Sentado em uma cama de hospital Charlie suspirou profundamente quando Sam se aproximou ao lado de uma enfermeira. Observou o gesso em seu braço com uma assinatura de Sam e sorriu quando o garoto beijou o rosto da enfermeira e a observou sair.Segurava uma sacola com roupas em uma das mãos e uma outra sacola com comida dentro. A julgar pela expressão em seu rosto, o garoto mais novo estava cansado e visivelmente preocupado. Talvez não tivesse dormido bem depois de todo o acontecido dos últimos dias.
_ Quem é ela? _ Perguntou ele e sorriu.
_ Minha garota. _ Disse Sam e sorriu amavelmente.
_ Pensei que você jogasse no outro time. _ Comentou ele e se afastou quando o mais novo ameaçou apertar seu braço machucado. _ Não que eu tenha algo contra.
Declarou de forma escancarada e sem nenhuma vergonha e o outro sorriu. Embora tivessem gostos diferentes para relacionamentos, Sam nunca o criticara por sua opção sexual. Na verdade, o apoiará desde o inicio, estivera ao seu lado até mesmo quando seus pais discordaram e tentaram lhe arranjar noivados.
_ Engraçadinho. _ Disse ele e sorriu. _ Parece bem recuperado. Está até fazendo brincadeiras, fico feliz que esteja bem.
_ É o que parece. E você como está?
_ Estou bem. Levei uma pancada na cabeça e apaguei, por sorte não foi nada sério. _ Disse Sam. _ Apenas alguns pontos. Além disso tenho minha garota para cuidar de mim.
Da última vez que vira Sam fora minutos antes de mergulhar e apagar depois de se deparar com o corpo de uma mulher morta em um dos tanques. Ao emergir tinha visto o corpo de Sam caído no chão. Estava apavorado e assustado demais para amparar seu amigo.
A visão da mulher sangrado pela garganta, os cabelos esvoaçando na água como algas amarelas, e seus olhos verdes abertos e vidrados ainda estavam frescas em sua mente. Seria difícil esquecer as imagens. Seus planos de ir embora daquela cidade haviam fracassado.
Tinha apagado depois de emergir, segundo Sam ele tinha apagado e quase morrera afogado, por sorte tinhas sido salvo.
Ficara inconsciente por dois dias. O parque estava fechado devido as investigações, a polícia havia interrogado Sam e os demais funcionários sobre aquele dia fatídico e movimentado. Até o momento o assassino ainda estava solto. Ele era o único que ainda faltava. Como tinha acordado naquela manhã, recebera uma intimação para comparecer na manhã seguinte a delegacia.
Embora houvesse acordado, e não sentisse nenhuma dor, não conseguia esquecer as coisas que havia visto. Os olhos da mulher morta não lhe saíam da cabeça.
O sangue se misturando a água e cercando-o, levaria um bom tempo para esquecer tudo. Suspirou cansado e sorriu quando seu amigo se aproximou.
_ Passei hoje cedo você estava dormindo. Julia disse que você já recebeu alta. _ Disse ele ao colocar as sacolas sobre uma poltrona ao lado da cama. _ Eu trouxe roupas limpas e comida. Espero que sirvam.
_ Não se preocupe, e as coisas no parque como estão? _ Perguntou ele e abriu um pote de iogurte. _ Descobriram quem matou e jogou aquela mulher no tanque?
_ Não. E você precisa saber de algo. _ Disse Sam e engoliu em seco. _ Você pode não ter reconhecido devido a surpresa e ao medo, mas quem foi assassinada e jogada naquele tanque, era Ana Potter.
Engolindo em seco ele sentiu seu coração acelerar e tremeu. Ana, já tinha visto-a antes, quando ela trabalhava na parte externa do parque.
Ela era um dos funcionários mais antigos do aquário, e sobrinha do vice diretor do parque. Até onde sabia os pais haviam falecido quando ela era pequena, seu único parente mais próximo era seu meio irmão mais velho, um detetive que a visitava vez ou outra nos dias de folga.
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Água Vermelha
Gizem / GerilimA vida de um jovem mergulhador e cuidador de um aquário é virada de cabeça para baixo quando em uma noite ele encontra o corpo de uma mulher em um dos tanques do aquário . Atormentado por eventos inacreditáveis para a polícia e por visões com a mulh...