Capítulo 18

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Então Sebastian estava certo que eu cairia em seus braços na primeira
oportunidade. Claro. Nenhuma mulher em seu juízo perfeito recusaria um
homem como ele, certo? Por que seria eu a primeira?
Parece um tanto surreal ver meu nome gravado nos braceletes uma vez que
só fui para sua cama hoje. Foi tudo premeditado. No dia que ele veio ao sexy shop já havia pedido para incluir o meu nome. Essas coisas não são feitas do  dia pra noite. São?

- Você só pode estar de brincadeira. Quer que eu seja sua submissa ou
algo assim?

Seu olhar é de desespero. Parece que minha reação não foi a esperada por
ele.

- Não, Mary. Eu não sou um dominador e muito menos prático sadomasoquismo. Apenas gostaria de vê-la usar um presente, algo como uma marca pessoal que estou deixando em você.

Mal sabe ele que já deixou meu peito intimamente marcado. Eu não preciso
de braceletes para isso.

- Percebe o que está me pedindo? Você fez um discurso sobre sua falta de
interesse num compromisso e agora está me pedindo para usar braceletes nos quais estão escritos que lhe pertenço? Isso tudo parece tão fantasioso.

- Pelo tempo que durar. Não é tão difícil de entender.

- Vá para o inferno com sua teoria - estendo a caixa de volta para ele.
- Me responda apenas uma coisa, Sebastian. Se eu te pedisse para usar algo semelhante, você toparia? Talvez eu devesse encomendar uma coleira para você?

Ele fecha os olhos e respira fundo. Quando abre suas pálpebras, penso em afastar meu olhar com medo de não resistir e concordar com qualquer loucura que ele me oferte.

Há confusão, ternura e medo. Sebastian me observa um tanto amedrontado
como se quisesse muito me dizer que aquele presente representa mais que um acordo, contudo não o faz.

- Você está sendo irracional e exagerada. É apenas uma joia.

- Exatamente o que imaginei. Se fosse o contrário, você não usaria
mesmo porque você não pertence a ninguém além de sua empresa, não é?

- Não é bem assim.

- Ah, é bem assim. Como foi que você me disse outro dia? A mulher que
quisesse ficar comigo teria que aceitar que meu coração está na empresa. Que patético!

O carro se aproxima da rua onde fica o hotel e sinto-me cada vez menos
tentada a voltar para lá. Nada que aconteça entre nós pode estragar o dia
maravilhoso que tive ao seu lado, mas parece que um pouco do encanto se foi, de alguma forma.

- Olhe para mim, Mary - ele parece decidido a me convencer e estou
cada vez mais decidida a não me deixar ser manipulada. Com quem ele está
me confundindo?
Olho para a janela e começo a avistar a fachada do hotel. Viro-me em
direção a ele, em seguida.

- Estou olhando, Sebastian.

Ele abre novamente a maldita caixa e passa um tempo observando seu
conteúdo. Não sei se é impressão minha, mas sinto que ele está um pouco indeciso do que deve dizer por um segundo.

- Lembra que eu comentei que às vezes gosto de restrições? Esses braceletes não servem apenas para marcá-la como minha enquanto estivermos juntos.

- Não? Para que mais servem então?

- Veja isso - aponta um pequeno gancho preso a cada um deles e levanta
uma espécie de corrente dourada, também cravejada de pequenos diamantes.
- Eles são um objeto de restrição. Eu posso prendê-la onde eu quiser usando essa corrente.

Quanto mais eu ouço, mais tenho vontade de correr de tudo isso. Oh, Deus, por que permitiu que esse homem cruzasse meu caminho e mexesse com meu mundo desse jeito?
Eu confesso que até estava disposta a arriscar meu coração em uma
aventura com Sebastian, mas não posso lhe dar mais poder do que devo.

Homens como ele não conhecem limites. Eu estaria esmagada e humilhada quando ele enjoasse de mim.

- Como uma espécie de algema - solto um riso fraco. - Além de andar
pelas ruas com um selo pessoal seu, você ainda queria me manter como uma submissa na cama. Tudo do seu jeito e conforme sua vontade.

- Não é bem assim, Mary. Entenda.

