- Você dormiu aqui.
Ela falou me encarando completamente a vontade em sua cozinha preparando café.
- Pensei que você poderia se sentir mal e eu não estaria aqui.
-Faz sentido, de qualquer maneira obrigada.
- Você não precisa agradecer por isso, porque não senta? eu pedi a Dixon que trouxesse algumas coisas pra nosso café.
- Tudo bem, se você quiser tomar banho o banheiro fica ao lado do meu quarto que você provavelmente sabe onde é porque eu lembro de ter adormecido na sala mas hoje pela manhã estava no quarto.
Ela parecia descontraída.
- Eu não poderia deixar você dormir no sofá depois de ter chegado daquele jeito, e a propósito por favor não deixe as coisas ficarem assim outra vez ou eu terei que intervir.
- As vezes acho que o Jeff agora me odeia.
- Eu acho que ele estava apaixonado por você.
- Do que está falando Darius?
- Com um filho na cabeça dele você não teria mais chances de uma relação então agora ele te repele.
- Porque eu estou dando relevância a isso Darius?
- Porque você sabe que estou certo.
- Mas você acha que ele iria tão longe a ponto de me maltratar desse jeito?
- Parece que você apanha da vida e mesmo assim não aprende não é mesmo?
As vezes eu acho que por trás da capa de mulher independente existe uma extremamente frágil e ingênua.
- Enfim... Ela pareceu ressentida com minha reflexão. - O que você queria falar comigo ontem?
- Na semana passada quando eu viajei eu comprei algumas coisas pra o nosso bebê espero que não se importe.
- Claro que não Darius! eu estou feliz que tenha feito na verdade, eu ainda não consegui avançar tanto assim porque ainda tenho medo você sabe...
- Mas em breve estaremos no quinto mês, a doutora disse que...
- DROGA!
Ela me interrompeu correndo pra um calendário na geladeira.
- Tenho uma consulta hoje.
- Que horas?
- Daqui a uma hora.
- Então temos tempo.
- Você tem uma reunião agora pela manhã.
- Na verdade não, eu até estava estranhando porque havia um vácuo em minha agenda, com certeza devo ter esquecido.
- Então eu vou tomar banho e me vestir, você pode usar o banheiro que eu disse .
- Tudo bem eu vou limpar isso aqui primeiro.
O apartamento dela era moderno mas ao mesmo tempo aconchegante, de repente me peguei imaginando aquele branco extremamente colorido por brinquedos e itens de criança, todo aquele vidro parecia não combinar com alguém começando a andar exatamente como todas aquelas escadas da minha casa e de repente pensei que talvez eu realmente estivesse a frente do meu tempo como Nathalie falou mas era algo involuntário.
Quando sai do banho ela estava vestindo azul, eu acho que essa era uma das cores que mais combinavam com sua personalidade.
- Estava a sua altura?
Ela falou em tom de deboche.
- Nathalie, Nathalie... Você age como se viesse de baixo mas nós dois sabemos que nem alguém com seu ótimo salário de diretora de Marketing conseguiria manter esse apartamento aqui.
- Você me pegou.
- Ela riu e começou a organizar a bolsa enquanto eu terminava de me vestir.
O trânsito não estava ruim então chegamos ao consultório da doutora Gail em cerca de 25 minutos.
- Bom dia senhor Cross, é bom vê-lo aqui outra vez.
Eu ainda não tinha decidido se gostava dessa médica ou não, mas o importante é que ela estava cuidando bem da Nathalie e do bebê.
- Eu gosto de estar por dentro do que está acontecendo doutora.
Respondi talvez seco demais.
A enfermeira conduziu Nathalie até a sala que o exame seria feito e ela trocaria de roupa mas antes que eu pudesse acompanhar doutora Gail me parou.
- Algum problema?
Perguntei prontamente.
- Não realmente, mas eu preciso que Nathalie pare de pegar todo trabalho do mundo pra sí os níveis de stress estão muito altos , os hormônios já estão uma loucura por causa da gravidez e se a pressão aumentar ai será extremamente perigoso pra gravidez; Antes ela estava só mas agora vejo que o senhor é muito presente então acho que está na hora de curtir um pouco a gravidez e eu já tentei alertar mas parece que ela simplesmente ignora.
- Não se preocupe, eu vou ajudar com isso.
- Que bom! isso é bom pra vocês dois.
Seguimos pra sala e Nathalie já estava deitada na maca. Todas as vezes que fazíamos ultrassom eu conseguia vê a real dimensão de sua barriga que normalmente não era tão visível embaixo de todas aquelas roupas.
- E então está tudo bem doutora?
Ela perguntou após ouvirmos os primeiros batimentos.
- Por aqui tudo bem, a bebê está no tamanho correto os batimentos estão okay e a formação também...
- Espere você disse ela?
Interrompi.
- Eu não me lembrava que hoje seria o grande dia, me desculpem.
- Então é uma menina doutora?
Os olhos da Nathalie já estavam cheios de lágrimas.
- Bem, é o que o monitor me mostra.
Ela respondeu sorrindo pra nós.
Aquele momento despertou em min uma sensação completamente nova. Droga eu queria chorar...Era tão emocionante saber que em alguns meses eu pegaria alguém nos braços e esse pequeno ser teria um pouquinho de min.
Olhei nos olhos da Nathalie e ela parecia entender exatamente o que eu estava pensando.
- Nathalie eu sei que você está preocupada mas a parte mas perigosa já passou, você ainda deve ser cuidadosa mas os riscos de um aborto espontâneo são muito remotos nessa altura principalmente porque você não tem nenhuma doença preexistente e nem a criança.
- Então estamos mesmo bem?
A médica assentiu e era como se estivessem tirando um peso das costas de Nathalie.
Quando saímos do consultório eu estava fazendo um grande esforço pra conter meu entusiasmo não queria parecer deslumbrado mas com toda certeza havia algo que eu queria fazer.
- Senhor vamos pra empresa ou deixaremos a senhorita Millano em casa e depois seguimos?
- Nenhum dos dois Dixon, vamos a esse endereço que eu mandei no seu celular.
Eu já havia esperado tempo demais , precisava deixar que Nathalie também participasse disso.
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Então somos Três
RomanceNathalie Millano tinha acabado de se mudar para Londres para começar uma nova vida quando descobriu que seu noivo tinha outra e que um problema de saúde a impediria de ser mãe a longo prazo. Agora no auge dos 28 anos e solteira ela deveria op...