Prólogo

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Myra

A dor era intensa. Quase insuportável.
Sentia como se várias agulhas estivessem sendo enfiadas em cada centímetro do meu corpo.

Isso era algo que se repetia praticamente todos os dias, e eu já tinha me apegado à dor física. Era a distração perfeita para a dor emocional que eu sentia. Pelo menos era o que eu pensava quando estava sozinha naquela maldita cela. Mas quando ele chegava, eu entrava em pânico.

Arthur Prescott.
Também era homem que um dia já chamei de pai. Hoje em dia é o meu captor e o causador da minha miséria.

Ser diferente das demais pessoas é sempre complicado. Pior ainda se você é mutante. Mas segundo Arthur eu era na verdade um demônio. Algo que não merecia estar vivo.

E por isso as seções de tortura. Quase todos os dias. Ou todos os dias. Eu nem sei, para falar a verdade. O tempo passa diferente para quem passa a vida presa dentro de uma cela com as luzes sempre acesas direcionadas ao rosto.

Eu nem sei a quanto tempo estou aqui.

Sei de cor cada mancha e cada rachadura das paredes, da porta de saída, do chão, das grades da cela. Inclusive das correntes que me prendem.

Já passei tanto tempo deitada não chão sem conseguir me mover direito por causa do medicamento que eles injetam em mim que eu nem sei se consigo ficar em pé de novo.

Arthur, a quem eu chamo só de "ele", disse que por ser meu progenitor, não pode me matar. Só por isso eu sigo com vida. Ele diz isso, mas eu sei que no fundo ele me tem como um brinquedinho para saciar o apetite sádico dele por causar dor. E não só o dele, o dos capangas dele também, humanos que odeiam mutantes.

Mas eles não sabem que ele é mutante também. Bom, se sabem ou não, acho que eles não estão dando à mínima. Não entendo bem qual é o poder dele, mas acho que tem a ver com bloquear os poderes de outros mutantes.

É assim que me mantém aqui. Além do tal soro que me deixa entorpecida, ele também usa seu dom para me deixar ainda mais fraca. E cada vez que ele faz isso, como está acontecendo nesse exato momento, eu me sinto como se estivesse morrendo. A dor é excruciante.

Eu já estava no ponto de não conseguir nem sequer expressar nenhum som de dor. Quando eu chegava nessa fase, eu não demorava muito para desmaiar. Mas eu ainda estava com os olhos abertos, olhando para o nada.

Antes de apagar, vi seus olhos verdes me olhando sem nenhuma emoção, como sempre. E então fui abraçada pela tão amiga e aconchegante escuridão, embalada por sonhos de bonitas e felizes lembranças de um passado que parecia fazer parte de outra vida.

Erik

A situação dos mutantes no mundo estava cada vez se complicando mais. Faz um ano desde o que aconteceu com Jean Grey e alguns humanos começaram a nos ver novamente como uma ameaça.

Alguns são grupos religiosos mas a maioria são grupos que querem a perseverança da raça humana e a extinção da nossa.

Tenho estado ajudando tantos mutantes quanto posso e os levando para Genosha, nossa ilha. Tentamos manter a paz e evitar conflitos mas as vezes as coisas tendem a se complicar.

Mês passado resgatamos uma garotinha de 10 anos que estava sendo mantida dentro de uma igreja. Ao que parece os avós dela achavam que deixá-la com as freiras iria fazê-la virar humana novamente.

A pobre menina estava sofrendo maus tratos e quando a levamos para a ilha, ela passou uma semana escondida dentro do quarto que lhe demos.
Estava tão assustada que não queria conversar com ninguém. A única coisa que nos pediu foi para não a levarmos de volta para a "casa das mulheres malvadas".

Eu perco a cabeça com o tipo de pensamento primitivo das pessoas. Charles disse que ainda tem esperança na humanidade e que eu deveria ter também.

Mas eu sei bem o que eles são capazes de fazer quando estão com medo do que é diferente deles. São cruéis. São impiedosos. Perdi totalmente a esperança neles à mais de 10 anos atrás quando mataram minha família na minha frente, por isso quero distância deles.

Akin e Isabela têm me ajudado a tentar desmantelar uma seita que vende mutantes para o mercado negro e pratica rituais religiosos com eles.

Estamos atrás deles a alguns meses. São bem organizados e se escondem bem, mas não foram discretos o suficiente.

Calculamos que devam ter pelo menos 10 dos nossos presos no esconderijo deles.

Estou sentado do lado de fora de um café em Birmingham. Isa está do lado de dentro com ouvidos atentos às conversas de dois homens que acreditamos fazer parte da tal seita.

Akin está do outro lado da rua, preparado observando pessoas suspeitas.
Esta noite vamos invadir o local, que fica na parte norte mais isolada da cidade.

Isabela sai de dentro do café e se senta numa cadeira ao meu lado.
Com um sorriso de lado no rosto ela diz:
— Descobri onde fica o local.

— Ótimo. Chame os outros. Entraremos esta noite.— respondi.

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