VII

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__ Eu tenho certeza do que digo, Chader, acredito profundamente na minha teoria de que são dois assassinos. E eu os vejo em minhas visões. __ Disse Charlie. __ E um deles tem ódio de mulheres. Eu já disse ele não gostou quando Ana sorriu. Eles são maníacos. Eles matam pessoas.

__ Charlie... Você tomou seu remédio? __ Indagou Mark e Charlie parou no meio do banheiro ao amarra o roupão branco. O encarou surpreso.

__ Você acha que estou louco?__ Perguntou Charlie. Estava perplexo. As mãos delicadas apertando a corda do roupão.

__ Não... Desculpe Hampton, não foi isso que eu quis dizer. __ Disse Mark enquanto abraçava Charlie.

__ Você é um babaca. __ Disse o mergulhador ao empurrar o detetive para longe de si e caminhar até a porta e sair.

Visões. Agora Charlie chamava seus sonhos e pesadelos perturbadores com Ana Potter de visões. Estava começando a duvidar secretamente da sanidade de seu amante. Nunca alguém havia dito aquilo antes. Ver pessoas mortas. Sonhar com pessoas mortas. Aquilo era  loucura, e deixaria qualquer um louco e duvidando da própria realidade.

Mais uma semana depois de levar o garoto em uma sessão de hipnose e ele descrever o que havia visto, um novo assassinato na cidade, e os ataques que haviam sofrido, algo estava começando a fazer sentido, e Charlie a parecer menos louco. Embora relutante em acreditar no garoto ele não o desacreditara.

Mais também não iria entrar profundamente naquilo, talvez bem lá no fundo, fosse apenas o trauma do garoto mexendo com sua mente.

__ Isso é loucura Mark. __ Disse mentalmente a si mesmo e bufou, fechou os olhos e respirando profundamente várias vezes para acalmar a si mesmo. __ Charlie...

Mark sentiu um arrepio trespassar todo seu corpo ao sussurrar o nome de Charlie, ouviu-o se mover dentro do quarto, mordeu a parte interna da boca. Inspirou profundamente antes de balançar a cabeça. As lembranças de dois dias atrás permeando em sua mente.

O garoto mesmo bêbado havia sido sincero em deixar bem claro sua posição e seus sentimentos. Mais em meio em toda aquela carência de amor e paixão reprimida, Charlie não estava enfrentando apenas o medo de se decepcionar novamente, também estava enfrentando as consequências de ser a testemunha de um caso de assassinato. Tinha acordado depois de um pesadelo, no sonho dizera está sendo perseguido por um homem e que este queria matá-lo.

Ele também havia relatado que o mesmo homem havia matado uma mulher grávida afogada e retirado o feto de sua barriga, mãe e filho foram encontrados em uma lata de lixo próximo de onde a mulher trabalhava, ele também havia dito que o homem havia perseguido e matado uma garçonete em um beco escuro. Se não fosse o fato daqueles crimes terem ocorridos, ele teria deixado o garoto longe do caso. Mesmo sabendo que aquilo era apenas uma coincidência, Charlie ainda insistia em falar sobre seus sonhos.

Mais era tarde demais. Charlie havia se tornado importante. E agora até mesmo corria perigo.

Sabia que o garoto não dizia aquilo por querer. Apenas dizia por está traumatizado, queria acreditar nele, mais não conseguia. Aquilo estava afetando-o profundamente. Fechou os olhos, tentou imaginar a si mesmo no lugar do garoto, relaxou sua mente e corpo.

__ Você quase me deixa louco no passado, e agora esta fazendo a mesma coisa.__ Pensou Mark enquanto apertava os lados da cabeça. __ De repente você me pede pra acreditar em coisas com as quais eu nunca tive que lidar... Não sei o que dizer.

__ Você vai tomar banho? __ Ouviu Charlie dizer atrás da porta.

__ Vou. __ Respondeu ele.

__ Vou dormir então. __ Disse o garoto e se afastou em passos apressados da porta.

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