Capítulo 36

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Me tornei mestre em Letras mês passado e já faz dois meses que estou
ensinado na universidade. Já se passou uma semana desde que assistimos a
estreia de Wanda na TV e todos os dias tento chegar em casa mais cedo apenas
para vê-la em pequenas cenas.

Seu papel tem grandes chances de crescer e, quem sabe, ela possa ganhar
um destaque maior na novela.
Estou na sala de aula, em uma turma de graduação, na qual pretendo falar
sobre o assunto que faz as catracas do mundo girarem. Não há como trabalhar
literatura sem tocar nesse assunto e eu confesso que adoro cada livro que o
tem como protagonista.

- Hoje vamos falar sobre o amor. Esse tema está presente em grande
parte dos textos literários e tem ultrapassado as barreiras do tempo e culturas.
Alguém pode citar um texto que trate do amor?
Um aluno levanta a mão.
- Pode falar - aguardo sua citação.

- Vinícius de Moraes falou do amor de uma forma bem realista em
“Soneto de Fidelidade”.

- Sim. É um poema bastante conhecido. Em que parte especificamente
você acha que está o maior grau de realidade?

- Quando ele diz “que não seja imortal posto que é chama, mas que seja
infinito enquanto dure”.

- Um ótimo exemplo. Obrigada. Há outros autores na literatura que não
abordam o amor de forma tão passageira. Alguns deles tratam das oposições que este sentimento pode apresentar. Camões, por exemplo, foi um poeta do século XVI que falou do amor a partir desse panorama. Até hoje, ele é lembrado por um de seus poemas mais conhecidos. Quem sabe recitar?

Alguns alunos levantam a mão e estou prestes a convidar um deles para
falar, quando a porta é escancarada e toda atenção, repentinamente, se volta
para a pessoa que adentra a sala.

Sou tomada pela surpresa quando ninguém menos do que Sebastian está ali de pé, parado, enquanto carrega um enorme buquê de rosas vermelhas em uma das mãos e uma caixinha de veludo na outra.

Minha garganta seca, falta-me o ar. Sebastian, o grande amor da minha vida, meu CEO, está na minha sala de aula e penso que posso morrer naquele exato momento, quando começa a recitar o soneto, impondo sobre mim o peso do seu olhar cristalino.

“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.”

Ai, Deus, Sebastian levou mesmo a sério quando eu disse que deveria ser criativo em seu pedido? Nem nos meus melhores sonhos imaginei que ele
poderia invadir uma aula minha para falar sobre o assunto que melhor nos
representa.

Ele termina de recitar e olha para toda turma como se quisesse deixar uma
mensagem não apenas para mim, mas para eles também.
Meu coração está batendo forte, minhas pernas tremem, os olhares estão paralisados sobre ele na esperança de que o sentimento falado hoje seja ilustrado diante de todos.
As palavras me faltam, mas Sebastian as têm como aliadas.

- É verdade que o amor está em quase todos os tipos de textos literários,
mas o amor deve estar, primeiramente, nas pessoas. Não é importante apenas
que se fale sobre ele. É importante sentir. Ele dói, como diz o poema? Sim.
Ele tem suas contradições? Sim. Mas ainda é e continuará sendo um
sentimento que vale a pena ser vivido.

Eu estou ofegante. Ele está claramente falando sobre nós diante de todos os
meus alunos. Meu desejo é de me jogar em seus braços sem me importar com
o lugar onde estou nem com os olhares curiosos que, de certa forma, parecem
torcer por nós. Minhas pernas não me obedecem.
Ele continua.

- Estou aqui neste momento para me declarar para a mulher mais sublime,
inteligente e linda que conheço. Eu te amo, Mary. Eu a amo como nunca amei
ninguém e como nunca vou amar.

Deus, tudo parece tão surreal como o sonho mais lindo que jamais sonhei.

- Querida, amor da minha vida, você me daria a honra de fazer do seu
CEO o homem mais amado e feliz desse mundo? Mary Oliveira, você aceita ser
minha esposa?

A turma começa a gritar a palavra ‘sim’ em um coral e me sinto desnorteada por um momento. Ele caminha até onde estou e me entrega o buquê, então abre a caixa onde está uma aliança cravejada de pequenas pedras
rosas, simples, contudo a mais linda que eu já vi.
Tenho dúvida de qual deve ser minha reação por um segundo. Não tenho
sombra de dúvida do meu amor por ele, mas o nervoso repentinamente me
deixa um tanto imobilizada.

- Querida, estou esperando sua resposta. Me tire da miséria e diga o que meu coração precisa ouvir logo.

- Oh, Sebastian, é claro que minha resposta é sim. Sim, sim, sim, meu amor.

Me jogo em seus braços, quase o desestabilizando. Ouço os aplausos dos
alunos quando ele toma minha mão direita e desliza a aliança no meu dedo
anelar. O nervoso não me impede de admirar o anel que não tem começo nem fim, que é símbolo de um amor infinito.

Ele me mostra que já está usando a dele e sorrio por sua pressa de mostrar
ao mundo o quanto está comprometido com nossa relação. Definitivamente, ele
gosta de quebrar tradições, mas não deixarei que faça isso no nosso
casamento.

- Ufa! Finalmente o sim mais difícil da minha vida chegou.

Todos riem na sala e concluo que a aula não poderia ser mais produtiva do
que foi hoje. Todos entenderam na prática do que se trata esse sentimento tão explorado nos livros.
E tenho certeza de que nenhum poeta jamais conseguiu transformar a
intensidade do que Sebastian e eu sentimos em palavras. Não conseguiram porque palavras não são suficientes.

O nosso amor vai além.




















#Nosso casal 🤧❤
#Sebastian 🛐

UM CEO PARA CHAMAR DE MEU - SEBASTIAN STANOnde histórias criam vida. Descubra agora