Capítulo VIII

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— Eu achando que cê era meu amigo.- Uma risadinha escapou dos lábios da morena que descia as escadas lentamente, tendo todos os olhares sob si.— Eu lembro bem de quando você me disse, que o Fernando merecia morrer, cê queria que eu assumisse uma culpa que não era minha.

— Maraisa, pelo amor de deus, se você for a culpada ninguém vai entregar você.- O mais velho parecia querer lhe obrigar a assumir uma culpa que não era sua.

— Mas não fui eu! - Maraisa tinha sua consciência limpa, jamais faria algo daquele nível. Apesar de odia-lo com todas as suas forças, ainda sim, não seria capaz.— Eu jamais conseguiria pregar meus olhos com o peso de matar alguém nas costas.

— Cê é idiota, vei? Se fosse ela, como mataria o Murilo se tava aqui comigo o tempo todo? - Marília realmente queria entender o que tava acontecendo. O mais alto ali, parecia querer que a morena assumisse a culpa pelo assassinato.— Tá estampado que é alguém se aproveitando para matar os outros com a culpa em cima dela.

— Eu vou voltar para a cidade, dar uma olhada por lá, entender o que tá acontecendo e qualquer coisa eu volto por aqui.- Juliano concluiu recebendo um assentir da loira, Maraisa tinha uma expressão triste e o mais novo entendia.

Não poderia deixar de admitir que seu irmão estava sendo um enorme babaca, estava agindo de forma incoerente. Abraçou a amiga o mais forte que pôde e deixou um beijo pelos cabelos da mais velha.— Fica bem, tá bom? eu vou ver o que consigo por lá, não faz bobeira, eu vou descobrir mais sobre a Maiara e ver como estão as coisas, o Henrique é um idiota, não liga pra isso.

— Obrigado, de verdade.- Agradeceu com o tom abafado pelo casaco do amigo que sorriu, logo soltando-a.

— Eu fiz algo de verdade pra vocês comerem, não é salgadinho, nem biscoito.- Brincou Juliano se afastando um pouco e Maraisa acabou por sorrir, logo colocando uma expressão decepcionada ao ver Henrique passar por ela.

E após a porta ser fechada, Maraisa sentou-se no sofá passando as mãos pelo rosto, deixando um suspiro cansado escapar. Tudo aquilo era tão cansativo, já não bastava perder a pessoa mais importante da sua vida, ainda tinha um de seus melhores amigos desconfiando de suas palavras.

— Ei, relaxa.- O tom suave da loira fez com que Maraisa deixasse um pequeno sorriso escapar.— A gente sabe que não foi você. Não sei porquê o Henrique tá agindo que nem um babaca, mas fica tranquila, tá bom? Eu vou conversar com ele.

Achava engraçado que havia, literalmente, acabado de conhecer a loira, mas era como se conhecessem a anos. Maraisa lhe puxou para um abraço apertado e se permitiu aproveita-lo.

Até diria que ela tinha o melhor abraço do mundo, mas os de Maiara sempre continuariam a ser seus favoritos. Se sentia protegida de qualquer coisa quando estava entre eles, mas de alguma forma, o abraço de Marília lhe fazia sentir segura.

— Obrigada, por tudo, de verdade.- Agradeceu com um sorriso no rosto, ao se separarem. Antes que pudesse continuar, o som da campainha se fez presente.

Era estranho como aquilo havia se tornado constante, desde a ligação de Murilo para a polícia. Era como se desconfiassem de que a mulher se escondia ali, como se estivessem tentando pegá-la de surpresa.

Realmente não se surpreenderia se fosse a polícia ali.

— Se esconde.- Pediu recebendo um assentir da mais velha que em poucos segundos havia desaparecido dali. Novamente batidas na porta se fizeram presentes e Marília seguiu até a mesma.

Ao abrir deu de cara com os mesmos polícias, arqueou uma sobrancelha ao estranhar aquilo. Tinha alguma coisa muito errada.— Vocês de novo?

Se entreolharam discretamente, logo vendo um dar um passo a frente. Ele tentou olhar dentro da casa, mas Marília acabou por fechar um pouco mais a porta.— Viemos avisar, que encontramos o corpo de Maiara Carla.

Innocent {Malila}Onde histórias criam vida. Descubra agora