Capítulo 8

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- Está ainda mais linda hoje, Mary. Tem um brilho diferente no olhar, parece mais animada.

Tom está ao meu lado me encarando com um sorriso sedutor nos lábios. Foi a primeira pessoa com quem fiz amizade logo que iniciei o curso e
só consigo enxergá-lo assim, como um bom amigo.

Às vezes o pego me olhando de um jeito meio estranho, mas nunca alimentei qualquer investida. Sempre o levei na brincadeira.

- É impressão sua, Tom. Estou como sempre fui, tão cheia de trabalho e
atividades que muitas vezes não consigo dar conta.

- Está assim porque quer. Já te chamei várias vezes para estudarmos juntos, mas nunca está disponível.

-  Agora é que eu não estarei mesmo.

- O quê? Aconteceu alguma coisa, Mary?

- Não, imagina. É só um período especial no trabalho que está tomando
muito de mim. Será apenas por um tempo.

- Sei. Imagino que esteja louca para se livrar dele, hein? Eu já consigo
ouvir sua voz recitando “Motivo” de Cecília Meireles, fazendo com que seus alunos se tornem tão apaixonados quanto você é por ela.

- Não há nada que eu mais queira, Tom. Só você pra me entender, meu amigo.

Ele baixa a cabeça como se estivesse um tanto pensativo e depois volta a
me olhar com o esboço de um sorriso no rosto.

-.O meu próximo convite será para aproveitarmos a noite da cidade. Acho que é disso que você está precisando.

- Eu na balada com tanta coisa pra dar conta? Não seja bobo.

- Precisa levar a vida um pouco menos a sério, Mary.

- Shhh, olha, a aula vai começar. Vamos fazer silêncio.

O nosso professor de Texto e ensino entra na sala cumprimentando a todos
e, depois de nos sobrecarregar com mais meia dúzia de leituras, anuncia que receberemos uma visita ilustre naquela manhã.

- A pessoa que tenho a honra de apresentar a vocês é um dos grandes
benfeitores da universidade e patrocina diversos projetos de pesquisa na área
de linguagens, sendo alguns desta turma.

Estou curiosa para saber quem é esse homem tão poderoso que está
investindo generosamente parte do seu tempo e dinheiro nos projetos de
Letras.

- Ele é executivo e proprietário de uma das maiores editoras do país e está pensando em ampliar ainda mais sua empresa. Tenho orgulho de dizer a
todos que nesta cidade há investimento em cultura.

Poderia ser ele? Não é possível, seria muita coincidência. Só de pensar na
possibilidade, sinto arrepios passarem por minha espinha dorsal. Já faz um
tempo que não temos qualquer contato mais... cara a cara.

Quer dizer, ele quase não para na empresa e quando está lá, é como um
Deus soberano que mal cumprimenta seus súditos. O homem sabe que fui a um sexy shop e que comprei brinquedos eróticos mesmo que eu tenha sido tão discreta, então eu deveria soltar fogos por não ter que voltar ao seu escritório.

Mas não estou soltando. Principalmente porque me sinto tão confusa quando não recebo sequer um
olá de sua parte, mas as mensagens tentadoras continuam chegando todas as noites. Eu já estou viciada nelas.

A porta se abre e todos os pescoços viram para conhecer quem é o novo
super-herói das galáxias, já que praticamente foi essa a imagem vendida pelo professor.

Não é preciso tanto para acertar na mosca quem é o cara que passa por
aquela porta, não é mesmo? Embora não venha voando, o homem exala
imponência e grandeza por onde quer que passe como os melhores heróis dos quadrinhos fariam.

Merda! Algo me diz que vamos nos encontrar mais do que eu presumia.

-.Queridos alunos, deixe-me apresentá-los ao Sr. Sebastian Stan,
CEO do complexo editorial Stan e patrono da nossa universidade. Em
nome dos nossos estudantes, te dou as boas vindas, Sr. Stan.

O burburinho na sala é geral.

Os rapazes falam sobre a possibilidade de uma oportunidade na editora ou
de publicar seus livros. As meninas fazem piadas sobre a riqueza e beleza
irretocável do executivo.

E eu? Eu fico apenas surpresa, de boca aberta como uma pateta, por reencontrá-lo mais uma vez e fora do ambiente de trabalho.

- Obrigado, Sr. Hiddleston. Eu sempre contribuí com a universidade, mas
nunca despertei o interesse em conhecer os beneficiados pelos nossos
programas mais de perto. Fico feliz em saber que de alguma forma estou
dando uma força para a realização do sonho de vocês. Estou apenas devolvendo o que fizeram por mim um dia e espero que não desperdicem essa
oportunidade. Sucesso a todos.

Ele faz todo o seu discurso me fitando o tempo inteiro. O que pode ter despertado seu interesse em conhecer os alunos, já que afirma nunca ter
demonstrado antes?

- Você percebeu que ele não tirou os olhos de você, Mary? Já o conhece
de algum lugar?

Deixo de encarar o homem magnífico que ainda é o foco da atenção de
todos e me viro para responder a Leandro mesmo que meu olhar teime em encontrar seu próprio destino.

- Ele é meu chefe na editora. Quer dizer, só o conheci recentemente e não
tivemos muito contato. Sr. Stan é o CEO, então, como revisora, eu só convivo com meu chefe imediato - minto, sem querer dar margens a especulações.

-Ah, então deve ser isso, mas ele continua te observando e por um
momento tive a impressão de que não era um olhar de chefe para sua
funcionária. Ele parece bastante irritado.

Levanto minha visão novamente na direção de Sebastian e percebo quando ele fala algo no ouvido do professor, que me busca pela sala até me encontrar.

Ele volta sua atenção para o patrono, balança a cabeça e Sebastian se
despede da turma, sem voltar a me encarar. Sinto-me aliviada, mas não o
suficiente, pois noto que algumas colegas me fitam e outras até cochicham alguma coisa, sem tirar os olhos de mim.

Baixo a cabeça e finjo que estou lendo a apostila da aula. Eu não gosto de
ser o assunto central das fofocas. Não mesmo.

- Ele não tinha motivo para ficar irritado, Tom. Que eu lembre, não cometi nenhum erro ontem na editora. Deve ser impressão sua ou ele deve ser sério assim mesmo.

-  É, deve ser impressão minha — Tom não parece muito convencido com
o que diz.

A aula transcorre sem mais interrupções e desta vez tento me concentrar o máximo possível, já que não tenho nenhuma distração me preocupando.

Não vou mentir que vez ou outra minhas lembranças vão de encontro aos sonhos eróticos que tenho quase todas as noites, mas as coloco de lado assim que me dou conta de que há outro sonho maior que eu preciso conquistar.

E esse tem que ser bastante acordada.
A aula termina mais cedo, então respiro aliviada uma vez que não preciso sair correndo pelo menos hoje. Estou conversando com Tom e já me
aproximando da porta quando ouço o professor chamar pelo meu nome. Sim, a cena se repete. O que será desta vez?

Caminho em direção a ele, confusa, pois não faço a menor ideia do que
teria para falar comigo.

- Mary, está com muita pressa para ir embora? Parece que o nosso patrono
gostaria de conversar com você.

Engano achar que teria uma manhã tranquila. Estou com uma sensação
e ela não é boa. Sinto-me sufocada e perturbada. Algo me diz que não vou
gostar dessa conversa.

Nem um pouco.















UM CEO PARA CHAMAR DE MEU - SEBASTIAN STANOnde histórias criam vida. Descubra agora