VI

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Ascendendo as luzes do apartamento Spencer observou o garoto largado sobre o sofá encarando a fotografia de uma garota e um garoto ao lado de uma fonte e tremeu.

Largou o casaco bege em cima de uma poltrona e jogou as chaves do carro da patrulha policial sobre o criado mudo. Olhou para o garoto novamente e sentiu um arrepio.

Cinco dias haviam se passado desde o incidente que ele havia presenciado no parque aquático, estava sendo difícil para ele manter o garoto fora de problemas, desde a morte dos pais ele havia entrado em um estado turbulento de depressão e ansiedade, tudo por que não conseguia controlar a própria mente perturbada. Talvez os remédios não servissem mais, as sessões de conversa com o psiquiatra também parecia não ter mais resultados.

Mais nos últimos meses o garoto parecia está melhorando, estava mais calmo e gentil, seu estado de frustração e ansiedade haviam diminuído. Estava até conseguindo fazer amizades na universidade e em seu trabalho. Aquilo o deixava um pouco mais tranquilo.

Tinha se envolvido por acaso com o jovem órfão, por compartilharem o mesmo sofrimento. Por terem histórias semelhantes. Por isso, somente por isso ainda o protegia. As vezes até de si mesmo. Mais estava cada vez mais difícil o proteger de si mesmo nos últimos dois meses.

Desde o falecimento de seus pais quando ainda era criança, o garoto havia mudado, dizia ouvir uma voz em sua mente que o impulsionava a fazer as coisas. As vezes o ouvia sorrir e conversar sozinho em seu quarto. Sentia medo, mais se não o conhecesse e o amasse mesmo com os defeitos, já o teria abandonado. Aquele garoto era como um boneco quebrado, ninguém o queria, o último brinquedo da estante, e Spencer havia sido a criança que o levará para casa. Mais agora, o brinquedo apresentava defeitos irreparáveis.

No início tinha medo, mais depois de um tempo acabara se acostumando com ele. Até as coisas começarem a piorar e seu outro lado aparecer com mais frequência, dias atrás havia presenciado seu lado perverso e frio durante uma discussão. No entanto sabia bem que seu lado obscuro e emocional apenas se isolava quando surgia. Tinha seguido-o por anos e observado todos os seus modos.

Sempre que em sua outra personalidade ele ia a galerias de arte, clubes de música e a praia. Quando era o garoto frio e estudioso ficava em seu quarto, ia ao trabalho ou a igreja em dias de missa. Tommy era o tipo de garoto complicado mais ainda assim o amava. Esse era o defeito do brinquedo que amava muito.

De acordo com o psicólogo, o jovem, desde criança mostrava os sinais de uma possível dupla personalidade. E desde o incidente no parque aquático o garoto andava distante e assustado. Seu estresse era visível. Dizia ter alguém perseguindo-o da universidade para casa. E que alguém havia atacado-o na rua.

Estava em casa quando recebra sua ligação, estava desesperado, e quando chegara ao local o encontrara sozinho e com medo. Tremendo próximo a uma lata de lixo, os olhos arregalados e apavorados como se houvesse despertado de um pesadelo. Havia sangue em suas roupas, seus itens pessoas haviam sido levados e um corte profundo sangrava em sua barriga.

Depois de saber o que havia acontecido, e o que o garoto havia presenciado, por medo ele havia acionado sua unidade a qual pertecia e informado o ocorrido, levará o garoto ao hospital já desacordado e bastante machucado. O fizera acreditar que tudo não passava de um pesadelo.

Depois de investigar descobrira que o garoto havia presenciado uma cena de assassinato. Havia visto o corpo de Ana, sua colega de trabalho submerso em um aquário. O garoto assim como Charlie Hampton eram testemunhas e corriam perigo. No entanto, manter seu namorado longe de perigo estava cada vez mais difícil.

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