PARTE FINAL
˙·٠•💜•٠·˙
Ele não estava no refeitório servindo o café-da-manhã no dia seguinte, bem como não aparecera para a aula de educação física e para a prova de literatura. A ponta da caneta azul de Ji-ho ficou toda mordida, porque a garota despejou nela toda sua preocupação. Levantaria milhões de suspeitas se perguntasse aos amigos dele sobre seu paradeiro e logo a fofoca chegaria aos ouvidos do diretor, por isso, achou melhor não dizer nada.
O senhor Park tinha ideias muito rígidas sobre a convivência entre adolescentes de sexos distintos, como se isso impedisse qualquer coisa, e descobrir que a filha andava de conversa com o aluno mais bagunceiro da escola criaria pulgas atrás de sua orelha. Isso transformaria tanto a vida dela quanto a de Bin em um inferno. O diretor era muito firme em suas convicções e gostava de declarar que ninguém fugia às regras, nem mesmo seu próprio sangue. Motivo algum era bom o suficiente para fazê-lo mudar de ideia.
Por isso, Park Ji-ho guardou para si os receios que a assombravam e esperou pelo final do dia. Moon Bin tinha que aparecer. Talvez estivesse apenas doente. Até pensou em tentar subornar o monitor júnior a deixá-la entrar no dormitório masculino, mas esse seria outro risco absurdo. Então, as luzes se apagaram indicando o fim de mais uma quinta-feira e a pobre garota teve a certeza de que havia algo de errado.
Já passava das três da manhã quando, finalmente, conseguiu dormir. Deitou-se de barriga para cima na cama, encarando as sombras que as árvores lá fora projetavam no teto do seu quarto, tentando entender o que signifcava aquele desconforto na boca do estômago, como se seus órgãos estivessem entrando em combustão. Odiou o frio que a cercou e sentiu-se absurdamente só ao pensar que Moon Bin pode ter, simplesmente, cansado-se dela e decidido evitá-la dali em diante.
Mesmo que fossem proibidos celulares nas imediações da escola, Bin sempre encontrava uma forma de entrar em contato. Fosse por bilhetes enfiados entre as páginas dos seus livros ou piscadelas discretas quando se cruzavam nos corredores. Ji-ho esperava, ansiosamente, por cada um dos seus sinais. Quando sentia-se triste ou cansada de tanto estudar e engolir decisões sobre seu futuro com as quais discordava, a menina agarrava-se com força à calmaria que se fazia em seu coração toda vez que Bin a abraçava e o cheiro fraquinho da colônia dele se infiltrava nas roupas dela.
Queria que o feriado terminasse logo para poder lhe entregar os cookies que havia preparado especialmente para ele. Apreciariam a vista do lago comendo seus biscoitos enfeitados enquanto tomavam o chá que ele havia roubado da cozinha. Conversariam sobre o que gostariam de fazer se pudessem se teletransportar dali. Ela nunca dizia em voz alta, mas sempre pensava que iria para qualquer lugar contanto que ele fosse junto.
Acordou atrasada para o café da manhã e quando chegou ao refeitório, sem ar e descabelada, deu de cara com Moon Bin. Os olhos do garoto correram imediatamente para o chão e seus pés aceleraram o passo na direção oposta a de Ji-ho. Ela não entendeu nada e correu para alcansá-lo, mas teve seu caminho interrompido por um enxame de alunos do primeiro ano que acabava de terminar sua refeição.
– Bin – chamou e recebeu em resposta um cutucão agressivo no ombro direito. Ao se virar topou com a carranca de Sinb e o sorriso constrangido de Shi Ye-jun.
– Fala gatinha! – Sinb curvou-se um pouco ao falar, mas falhou em manter o tom de voz um pouco mais baixo que normal. – Já estamos sabendo de tudo e é o seguinte, a casa caiu.
– O quê? – Sua reação exagerada foi prontamente abafada pela voz ríspida do próprio pai saindo dos alto-falantes.
"Alunos e alunas do Ensino Médio dirijam-se todos ao teatro, imediatamente. As aulas da manhã estão suspensa até que o incidente seja resolvido."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aroha's Galaxy - Astro Collection
FanfictionQue tal pegar carona na cauda do cometa FU e conhecer uma galáxia não tão distante daqui? Embarque nessa coletânea que irá te levar para um mundo repleto de emoções inesquecíveis. Visitaremos seis destinos diferentes, cada um com sua própria essênci...