PÃO QUENTE OU PADEIRO ESCALDANTE?A carruagem cheirava a pão recém assado. O aroma a envolveu, trazendo a fome em seu encalço. Parecia que fazia uma eternidade desde a última vez em que ela tinha comido uma refeição de verdade, e talvez fizesse mesmo. Entre a fuga da Mansão Liverpool, o ferimento de bala e a fuga dos homens de seu pai, comer bem não tinha sido uma prioridade.
E na noite anterior, quando Christian trouxe uma cesta cheia de comida de verdade para dentro da carruagem, ela não teve muito
tempo de apreciá-la, pois acabou se distraindo com quem trouxe a comida. A lembrança dos eventos daquela noite a fez se endireitar no banco e a deixou consciente de como estava descomposta. Um cobertor com o qual ela não lembrava de ter se coberto caiu sobre suas pernas.Christian devia tê-la coberto. Ela ignorou o calor que veio com essa ideia e começou a se recompor, puxando rapidamente os laços do corpete, cobrindo-se o melhor que podia com aquele vestido emprestado. Depois de completar a tarefa mais urgente, Anastasia ergueu os olhos e reparou em três coisas: a tênue luz cinzenta que iluminava a carruagem, indicando que o dia estava nascendo; o fato de que Christian não estava no assento à sua frente; e o fato de que a carruagem permanecia parada.
Ela espiou pela janela, de algum modo já
sabendo a verdade, mas a fileira de casinhas de tijolo, a alguns metros, confirmou. Eles estavam em Mossband. Continuava tudo ali, o armarinho, o açougue e, claro, a padaria. Já funcionando. Já assando os pães.Anastasia abriu a porta da carruagem e colocou o pé no degrau que já estava ali, posicionado como se estivesse lhe esperando, assim como aquela cidadezinha e todas as lembranças que trazia. Ela se virou para o gramado no centro da cidade , marcado por uma pedra imensa, maior que uma casa pequena e impossível de ser movida. Assim, foi deixada como um marco, com musgo subindo por sua face ao norte, e era isso que dava o nome à cidade — Mossband, faixa de musgo.
Ela inspirou fundo, inalando a luz, o ar e a manhã.
__É como você se lembrava? - As palavras foram ditas em voz baixa na alvorada silenciosa. Anastasia se virou para encontrar Christian perto dela, encostado na carruagem, mais perto do que ela esperava. Perto o bastante para sentir o cheiro dele, para ver a barba por fazer que lançava uma sombra em seu rosto. Eles viajaram praticamente sem parar, e ele não tinha se barbeado. Os dedos dela coçaram de vontade de tocá-lo.
Ele não é meu para que eu possa tocá-lo.
Não à luz do dia. Não ali, no fim da jornada, onde estavam para encerrar seu relacionamento. Um relacionamento que tinha ido muito mais longe do que deveria. Ela pigarreou e encontrou a voz.
__Exatamente assim, - ela percorreu a fileira de casas com os olhos, saboreando o lugar com que tinha sonhado por anos; agora havia uma casa de chá que não existia quando ela era mais nova, bem no alto daquela elevação que virava atrás do pub. __A não ser pela casa de chá.
Christian olhou para o pub.
__A Fuinha e o Pica-pau? Sério?
__Eu acho criativo, - ela disse e riu do espanto dele.
__Eu acho ridículo.
Anastasia meneou a cabeça e apontou para a pedra no centro do gramado.
__Seleste escalou a pedra uma vez. - Ela reparou na interrogação no olhar dele . __Minha irmã.
__Aquela de quem não falamos.
Ele não mencionou o pretendente dela, o
que Anastasia notou. Ela fez um gesto com a cabe ça.
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A fugitiva
RomanceAnastasia Steele é conhecida pela Sociedade como uma das Irmãs Perigosas - mulheres Steele que fazem de tudo para se arranjar com algum aristocrata. O apelido chega a ser engraçado, pois se existe algo que Anastasia abomina é a aristocracia. Mas par...