- Bruxa! Bruxa!
Era a única coisa que a mulher escutava da multidão que a aguardava enquanto era esgueirada das minas de uma prisão ao Sul na corte dos pesadelos. As algemas nos pulsos junto as chibatadas que vez ou outra recebia dificultava a caminhada até a elevação de pedra pra que estava sendo levada, os gritos das pessoas de euforia aumentavam conforme levavam a mulher em direção a forca.
Já fazia cerca de 237 anos que as bruxas tinham sumido, sendo queimadas e seus clãs multilados por féericos. Suas bruxinhas jogadas ao mar e os pequenos corpos sendo pendurados no centro da cidade como um lembrete de que matariam quem fosse se sangue preto corresse por suas veias. Cinco mil bruxas do clã tinham sido mortas com veneno em pó jogado acima de suas cabeças enquanto dormiam sob o luar, enquanto soldados atacavam as que estavam dentro de montanhas cuidando de suas bestas prontas para irem ao ar.
Todavia porém entretanto, 60 anos depois desse massacre uma grande sequência nunca vista de mortes vinha acontecendo. Por toda Prythian, em todas as cortes. Frases nas paredes escritas com o sangue dos que eram mortos e as cabeças pregadas logo em cima com flechas pretas de escamas feitas com escárnio na calada da noite, eram vistas com terror no dia seguinte.
Sangue por sangue.
A bruxa estava parada entre dois machos féericos de aparência mediana esperando o seu ultimato e observando a multidão. Foi quando vira um homem de cabelos ruivos curtos e um sorriso malicioso se aproximar e cochichar algo para o guarda a sua direita.
O homem olhou em sua direção de cima a baixo com nojo antes de virar pra multidão pra dizer entre os gritos:
– Escutem – O silêncio não foi de imediato, mas aos poucos todos se concentravam no homem que agora, apontava para ela – Apesar de ouvirmos a necessidade do povo, temos que antes levar essa aberração á nós dar respostas.
Os gritos aumentaram. Podia se ouvir xingamentos direcionados a ela, acusações e pedidos de decapitação da platéia. Um sorriso leve, surgiu nós lábios da bruxa que permanecia com os cabelos sob o rosto.
– Foram dois séculos sem essas sugadoras de sangue, dois séculos sem nossos homens sumirem por serem abduzidos, dois séculos de calma – Olhares de ódio eram direcionados a bruxa – Se for preciso massacrar todas elas novamente, o faremos!
Os machos que a seguravam agarraram seu cabelo obrigando a fêmea a inclinar a cabeça para o chão fazendo-a seguir pelo mesmo caminho pelo qual entrou. Gargalhadas e gritos de pura satisfação podiam ser ouvidos enquanto caminhava até o corredor escuro e frio no qual tinha sido jogada. O som das espadas batendo contra o que parecia ser uma armadura mal feita irritava os ouvidos da assassina, as algemas no chão faziam tanto barulho quanto. Deixariam marcas, de novo.
Pensou em enforcar o guarda da direita com as algemas e rasgar o pescoço do outro com as suas unhas. Mas não agora, se deliciaria com o sangue deles depois.
O homem ruivo estava se sentando em uma cadeira enquanto adentravam a cela.
Não esboçou nenhuma reação, nem mesmo dele ou de seus homens que tentaram confundi-lá dando voltas pelos corredores. Ajudaram a memorizar cada pedaço.– Como chegou até aqui? – Perguntou –Diga como ainda está viva e não mando esquartejarem seu belíssimo rosto.
– Do que valerá meu belíssimo rosto se minha cabeça estará enfiada em uma estaca? – rebateu a bruxa, uma sombrancelha arqueada.
– Qual é o seu nome, animal? – Se levantou, o olhar fixo na mulher que parecia tão acostumada com a situação – Juro que farei o possível para que sua morte seja rápida se colaborar.
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Corte de Espadas e Sombras • Azriel •
Ficción General" - Eu não preciso recorrer a poemas, bruxinha. Um sorriso ladino apareceu no rosto da fêmea quando saiu em direção a porta, olhando por cima do ombro antes de responder: - Vai precisar recorrer a muito mais que poemas, sombrinha."