Capítulo 10

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UM NOVO E ESTRANHO AMIGO

Ouço um bater de asas vindo de algum lugar e se aproximar do homem que estava na minha frente. Aquele pássaro era grande e suas penas eram de um azul forte, parecia mais um corvo personalizado de algum jogo de videogame sei lá, mas o achei bonito. O homem não ligo muito para a presença do animal e só prestou atenção nele, quando ele pousou na sua frente.

— O que você está fazendo, fracote? — perguntou o animal.

— Estou lendo alguns poemas. — respondeu o homem. Sua voz era grossa, porém suave, comparada as outras, a dele era bonita. — Onde você estava? — perguntou ao animal.

Eu fico sentada ouvindo a conversa deles em silêncio.

— Fui dar uma olhada no castelo e... — os olhos do animal encontraram os meus. — Ah, vejam só, a bela adormecida acordou.

Noto um tom de deboche vindo dele, mas não dou muita importância. Eu gostei desse seu jeito debochado e arrogante que ele tem. O homem que estava lendo, se virou para mim e ergueu uma sobrancelha e se levantou.

Eu me levantei da mesa, assustada e tentei sair correndo dali, mas não tinha forças o suficiente para isso e cai no chão. O homem se aproximou rapidamente de mim e segura meu braço para me ajudar a levantar.

— Quem é você? — perguntei. Sem querer, fui um tanto quanto arrogante, mas a intenção não era essa.

— Primeiro, você deveria me agradecer ter salvado a sua vida e cuidar dos seus machucados. — ele disse. — E segundo, eu não tenho nome; só tenho dois dias... Brincadeira. — ele riu. — Você pode me chamar de V.

Fiquei olhando para ele por alguns segundos e depois olhei para o meu braço que ele estava segurando e voltei a encarar o homem novamente. Ele pareceu entender o meu olhar e soltou o meu braço.

— Como você conseguiu entrar aqui? — perguntei, desta vez, gentilmente.

— Eu consigo entrar e sair em qualquer lugar. — ele responde.

— O que, você é algum tipo de fantasma? — ri.

— Se você quiser chamar assim. — deu de ombros e depois sorriu.

O vejo se virar e voltar até a mesa e se sentar novamente e pegar o livro. Curioso esse garoto ficar tão calmo perto de alguém como eu e não ficar com medo deste lugar. Fico um tempo o analisando atentamente.

— Está me achando interessante para ficar me olhando assim? — ele perguntou sem tirar os olhos do livro.

— Eu estou tentando entender...

V tirou os olhos do livro e me encarou.

— Entender o quê?

— Quem é você? Eu nunca conheci ninguém como... Você.

Ele riu.

— Eu sou humano com laços demoníacos. — ele ergueu uma sobrancelha e manteve a expressão sorridente. — Porquê? O que eu sou aos seus olhos?

— Para mim, você é só um garoto cheio de tatuagens e que tem um animal falante.

— Mais respeito comigo criança, eu sou melhor que qualquer coisa aqui. — o falcão disse com seu tom debochado. — Até mesmo de vocês dois, seus fracotes falantes.

— Não liga para ele. — V pediu. — Ele sempre humilha todo mundo. É só não dar bola para o que ele fala.

— Tranquilo, eu gostei dele. — admiti. — Acho o jeito dele legal.

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