6 Capitulo

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(2 anos depois)

ANAID

Hoje meus bebés festejavam dois aninhos e a casa estava uma confusão. Havia mini meias por todos os cantos, toalhas de banho espalhadas pelas mesas e restos de papinha vertida na cozinha. Este era o resultado por deixar Isa responsável por dois pequenos terroristas.

Por vezes, preguntava-me quem era mais criança, Isa ou Vale e Chris?

No dia anterior tive que sair de casa a correr pois me ligaram dizendo que havia surgido um problema com a reforma de um local e, não tendo outra escolha, decidi chamar Isa para ficar com os pequenos mas neste momento me preguntava se tinha sido uma boa ideia. Com certeza não.

Christian era um menino lindo de cabelos escuros, olhos cor chocolate e um narizinho pequenino com umas covinhas adoráveis que davam vontade de as morder. Todos diziam que ele era parecido comigo e isso só aumentava mais meu orgulho de mãe babada. Não me podia queixar pois Chris era uma criança tranquila que só chora quando estava com fome, era curioso e ficava durante horas olhando os desenhos animados e por vezes tentava imita-los. Ele era o completo contrário da irmã.

Valentina era um pequeno terremoto que encantava todos, com seus compridos e ondulados cabelos loiros, uns grandes olhos verdes hipnotizantes e uns lábios vermelhos e carnudos que, no futuro, seriam a tentação de muitos malandros. Mas ao contrário do irmão, Vale era uma bomba explosiva de personalidade, tal como seu pai.

Todos os dias me lembro do dia em que nasceram e a grande surpresa que foi olhar para Valentina pela primeira vez. Despois de seu nascimento complicado teve que ficar durante uma semana inteira na incubadora até conseguir respirar por seus próprios pulmões. Para minha sorte, Paula era uma doutora influente na clínica e nunca me deixaria longe de minha bebé mas a grande surpresa foi quando pus os olhos por primeira vez nela.

Foi um choque ver em minha filha à fotocópia do homem que me tinha abandonado, com seus filhos em meu ventre. Tinham os mesmos cabelos loiros, os olhos grandes, as bochechas gorduchas e os grossos lábios. Desde esse momento soube que essa princesa seria minha perdição.

Isa - Conseguiste resolver o problema lá com a construtora? - Preguntou saindo do quarto dos gémeos com Christian no colo.

Ana - Sim esta tudo resolvido. Acredito que em um par de meses vamos conseguir abrir as portas.

Isa - Que bom. - Disse tentando preparar a papinha para Chri enquanto o tinha nos braços. Ele com certeza estava cheio de fome pois se esticava tentando tocar em tudo o que estava em cima da bancada, deixando Isa aflita.

Me aproximei e lhe tirei a criança dos braços antes que o deixasse cair.

Ana - Isa lamento dizer-te mas tu não foste feita para ser mãe. - Isse tentando abrir caminho no meio daquele monte de brinquedos e roupa espalhada pelo chão.

Isa - E achas que não sei disso?! Levo meses tentando dizer isso a Martin. - Falou quase desesperada e deu um grito quando alguém tocou a campainha.

Muito contra vontade, Isa foi abrir e logo voltou com Martin grudado nela mas a soltou assim que viu Christian.

Martin - Como esta meu jogador favorito? - Preguntou dando um pequeno beijo na cabeça de meu filho.

Martin tinha um amor louco por meus filhos, o que deixava Isa morrendo de ciúmes. Mas ele era, principalmente, apaixonado por Valentina. Cada vez que seus olhos se encontravam com os dela, a pequena gritava e fazia uma festa pedindo que ele pegasse nela e ele não conseguia resistir a seu charme.

Mesmo tentando não fazer diferença entre Chri e Vale, ficava difícil pois ela sempre precisaria de um pouco mais de cuidado. Levava dois anos lutando contra a doença e mesmo estando bem a maior parte das vezes, havia sempre alguns dias ruins. Aitana tinha-me dado muitas dicas para aprender a evitar que ela passe mal.

Levava todas as semanas minha pequena a clínica fazer o tratamento e nesse tempo fiquei conhecendo muitas crianças que sofriam do mesmo problema e infelizmente nem todas têm a sorte de poder pagar. Não quero nem imaginar a dor daquelas mães que vem seu filho morrer dia a dia sem poder fazer nada.

Foi por essa mesma razão que Aitana e eu decidimos abrir uma associação para ajudar essas famílias que não tem a nossa sorte.

ALEX

Depois que sai do hospital, tudo era muito confuso e a vontade de continuar a estudar tinha desaparecido. Tinham-me tirado a única coisa que ainda me restava e agora sentia-me vazio e sem um caminho a seguir.

Minha mãe foi embora uma semana depois de que sai do hospital, prometendo-me voltar e uns dias depois recebi uma ligação inesperada. Era Martin.

Martin - Fiquei sabendo. Como estas? -Preguntou tentando parecer indiferente mas eu sabia que não era assim.

Alex - Perdido. - Respondi sinceramente.

Martin - Que não possas mais jogar não significa que não tenhas mais um futuro. Foi para prevenir uma situação do género que decidimos fazer dois cursos.

Alex - Talvez tenhas razão. Acho que não tenho muitas opções.

Martin - Parece que vamos ter um advogado na família. - Seu jeito de fazer as pessoas sorrir sempre foi seu ponto forte. Ouvir que ainda fazia parte de sua família me fez sentir melhor.

Depois de um longo momento em silêncio decidi preguntar:

Alex - Como esta Ana?

Martin - Mano não me faças preguntas as quais não posso responder. - Fique um momento em silêncio e depois tentei aliviar um pouco o clima.

Alex - E como vai com Isa? - Martin gargalhou só ouvindo o nome da namorada.

Martin - Essa mulher está acabando com meu juízo.

O modo como a voz do meu primo mudava cada vez que ele fala na sua mulher dava para perceber o quando era apaixonado por ela.

Depois desse dia voltamos a falar mais algumas vezes mas sempre deixando de lado os assuntos proibidos e acabei seguindo seu conselho.

Este ano acabei a universidade nacional de direito com os melhores votos e graças a minha grande ambição por ser o melhor acabei conseguindo a oportunidade de trabalhar em um dos gabinetes mais importantes do país e não me posso queixar pois já tenho alguns casos só meus.

Em pouco tempo demostrei que gostava do que fazia e era bom nisso. De todos os casos que já me tinham passado pelas mãos, ainda não tinha perdido um.

Minha carreira estava crescendo cada vez mais, a cada segundo que passava estudando os casos, e a cada minuto que passava em uma sala de tribunal defendendo meus clientes. Sejam eles culpados ou não.

Minha vida se definia em casa - trabalho, trabalho - casa e mesmo quando estava em casa continuava trabalhando. Nada mais importava.

Amar para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora