Capítulo 17

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REI HOJE, DUQUE AMANHÃ

Eversley passou o dia seguinte vagando pelo castelo, evitando Anastasia, e ao mesmo
tempo esperando encontrá-la. Esperando que vê-la pudesse lhe proporcionar de novo o alívio incrível que sentiu quando conseguiu contar para Anastasia a verdade sobre Lorna e ela não fugiu gritando da biblioteca — um alívio consumido em seguida pela culpa diante da decepção que ela de monstrou quando ele declarou que não faria amor com ela.

À tarde, ele foi parar na biblioteca outra vez, tomando um uísque sentado na poltrona onde esteve com ela na noite anterior, torturando-se com a lembrança de Anastasia explorando aquele aposento imenso com alegria e prazer evidentes, e comendo a torta com a mesma empolgação. Ocorreu a Christian que ele iria lembrar dela assim, rindo com os criados , suspirando por pastéis , encarando-o na sala de jantar... Ele pensaria nela com paixão.

Anastasia era toda passional, forte e perfeita, e parar antes de possuí-la por completo naquela poltrona, no chão, contra as prateleiras da biblioteca, várias e repetidas vezes até que nenhum dos dois se lembrasse de mais nada a não ser um do outro, foi uma das coisas mais difíceis que ele já tinha feito.

Mas deixá-la era muito mais difícil. E isso o aterrorizou.

Como cavalheiro, ele não devia sentir culpa. Ele não a arruinou, apesar do acordo estúpido que fizeram. Essa era a questão, não? Era seu papel como um home mm decente proteger a virtude dela, ou não? Mas ele se sentia culpado e isso não tinha nada a ver com levá-la para a cama. Tinha a ver com o fato de que ele não podia ser o que ela queria.

Christian não podia dar para Anastasia o amor que ela desejava. O amor que ela merecia. E a melhor coisa no mundo que ele poderia fazer por ela, àquela altura, seria levá-la para a estalagem em Mossband e fingir que nunca tinham se conhecido.

Como se ele pudesse esquecê-la.

O marquês bebeu um grande gole e a culpa começou a se transformar em frustração. Que grande idiota ele tinha sido ao levar Anastasia para o castelo, ao apresentá-la para seus demônios. De ter oferecido aos dois uma tentação que nunca poderia se concretizar. Porque ainda que ele se casasse com ela, nunca poderia amá-la.

Ele já tinha passado por isso uma vez e veja aonde aquilo o deixou. Sozinho. Bêbado. Na biblioteca.

__Meu lorde?

Christian virou o rosto para a porta, onde Gail aguardava. Gail , que sempre esteve ao seu lado durante a infância, mais mãe do que governanta, mais amiga do que criada. Ela era a única pessoa no mundo que podia olhar para ele com partes iguais de adoração e desdém.

__Entre, Gail, - ele disse, acenando a mão para a poltrona à sua frente. __Sente-se e conte-me as histórias da última década.

A governanta se aproximou, mas não se sentou.

__Você está bêbado?

__Estou me esforçando para isso, - ele ergueu os olhos para ela.

Ela o observou por um bom tempo antes de falar.

__Seu pai deseja vê-lo.

__Eu não desejo vê-lo.

__Você não tem escolha, Christian.

__Ninguém me chama assim.

__Bem, certamente não o chamarei de Rei, - Gail disse, seca e definitiva. __Eu já tenho um rei.

__Além do monarca em Londres, - Christian brincou.

__Se eu não soubesse que é a bebida falando, teria de castigá-lo pela grosseria.

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