Capítulo 11

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ANASTASIA E EVERSLEY: SEDUÇÃO OU ABDUÇÃO?

Graças a Deus eles chegaram! Quinze minutos mais tarde Christian não se responsabilizaria pelo que poderia acontecer entre eles. Que Deus o livrasse de longas viagens de carruagem com mulheres irritantes, impossíveis e admiráveis. Como ele faria para conseguir não tocá-la? Não beijá-la? Sempre que aquela mulher abria a boca, ele a queria mais.

E então ela se declarou subestimada. Disse-lhe que somente agora, fugindo, com Londres e seu passado em seu encalço, ela se sentia livre . Proclamando a própria existência. Como se ele precisasse de uma proclamação para reparar nela. Como se ele não estivesse muito consciente de cada movimento dela. De cada palavra. Apesar de saber que nem deveria estar com ela.

Anastasia foi um problema desde o instante em que ele a conheceu, embaixo da maldita treliça da Mansão Liverpool. Ainda assim, ele parecia ser incapaz de se livrar dela. Christian era o Minotauro, aprisionado no labirinto de Anastasia.

Era bom ele fazer uma pausa para se lembrar de todos os motivos pelos quais não a queria. Pelos quais ele não gostava dela. Anastasia era o oposto das mulheres que ele costumava gostar. Só que não.

Na verdade, ele não teria dificuldade para lhe fazer um elogio. Quando ela enumerou todas as coisas terríveis que ele falou sobre ela até então, Christian se sentiu um verdadeiro cretino. Ele não acreditava em nada daquilo. Não mais. Nunca.

Ele começou a soltar os cavalos cansados, com rapidez e eficiência, enquanto pensava no fato de que os homens que havia encontrado em Sprotbrough podiam ser estúpidos o bastante para acreditarem que Anastasia era um criado comum em uma carruagem comum, mas eles deviam ser espertos o suficiente para perceber que ela tinha saído da estalagem — e perceberiam isso logo. Christian e Anastasia não podiam se demorar ali. O que seria melhor, porque no momento em que ela perguntou se dormiriam ali à noite, o corpo inteiro dele reagiu, querendo responder que sim.

No mesmo quarto. Na mesma cama. E dormir, de fato, seria o mínimo possível. Ela queria se libertar e ele podia lhe mostrar o que era liberdade. Ele podia lhe mostrar o que era felicidade. Só que não podia.

Praguejando baixo, ele entregou o primeiro dos quatro cavalos para o cocheiro e rapidamente soltava o segundo quando Anastasia colocou a cabeça para fora da janela.

__Meu lorde? - ela chamou antes de voltar para as sombras da carruagem.

Ele não queria pensar nela. Estava ocupado demais pensando nela.

__Merda, - ele murmurou.

Cristo. Agora ele praguejava como Anastasia.

__Meu lorde! - Ela parecia em pânico.

Ele entregou o segundo cavalo ao cocheiro e voltou para ela.

__O que foi?

__Eu preciso entrar na estalagem.

__Você não pode ser vista. Fique aqui.

Ela apertou os lábios.

__Eu tenho necessidades.

Ele suspirou. Mas é claro que ela tinha.

__E eu acho que é melhor encontrar outra roupa. O uniforme se tornou um pouco... óbvio.

Ela estava certa, claro. Anastasia parecia um criado que tinha sido arrastado na lama, baleado e deixado para morrer. O que não era uma descrição completamente errada da situação dela. E com o cabelo longo escapando do chapéu, ela seria descoberta de imediato. Quando os caçadores de recompensa chegassem, uma garota vestida de criado esfarrapado seria algo tão inusitado que, com toda certeza, chamaria atenção. Ele não tinha escolha.

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