- Chega, Sebastian. Acho que já entendi tudo que eu precisava e posso te
garantir que não preciso disso. Eu quero alguém que me trate como mulher e não como propriedade. Diga-me uma coisa. Você dá isso a todas as suas amantes?

- Mary...

- Diga, droga!

- Inferno, como você é frustrante. Eu nunca dei braceletes a nenhuma
mulher antes. Somente a você. Satisfeita?

- Não, eu não estou. Me leve para casa, por favor. Fiquei um pouco cansada, de repente.

Sebastian abre e fecha a boca algumas vezes perdido em sua própria
confusão, então balança a cabeça, acenando positivamente. Meu coração se aperta porque, por um instante, pensei que ele ia argumentar, insistir um pouco. Mas não o faz.

Sem tirar seu olhar de mim, se move para descer do carro e ordena ao
motorista que me deixe onde eu quiser. Antes, ele abre minhas mãos e deposita a caixa ali. Quase as sinto queimar, mas fecho meus dedos em volta dela,
decidindo guardá-la como uma lembrança desse dia.
Mesmo que ela seja a razão pela qual estou indo embora.

- Vá para casa e pense melhor sobre nós. Esta conversa ainda não
terminou. Nós ainda não terminamos.

Sem me dar a opção de responder mesmo que eu não tivesse a menor ideia do que dizer, ele sai do carro, deixando que o motorista me leve para casa com o coração desolado e a caixa na mão.

É estranho o que sinto. É quase como uma espécie de saudade do que
podia ter sido, mas não foi. Do que podia viver, contudo não viverei. Dos
planos que se foram sem nem mesmo terem um início.

Estranha nostalgia.
Por que eu simplesmente não conduzo meu ponto de vista para o lado bom
dessa história toda? Estávamos fadados a seguirmos caminhos diferentes mais
cedo ou mais tarde, ainda que eu estivesse determinada a brigar contra.

O motorista encosta de frente ao prédio sem que eu tenha lhe dado meu
endereço. Foi ele quem veio nos buscar na noite anterior, então sabe onde eu
moro.

Desço do carro, lhe agradecendo, e entro em casa grata pelo silêncio dar
indícios de que Wanda não está aqui ou eu teria um caminhão de satisfações a
dar.

- Te adoro, Wan, mas hoje não - digo em voz alta, tendo apenas os
móveis como testemunha.

Um latido alto me assusta. Alfred corre em minha direção, abanando o
rabo enquanto faz pequenos círculos à minha volta como um modo de
demonstrar sua alegria.

- Ei, bonitão, estava com saudades de mim?

Ele pula no vestido Dior que se ajusta ao meu corpo e morde o tecido
como se estivesse me convidando para brincar. Fecho os olhos me sentindo culpada quando ouço o rasgo.
Alfred me olha desconfiado com um pedaço de cetim rosa na boca,
esperando que eu brigue com ele.
Sorrio.

- Sabe de uma coisa, amorzinho? Eu pouco me importo se essa roupa é de
grife ou não. Se o estúpido do meu chefe tivesse me trazido para casa ontem, eu não estaria usando isso, portanto a culpa é dele se a peça está rasgada.

Me jogo na cama e meu cão fiel sobe também, deitando-se ao meu lado
como se entendesse que não fiquei brava com ele.

Pensando bem, se ele tivesse me trazido para casa ontem, eu não teria
tantas recordações deliciosas deste dia que, definitivamente, gostaria de
repetir se não fosse por seu jeito possessivo e esmagador.

A maldita caixa queima em minha mão. Eu abro e retiro um bracelete de
dentro, admirando cada pequeno detalhe projetado e confeccionado com esmero. Eles poderiam passar a ter um valor sentimental se fossem um simples presente como Sebastian disse.
Mas não são.
Eles representam um jogo que não estou disposta a jogar. Eu não perdoaria a mim mesma se me permitisse ser o brinquedinho descartável de um homem
que deixou clara sua intenção de apenas me usar e jogar fora a qualquer momento.
Não mesmo.

UM CEO PARA CHAMAR DE MEU - SEBASTIAN STANOnde histórias criam vida. Descubra agora