Poucos dias depois, Roberta recebeu alta do hospital e Bernardo se ofereceu para levá-la até a casa dos seus pais, ele era o único que ainda suportava ficar perto dela.
Roberta não participou da escolha do nome do filho, não foi uma surpresa para ninguém quando ela saiu do hospital sem sequer olhar para ele.
Depois que Liam e Letícia escolheram seu nome, Breno tornou-se o foco da vida diária de Liam, como se ele buscasse rendição por ter ficado longe dele durante a gestação. Liam aproveitava a hora do almoço para correr ao hospital e ver se o menino estava bem, se ainda lutava para ficar vivo ou não teria condições de trabalhar. Liam também trabalhava para preparar sua casa para a sua chegada, montou o berço e comprou mais roupas do que necessário, começou a estocar fraldas e lenços umedecidos. Fez as coisas por intuição, mandou mensagens para sua mãe e dona Helena quando precisava decidir alguma coisa.
Breno também passou a ser o foco da vida de Guilherme.
Nos primeiros dias Liam não sabia bem como iria equilibrar tudo, muito menos como Guilherme iria lidar com essa situação, mas agora, sentia vontade de chorar sempre que, no fim do dia, ele o encontrava na UTI neonatal e segurava sua mão para verem Breno sendo alimentado pelas enfermeiras ou zelando pelo seu sono.
Num certo cair gélido da tarde, os dois estavam observando Breno dormir usando uma touquinha com orelhas de cachorro que Guilherme comprou e conversando tranquilamente, relutantes em ir embora.
–Ah, é mesmo – Guilherme se apoiou em Liam com mais força, quase deitando em seus ombros – Vou entregar o prédio amanhã.
–Meus parabéns, bebê – Sorriu olhando para Breno se espreguiçando um pouco – Você já vai começar aquele outro projeto que você me contou?
–Não, a prefeitura não aprovou ainda, vamos ter que esperar – Guilherme bocejou e debruçou-se sobre Liam um pouco mais – Estou pensando em descansar um pouco e ajudar você com o Breno.
Guilherme contou suas ideias sobre as reformas que poderiam ser feitas, maneiras de tornar a casa mais espaçosa sem atrapalhar o day care, falando sobre construir um sobrado. Liam ouviu com calma, negando de tempos em tempos – Bebê, eu sou muito grato pelo seu esforço, mas eu não posso pagar uma reforma tão grande assim. O day care está estabilizando agora, não quero entrar em dívidas.
–E se eu te emprestar o dinheiro?
–Não – Liam o cortou com um gesto de suas mãos.
–Por que não? Eu tenho um bom dinheiro guardado e posso fazer a reforma com a ajuda do meu pai. Eu já falei com ele.
–Guilherme!
–O que foi? – Perguntou sem entender porque ele chamou seu nome com tanta raiva.
–E você ainda pergunta.
Liam ficou de pé, parou em frente ao vidro e fechou os olhos, focado em respirar e sem entender porque seu coração parecia bater mais dolorosamente, mais pesado. Logo depois, sentiu os braços gentis e fortes de Guilherme circular seu ombro, um beijo no topo da sua cabeça.
–Você não é obrigado a concordar com as minhas ideias, você sabe. Eu tenho umas ideias meio doidas, sei disso
–O problema não é esse – Guilherme deitou a cabeça no seu ombro, esperou que ele explicasse. Liam não sabia muito bem como colocar em palavras seu desconforto, mas sua teimosia logo foi vencida pelo olhar bondoso dele – Gostei das suas ideias, o problema é o dinheiro.
–Eu te empresto sem cobrar juros.
–Ainda não é isso, é só que... aceitar ajuda é muito difícil para mim. Estou acostumado a fazer tudo sozinho.
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A vida é foda
RomanceNo mesmo dia que perdeu seu emprego, Liam descobriu que sua esposa estava o traindo com seu melhor amigo. Ao lado do seu cachorro, e sem mais a obrigação de sorrir o tempo todo e esconder suas emoções, Liam decide se reinventar e deixar sua infância...