Eu nunca fui um cara popular. Na verdade, as pessoas nunca se aproximavam muito de mim. Acho que eu sempre fui meio sério demais. Isabelle dizia que eu tinha a cara emburrada e parecia que estava sempre com raiva ou dor de barriga.
Na época, eu achava que ela estava exagerando, mas agora vejo que talvez tivesse razão. Eu tinha raiva mesmo, uma raiva contida de mim mesmo, por não conseguir me entender, aceitar que eu não era como os outros caras que eu conhecia.
E eu me continha tanto, que doía a barriga. Hilário, né. Mas eu era triste e introspectivo. E me afastava de todo mundo.
Sendo bem sincero, porque agora estou bem comigo e fica mais fácil falar sobre isso, eu não sabia o que fazer com a minha orientação sexual. Descobri que era gay, que amava garotos, que eles me excitavam, que queria tocá-los e que me tocassem também, mas não sabia como lidar com isso.
Eu era só um adolescente bonitinho e estava no time de basquete quando me dei conta de tudo isso. E foi estranho, porque passei a me policiar no vestiário, na quadra, e com os caras do time. Tinha pavor que descobrissem e, pior, de me apaixonar por um deles. Eram todos héteros e eu seria banido e talvez espancado. Então, larguei o time e me fechei. Fiquei sendo só um nerd, escondido atrás de óculos, que eu nem precisava mais, e agasalhos de moletom.
E isso durou todo o colegial. Eu me escondi 'no armário' tão bem e por tanto tempo, que já não sabia sair de lá. Já estava acostumado aquele esteriótipo caladão. Eu já não me lembrava que aquilo era só uma fachada.
Mas isso foi só até ele aparecer na minha vida. Até eu o conhecer. Uau...ele chegou como uma ventania, um furacão, um tsunami, arrastando de mim todas as capas que eu usava para me proteger. Ele me descascou como uma cebola, me expôs com tanta facilidade, que eu me vi babando, como um adolescente tarado, só em vê-lo.
Magnus não era nada do que eu achava que gostaria num cara. Eu pensava que gostava de tipos como os atletas dos times da escola, todos machos carregados de testosterona, mas prontos para uma brotheragem de vez em quando. Pensei que os encontraria na faculdade e tudo seria mais fácil.
Ele era asiático, com olhinhos puxados. Usava glitter nos cabelos, unhas pintadas de azul marinho _ porque combinavam com seu visual da semana _, delineador nos olhos, e roupas incríveis, porém chamativas. Magnus chegava e todo mundo sabia que ele havia chegado. Era forte, tinha músculos desenhados a mão. Sua pele era dourada e os olhos cor de âmbar.
Era o homem mais lindo que eu tinha visto na minha vida, mas andava cercado de homens e mulheres que o adoravam, como eu de longe.
Magnus tirou toda a segurança que eu havia conseguido manter ao longo dos anos, me escondendo de mim, e acordou o homem gay que havia no meu eu, me fazendo pensar nele dia e noite. Era assustador e desesperador, porque...eu nunca teria chances com um cara como ele. Novamente eu estava com medo de me apaixonar pela pessoa errada e me ferrar no final.
Mas, mesmo assim, estava indo ao encontro dele. Sim, isso não parece louco? Ele falou comigo. Uau, ele falou comigo assim como se fosse normal. E talvez seja, só que eu não estava mais acostumado a ser visto. Consegui passar despercebido por tanto tempo que quando ele falou comigo devo ter parecido um idiota.
.
_ Bom dia, bonitinho..._ Magnus falou, se sentando ao meu lado, na área vivência do campus.
Ergui os olhos do livro e olhei ao redor, mas não havia outra pessoa ali, além de nós. _ É...é comigo...sou eu?
_ Tem outro bonitinho aqui? _ o tom melódico da voz de Magnus era inebriante e eu quis sorrir, mas me contive.
_ Desculpe… _ forcei-me a falar.
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Primeiro encontro
Hayran KurguO que fazer quando você vive trancado tanto tempo no armário que já nem sabe como sair, e um dia o amor bate na porta e o chama para dar uma volta?