ÁGUA

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O barulho da porta do quarto batendo correu o corredor e chegou aos ouvidos dos dois parados ainda ali, fazendo com que Sakura desse um pequeno puxão no corpo comprimindo-o e imediatamente virando os olhos para Madara sem reação alguma, apenas absorvendo tudo que havia acabado de ouvir do sobrinho. Como pode agir tão errado? Como pode não perceber que estava sendo um completo idiota por todos aqueles anos? Não importava quantas brigas havia tido com os garotos, Itachi era educado e respeitoso de mais para falar qualquer coisa daquelas, e Sasuke sempre irritava-se e saia a passos muito antes de pensar em dizer o que se passava em sua cabeça. 

Oh, como foi tolo, dedicou toda uma vida para juntar dinheiro para conseguir ganhar o afeto de seus sobrinhos, e tudo o que precisava fazer era justamente não gastar seu tempo juntando dinheiro... Irônico não? No fundo, conforme os anos foram passando ele foi percebendo seu grande erro, mas era como um grande bola de neve, ele simplesmente não sabia como concertar aquilo, e talvez, ou certamente, seu orgulho não o deixava admitir seu erro... Mas ouvir aquilo da boca de seu sobrinho com certeza partiu-lhe o coração em dois.

 Com esse pensamento fluindo como uma rajada de vento em sua mente, ele voltou os olhos negros a jovem ainda parada a beira da porta agarrada a caixa de bombons.

— Espero que goste. São da melhor confeitaria da cidade.

A voz do Uchiha era aquele tom triste e confidente que Sakura só havia visto ao lado daquela cama de hospital. Ele pôs-se a caminhar em direção a saída, pensando por um segundo em como havia sido rude com aquela garota que dedicou seus dias ao seu sobrinho, mas agora era tarde de mais, pelo menos era o que ele achava.

— Senhor Madara, por favor espere um instante.

A Haruno bateu a porta de entrada impedindo-o de sair do apartamento, e praticamente jogou os chocolates em cima do homem surpreso, correndo em direção ao corredor sem dar-lhe nenhuma explicação do motivo daquilo.

Sakura não bateu na porta, apenas colocou a mão na maçaneta e abriu-a, vendo o furioso Uchiha esfregando os cabelos, ela com certeza pensaria em como ele ficava lindo irritado daquela forma, mas estava focada de mais para isso. Fechou a porta atrás de si e aproximou-se de vagar, calculando em sua mente tudo o que falaria, e rezando para não atrapalhar-se no segundo seguinte que abrisse a boca.

— Sasuke acho que não deveria falar assim com seu tio.

— Por favor Sakura me poupe. — Ele virou-se, mas antes que pudesse fazer qualquer outra coisa ela continuou, com a voz firme e insistente.

— Não, falo serio. Você pode ter razão em tudo que disse, eu não convivi com vocês para saber. Mas isso tudo que você falou é passado. Algumas coisas mudaram enquanto você dormia.

— Por que está defendendo ele? O homem que te culpa por um acidente? Não se deixe enganar Sakura, ele faz essa cara de cão sem dono e depois manda a secretaria comprar flores e um cartão. — Madara realmente conseguia irritar Sasuke, apenas pronunciar o nome do tio alterava sua voz.

— Eu não estou defendendo-o, mas eu não posso garantir que se estivesse no lugar dele também não me culparia. — Os olhos negros dele se acalmaram com aquela confissão, e Sakura então continuou. — Você diz que seu tio nunca teve tempo para você ou seu irmão, que ele nunca lhe deu atenção ou carinho... mas está errado.

Sakura não sabia se tinha o direito de contar o que estava prestes a contar, mas de alguma forma ela sentia que precisava dizer aquilo, ela podia sentir o enorme carinho que havia entre aquela família e que estava cada vez mais rompido por causa do orgulho. E não podia simplesmente ficar parada ali olhando os três se afastarem. Aproximou-se mais dois passos do Uchiha, e com a voz solene e inundada de carinho ela começou.

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