Água Vermelha

XVII

" Você é o meu melhor garoto. É tudo o que tenho de mais precioso Thomas. " As palavras de Spencer e o sonho onde o mesmo abraçava Thomas fizeram com que o garoto despertasse nos fundos de um furgão velho, amarrado a uma cadeira, as mãos para trás, uma venda sobre os olhos, sorriu. Tentou se lembrar de algo, mais somente os traços curtos de memória de sua outra personalidade lhe vieram a mente.

Primeiro ele e Spencer fugiam de assassinos, depois Charlie e ele estavam sendo sequestrados em um hospital. Essas poucas coisas o fizeram ficar assustado e preocupado, Jinmy, seu maldito outro lado, o tinha feito dormir, enquanto tentava assumir o controle das coisas. Frustrado, ele moveu as mãos até conseguir desatar as cordas em seus pulsos, mesmo sentindo dor e sabendo que as cordas feriam sua pele.

Spencer estava em perigo, sozinho e podia até mesmo morrer. Aquela dor que sentia em seus pulsos, a ardência não era nada comparada ao medo de perder a única pessoa a quem amava profundamente. Com as mãos livres ele tirou a venda em seus olhos e se ergueu com cuidado para não bater a cabeça no teto do carro.

Olhou pela janela e notou o corpo de Charlie Hampton largado sobre uma maca de hospital próximo a uma camionete. O garoto mais velho estava imóvel, uma mão pendia para fora da cama, dois homens armados andavam de um lado a outro a espera de um possível inimigo. Engolindo em seco ele pegou uma barra de ferro próximo ao banco da frente do veículo e abriu a porta do carro lentamente e com cuidado.

Abaixando ele caminhou pelas laterais do carro e se esconder atrás de uma pilastra, estavam em uma espécie de estacionamento abandonado, notou ele, não haviam câmeras no local, e todos os veículos ali tinham poeira e sujeira.

Pegando uma lata de refrigerante vazia, ele a jogou em direção ao furgão e prendeu a respiração quando um dos homens passou próximo a pilastra e parou perto do veículo e pegou a lata, então antes mesmo que pudesse reagir, Thomas o atingiu no pescoço com a barra de ferro. Pegou sua arma e atirou no outro homem que correu em direção ao parceiro caído no chão.

Diferente de sua outra personalidade, Thomas não era tão medroso quanto fingia ser quando perto de Spencer, não era tão ingênuo ou indefeso. Talvez os psicólogos o chamassem de o pior lado do ser humano. O lado libertino, selvagem e em busca de prazeres absurdos. Mais no fim, ele era apenas um garoto que queria seu amante de volta.

__ Ei Charlie. Acorda seu covarde. __ Disse ele friamente e sacudiu o garoto sobre a cama. __ Temos que sair daqui. Sabe onde Spencer e o detetive Chader estão?

Mais não ouviu resposta da parte de Charlie que continuava imóvel e em silêncio. Mais a julgar por sua respiração e as batidas aceleradas do coração, ele estava acordado notou Thomas e sorriu antes de desferir um tapa violento no rosto do homem mais velho que gemeu e se ergueu assustado. Encarou Thomas friamente e balançou a cabeça.

__ Ei Ashford, um dia eu vou devolver esse tapa. __ Disse Charlie irritado enquanto colocava a mão no rosto.

__ Se estava acordado esse tempo por que não fez algo?__ Perguntou Thomas enquanto arrastava o corpo de um dos homens para dentro do furgão. __ Vamos, levante e me ajude com esses desgraçados. Eu tenho um plano. E você vai me ajudar.

Cauteloso, Charlie se ergueu e desceu da maca, olhou a sua volta e engoliu em seco ao observar Jimmy arrastando os corpos. Ele estava acordado a um bom tempo, mais por medo daqueles homens armados e andando de um lado a outro não se moveu. Apenas continuou espionado-os com os olhos semiserrados.