- Quem é Samuel Roiit?
Decidi perguntar uma semana após o ocorrido. O máximo que eu receberia seria uma resposta rude e eu era crescido o suficiente pra não ter medo disso.
- Meu ex noivo.
Ela respondeu secamente ainda olhando pra pilha de papel sinalizando que aquilo era o máximo que falaria.
- Sobre a seleção de modelos para as fotos da propaganda você já tem alguma resposta?
Decidi recalcular a rota porque nem eu estava disposto a insistir num assunto falido.
- Eles vão me mandar até a sexta pra que possamos escolher juntos.
- Muito bem então.
- Sobre o Samuel, não pense que quero ser rude mas eu não gosto de falar dele. Nos mudamos pra cá porque esse seria nosso lar depois do casamento mas eu descobri que não era a mulher dos sonhos dele como o mesmo dizia.
Então estávamos lidando com um caso de rejeição, por isso aquela expressão... Alguma coisa não se encaixava.
- Acho que posso entender.
- Honestamente não vejo como Darius.
- Porque?
- Você parece o tipo de homem que não gosta de casamentos.
- De fato não gosto, porém não me preocupo em criar um personagem que gosta e viver nele.
- Isso é um ponto positivo sobre você eu acho.
- O que isso quer dizer Nathalie?
- Nada relevante, apenas estou dizendo que ao menos é honesto.
- Você parece ressentida.
- Não por isso, Samuel faz parte do meu passado.
- Mas porque ser mãe logo depois desse fato trágico?
- Talvez eu tenha comentado mas não me lembro ao certo, tenho enfrentado uma condição de saúde que pode tirar o meu desejo de ser mãe.
- Então você está apostando em tudo?
- Bem... em quase tudo.
Ela riu timidamente.- Não é como se eu fosse dormir com o primeiro cara que aparecesse nos meus dias férteis pra tentar ter um bebê.
- Você entendeu senhorita Millano.
- Sim, perfeitamente.
- Você não ficou assustada?
- Com o que?
- A ideia de ter uma criança sozinha.
- Sim, eu ainda não processei muito bem isso mas eu sei que posso conseguir, se precisar eu até me mudaria pra uma cidade menos movimentada compraria uma casa grande o suficiente pra poder ter um escritório e trabalhar de casa.
Eu não deixaria que você fosse a nenhum lugar que eu não fosse junto Nathalie.
- Mas eu tenho certeza que você vai conseguir.
- Eu também acho Darius.
- E como vão as coisas na Bass.
- Piores impossíveis.
Nós não tínhamos muito dialogo o que me deixava mais inquieto ainda porque eu queria saber como as coisas estavam indo se havia alguma complicação mas, eu simplesmente não conseguia sentir segurança pra iniciar esse assunto e esclarecer as coisas.
Pelas minhas contas Nathalie estava em sua décima quarta semana quando eu entrei no escritório e a encontrei extremamente chorosa.
- Aconteceu alguma coisa?
- Minha ginecologista me ligou dizendo que tem um problema .
- O bebê está bem?
- Na verdade sim, por enquanto pelo menos.
- Não entendi.
- Ela disse que houve um problema com a clinica e que a pessoa que foi meu doador não era anônimo, doutora Gail me avisou sobre a possibilidade de talvez o doador solicitar a interrupção da gravidez uma vez que o mesmo não autorizou e pediu que tudo isso fosse removido dos registros da clinica.
Droga agora é inevitável eu teria que falar.
- Tenho certeza que ele não vai fazer isso.
- Do que está falando Darius?
- Eu nunca abriria mão do meu bebê.
- Você não pode ser...
Ela me fitou com descrença enquanto se afastava.
- Eu descobri a quase dois meses atrás mas não conseguia encontrar coragem pra te dizer.
- O que está falando , isso não pode ser real, você já sabia quando eu comecei a trabalhar aqui?
- Claro que não! eu congelei meu material naquela clinica quando fiz uma operação a dois anos atrás porque tinham grandes de chances de não poder ter filhos como sequelas da cirurgia.
-Então eles...
- No dia em que eu fui com meu irmão até lá eles me parabenizaram e eu não conseguia compreender até que descobrimos que inseminaram alguém como seu eu tivesse doado, eu fiquei com muita raiva e exigi que eles quebrassem o protocolo e me dessem o nome da mãe e foi ai que chegamos até você.
- Você vai acabar com tudo?
Ela não me encarou quando perguntou.
- Você acha que eu teria esperado tanto tempo pra te contar se fosse fazer isso?
- Então você vai tirar ele de min.
- Não necessariamente.
- O que?
- Eu quero essa criança tanto quanto você porque também pode ser a minha única chance, eu não pretendia que fosse agora mas irei agarrar essa chance com todas as minhas forças então...
- Então o que?
- Podemos chegar a um acordo, e podemos ser os pais dela. Eu não quero brigar com você e nem fazer da sua gestação um mar de audiências e processos .
- Mas...
- Precisamos estar de acordo um com o outro, eu quero registrar meu filho quando nascer, participar da gestação, te ajudar e ter direito nas decisões junto com você.
- Embora eu ainda não consiga pensar a longo prazo como você eu não vejo como poderia me opor a isso já que...
Ela fez uma pausa.
- O que Nathalie?
- Eu não teria essa criança se não fosse você então eu acho que temos um bom ponto.
- Eu também não teria sem você.
- Mas espero de coração que você não quebre a confiança que estou depositando com um processo futuro.
- Não se preocupe sobre isso, eu só quero estar perto da minha criança e cuidar dela desde agora.
- Do que está falando?
- Que eu vou passar por cima de quem for pra proteger meu filho mesmo enquanto ele estiver em sua barriga e não importa quem seja.
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Então somos Três
RomanceNathalie Millano tinha acabado de se mudar para Londres para começar uma nova vida quando descobriu que seu noivo tinha outra e que um problema de saúde a impediria de ser mãe a longo prazo. Agora no auge dos 28 anos e solteira ela deveria op...