T2 C11: Elo - Parte 2.

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Próximo à janela, Yago observa o cenário lá fora. A rodovia vazia agora é iluminada pelo sol tímido. Olha para o outro lado da sala e vê Larry distraído. Desvia para Samuel que cochila na poltrona. Os três estão sozinhos desde que Derek saiu.

– Pensando? - a pergunta de Larry atrai sua atenção.

– Bastante. - Yago diz e afasta o pano úmido do ferimento em seu rosto.

– Sobre? - Larry demonstra curiosidade.

Yago fita a criança na poltrona antes de responder.

– Acho que ainda dá tempo de consertar as coisas. - fala.

– Derek foi fazer isso. Bem ou mal, conseguimos o que queríamos.

– Eu não queria ter matado ninguém. - Yago fala. Derek solta um sorriso e franze a testa.

– Está arrependido?

– Nunca me arrependi de nada, mas para tudo tem uma primeira vez. - Yago joga o pano tingido com seu sangue num canto qualquer e se desloca para o centro da cabine sendo seguido com os olhos por Larry.

– Um pouco tarde para voltar atrás, não acha? - Larry ri. – Não adianta chorar o leite derramado.

– Talvez não seja. - Yago dá os ombros. – E não acho certo envolver o garoto nisso.

– Aonde quer chegar? - Larry adota uma postura mais séria e fica de pé.

– Derek praticamente conseguiu a rendição deles, não tem porque continuar com a criança nisso.

– O garoto ainda pode ser útil. Não sei se seu irmão e Lance vão abaixar a guarda tão fácil. - Larry fala com um sorriso cínico. – Então, sim, o garoto ainda serve ao propósito.

Samuel abre os olhos lentamente e fita os dois adultos que se encaram. Logo nota o clima pesado.

– Eu vou levá-lo comigo. - Yago diz.

Larry saca a pistola imediatamente e a aponta para Yago, que permanece estático no centro da cabine. Samuel assiste sem entender o que está acontecendo.

– Acha que vão te perdoar por levar o moleque de volta? - a pergunta de Larry é acompanhada por um sorriso de desdém.

– Não estou buscando redenção. - Yago rebate. – Esse garoto poderia ser seu filho, está mesmo disposto a fazer algum mal a ele?

– Meus filhos estão mortos. - Larry diz friamente.

– Se estivesse cuidando bem da sua família eles ainda estariam aqui. - Yago provoca.

Larry contorna a mesa e para a dois metros dele com a arma ainda erguida na altura de seu rosto.

– Cale a boca. - Larry ordena com o maxilar trincado. – Não sei nem porque está aqui ainda. Seu próprio irmão reprova você, então não tem mais serventia para nós.

– Estou aqui porque sem mim você não teria entrado naquele hotel e nem sequestrado o garoto. Eu vou levá-lo comigo e depois disso você pode ir atrás do seu amigo para terminar o que começaram.

– O que nós começamos. - Larry corrige. – Por que você nos ajudou, certo? O garoto fica aqui, e você também. Se der um passo, eu atiro e garanto que não vou errar igual ao velho.

– Samuel, levante. Estamos indo embora. - Yago manda e a criança obedece prontamente.

– Estou falando sério. - Larry destrava a arma.

Samuel dá alguns passos na direção de Yago, mas congela na metade do caminho ao ficar sob a mira de Larry.

– Se insistir em tirar o garoto daqui levará apenas um cadáver. - Larry se mantém irredutível.

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