocupo com você, menina principalmente depois do que aconteceu e tem aqueles dois que ainda estão soltos...
- Eu já falei mil vezes que não foram eles! - minha voz de altera, mas logo me recomponho querendo livrar Dean e Sam das constantes acusações de Rob. - Eles me salvaram, Rob... sinto muito que eles não conseguiram fazer o mesmo pela Sarah.
O rosto dele se contrai aflito.
- Ok, Mel e saiba que é só por isso que eles não estão presos.
"E porque eles são mais espertos." - penso.
- Certo, se o senhor não quer que eu saia sozinha, tudo bem.. - digo impaciente. - mas não me trate como uma criança. Eu já estou melhor e eu tenho... que... seguir... em frente.
- Eu não estou tentando de prender... - insiste.
Eu o interrompo.
- Ok, tio Rob... sei que suas intenções são as melhores e agradeço de coração pelo o que o senhor está fazendo por mim e por me acolher na sua casa... - desvio o olhar envergonhada por parecer ingrata. - mas eu preciso de um tempo, e de espaço... sei que vocês estão preocupados comigo mas é sufocante todo esse excesso de cuidados. Entende?
Ele assente parecendo envergonhado por alguns segundos mais logo esboça um sorriso encorajador.
- Você está certa, meu amor... - diz me abraçando desajeitado. - Vou conversar com a Elena e com os meninos. - sua feição muda moldando um sorriso. - O que você fez de bom?
Penso na conversa com Dean e depois do passeio que foi capaz de me arrancar um peso das costas e de me fazer rir com algumas brincadeiras. Sei que não posso falar sobre isso com Robert, primeiro: ele não ia gostar de saber que eu estava com um homem, segundo; ainda mais se esse homem fosse Dean Winchester.
- Estava com saudade de caminhar - falo suave ocultando parte da verdade. - Foi revigorante poder me exercitar novamente.
Rob me olha nos olhos com um sorriso animador.
- A gente podia viajar, não é? - diz seu rosto se transformando. - Reunir todo mundo e ir para algum lugar bacana... e você até poderia indicar o seu lugar favorito.
O jeito como Rob quer me ajudar me parte ao meio, olhando para ele querendo resolver minha vida e me ajudar o máximo que pode para superar o ocorrido me deixa aflita, não suporto a idéia de magoa-lo mesmo não querendo sua ajuda.
Olhando para aqueles olhos azuis que sorriem para mim entusiasmados com a possibilidade de me tirar do poço, estampa o meu melhor sorriso e a feição mais entusiasmada que consigo.
- Adorei a idéia - o Abraço encostando a cabeça em seu ombro fechando os olhos. - Podemos ir para a Austrália.
Ouço o seu riso e sinto seu abraço apertar como se comemorasse aquela pequena vitória.
- Austrália! parece perfeito! - fala em comemoração.
Ele me solta se pondo em pé me olhando alegre.
- Vou começar os preparativos para a viagem e lhe trarei notícias em breve!
Rob beija minha testa e sai Feliz por ter conseguido me tirar de casa.
Ah se Robert soubesse o que se passava aqui dentro...
Suspiro lentamente.
Estico o braço e abro a gaveta do criado-mudo e pego o celular e puxo o cartão que Dean me entregou com o seu número de telefone, passo ele para agenda do celular e depois pego o diário da mamãe e coloco ele lá prendendo com um clipe.
E vejo um papel amassado que estava lá, e me deito na cama olhando aqueles números e para o nome da pessoa maquinando sobre uma nova possibilidade.
Seguro o celular firme entre os dedos me jogo na cama colocando o celular na orelha.
Eu sozinha, literalmente sozinha. Como ficar bem de novo?
- Oi, Robbie?

FIM.

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