"Encontre-me no fundo do oceano
Onde o tempo está congelado"
Há quem tire inúmeras vantagens da popularidade. Os amigos em peso, as festas todo final de semana... E convenhamos, passar pelo ensino médio sendo uma pessoa popular pode deixar toda essa carga mais leve.
Infelizmente, não para certa aluna do último ano.
Observando de fora vemos Carmella Willis, filha prodígio de uma das famílias mais influentes de Hawkins, rodeada da galera mais popular e líder de torcida muito boa com as acrobacias mais arriscadas. O sonho de vida da maioria das garotas que a acompanhavam.
Porém, observando de perto...
Carmella Willis, sem a opção de mudar os pauzinhos do próprio futuro já traçado pelos pais, solitária de verdadeiros amigos e pressionada a ser líder de torcida igual a mãe em sua época.
E que agora estava em uma grande enrascada.
Não queria que tivesse chegado a esse ponto, mas agora se via com um grande problema nas mãos.
Não era comum encontrar muitos traficantes em Hawkins, mas Carmella teve a infeliz coincidência de arrumar confusão com um.
Sua casa ficava perto de um pequeno bosque que, ultimamente, alguns adolescentes começaram a usar para fazer algumas reuniões. Seus pais sempre demonstraram desagrado com isso, mas como essas reuniões nunca passavam muito disso, não tinham um motivo plausível para denunciar. Mesmo assim, a regra dita pelo pai foi a seguinte:
— Se estiver sozinha em casa e perceber que há algum risco, ligue imediatamente para a polícia.
Infelizmente, o risco apareceu quando Carmella estava desprovida de qualquer socorro de sua família que havia viajado para passar uns dias com o irmão mais velho da garota que fazia faculdade fora do estado.
Nunca havia chegado perto de armas, mas saberia distinguir o barulho de um tiro já que amava filmes do gênero.
Chamou a polícia e logo viu pela janela alguns jovens sendo levados.
E descobriu de um jeito não muito bom que havia mexido com pessoas erradas.
Ao sair de seu carro na manhã seguinte no estacionamento da escola, sentiu alguém puxar seu braço e sussurrar em seu ouvido:
— Não grita ou vai ser pior.
Nunca havia visto aquele rapaz antes e com a força que puxava seu braço, percebeu que não seria boa ideia gritar mesmo.
Assim que foi prensada na parede em um canto isolado, encarou seu agressor.
— Carmella Willis, estou certo? — Apesar de ter sido uma pergunta, o tom de voz revelava que ele não tinha dúvidas sobre isso. — Precisamos ter uma conversa séria.
Tentando manter a calma, Carmella questionou:
— Desculpe, nós nos conhecemos?
O rapaz sorriu e suspirou longamente, porém o olhar semicerrado mostrava certa raiva contida.
— Se nos conhecemos? — Ele colocou a mão na parede ao lado do rosto de Carmella. Ela percebeu uma tatuagem grande em seu braço. — Diretamente não, mas eu costumo colocar na minha listinha o nome das pessoas que prejudicam meus negócios.
— Q-que negócios? — Sua voz vacilou um pouco.
— Por favor, não finja que não sabe. Ou não foi você que chamou a polícia ontem à noite?
Naquele momento, a ficha caiu. A reunião mais barulhenta do que o normal de ontem à noite, o barulho de tiro... Não era uma reunião habitual de jovens procurando encher a cara.
Diante o silêncio de Carmella, o rapaz continuou:
— Pois é meu bem, você acabou atrapalhando uma negociação minha e eu perdi a chance de adquirir o que eu precisava. Sabe o que isso significa? — Carmella continuou em silêncio. — Significa que VOCÊ está me devendo uma reposição.
— R-reposição? — Carmella engoliu a seco. — Se você quiser, e-eu posso pagar. Me diz quanto que eu posso...
— Tsc, tsc, tsc... — Ele a interrompeu. — Eu não quero seu dinheiro. Eu preciso da mercadoria. Você vai dar um jeito de conseguir isso para mim. — O rapaz tirou a mochila dos ombros de Carmella e abriu puxando uma folha lá de dentro. Depois abriu o estojo de canetas e pegou uma. — Você tem até amanhã à noite para conseguir esse tanto de LSD e levar nesse endereço. — Ele escorou o papel na parede e rabiscou rapidamente. — Se você não estiver lá ou tentar avisar alguma autoridade, eu sei muito bem como te machucar. — Ele deu uma piscadela e se afastou.
Carmella soltou o ar que nem sabia estar segurando. Naquele momento, queria ter sido mais corajosa e não ligado para a polícia. Onde conseguiria o que ele pediu?
Sua mente traiçoeira buscou um nome, mesmo que não quisesse ter cogitado essa pessoa. Não falava com ele há anos e falaria agora justamente para perguntar se ele trabalhava com aquela droga?
Não adiantava, essa era sua única opção. Teria que abordar Eddie Munson.
⪼☆⪻
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Infinity | Eddie Munson
RomancePor mais que tente esquecer, certas coisas nunca ficarão apenas no passado. Carmella Willis e Eddie Munson tiveram um breve e ardente relacionamento que foi interrompido por preconceitos externos fúteis sobre a visão da sociedade. Sendo Carmella fil...