MAÇÃS PODRES

608 65 42
                                    


O barulho da chuva fina batendo contra o vidro obrigaram-na a despertar, ela suspirou fundo e sentiu o corpo pesado, os olhos verdes se arregalaram num instante, o corpo dele colado ao seu abraçando-a por trás enquanto dormia tranquilamente. O sorriso instalou-se nos lábios finos dela naquele momento, e decidiu ficar mais alguns minutos imóvel dentro daquele abraço.

A respiração dele nunca esteve tão calma, enquanto dormia e expirava entre seus cabelos cor de rosa, fazendo-a se arrepiar. Sakura teve certeza de que aquele era seu lugar no mundo.

Lentamente ela escorregou para a borda da cama, vendo-o substituí-la pelo travesseiro fofo e abraçando-o logo depois de um suspiro. Sakura não conseguia parar de sorrir naquela manha chuvosa, era o dia mais lindo do qual ela poderia se lembrar, passou os dedos pelos cabelos negros dele algumas vezes, vendo na expressão de seu rosto o quanto aquele cafuné parecia gostoso.

A Haruno levantou-se da cama finalmente, o carpete do chão impediu que ela tivesse o impacto do chão gelado, ela procurou por algum tempo suas roupas pelo chão do quarto para só depois lembrar de que não iria encontrá-las ali. A melhor ideia que teve foi de abrir o guarda roupas e cobrir-se com uma única peça, uma camisa preta com um símbolo branco e vermelho, que por algum motivo lhe parecia familiar, nas costas. Sakura abriu a porta do quarto e pode ver o Uchiha virando-se e lhe oferecendo a visão de suas costas nuas, e agora marcadas pelas unhas dela, olhou para suas unhas pensando se não seria bom corta-las um pouco, sorriu ao fechar a porta do quarto.

O corredor estava com todas as luzes ligadas, o que era um bom sinal, já que a ultima coisa que se lembrava era do breu no apartamento. Isso não importava mais, a única coisa que passava por sua cabeça agora era o seu infalível plano. Ela podia não ser um mestre na cozinha como Sasuke, mas achou-se perfeitamente capaz de fazer ao menos um café da manha digno daquele homem que ainda dormia entre os lençóis bagunçados. A Haruno parou, simplesmente parou de caminhar, os músculos do corpo se trancaram e até mesmo sua respiração fez uma longa pausa.

A mesa estava perfeitamente posta, com frutas cortadas, pães frescos e o cheiro do café tomando conta do local, duas xícaras vazias uma ao lado da outra. A terceira xícara estava na mão dele, o homem alto sentado a ponta da mesa, a pele quase pálida, com traços perfeitamente desenhados que encaixavam-se com eximia perfeição no rosto sedutor, os cabelos tão pretos que pareciam se esvair em vida, e os olhos negros em formato de amêndoas, exatamente como os de um gato arisco, as calças pretas num tecido pesado de moletom e a falta de uma camisa para cobrir seu corpo esculpido, olhando atentamente o jornal dobrado em suas mãos, finalmente tirou a xícara branca da boca, e quando se moveu foi quase como assistir óleo se espalhando sobre uma tela, fluido e sereno. Ele voltou seus olhos felinos para ela um segundo depois e a voz rouca fez com que cada pelo do corpo dela se arrepiasse, aquele homem, com certeza era uma previa do que Sasuke seria um dia.

— Bom dia, querida. — A voz dela abandonou-a por um longo espaço de tempo longo o suficiente para ele continuar. — Me chamo Itachi... Uchiha, mas isso acho que você já sabia.

— Bo-bom dia senhor Sakur.. desculpe, Itachi, eu sou Sakura. — Ela levou a mão a barra da camisa que vestia, já que esta era a única coisa que vestia. Me desculpe, Sasuke falou que você não estaria aqui.

— De fato, não era para estar. — Quando ele sorriu e escorou o rosto sobre as costas de sua mão foi como assistir uma peça de Shakespeare, uma verdadeira divindade. — Mas precisarão de mim mais tarde no hospital, por isso resolvi ver se estava tudo bem com meu irmãozinho. Mas pelo que posso ver, você está cuidando dele muito melhor do que eu jamais poderia.

O tom de voz dele foi rapidamente trocado para algo incrivelmente irônico e risonho, não que não tivesse seu charme, mas ela estava envergonhada de mais naquele momento para perceber isso, sorte sua, que seu cavalheiro de armadura sempre chegava na hora certa, o Uchiha mais novo laçou seu pescoço com um dos braços e puxou sua cintura com o outro, colocando-a dentro de seu abraço com ternura, ainda sem perder o toque de frieza.

MAID-CAFÉOnde histórias criam vida. Descubra agora